33 - cerveja

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Entro para o carro e seguimos o percurso marcado no GPS, percurso esse que terei de fazer todos os dias para ver a rotina do trânsito, controlar entradas e saídas do parking onde vamos trocar de carro no dia do assalto entro outros pormenores. A cada dia que se passava eu sentia-me mais nervosa e sozinha, amanhã será o dia do assalto e então decido fazer um pouco jogging com os auriculares nos ouvidos, saio de casa tentando alinhar as ideias, passo perto da esquadra e vejo Kane a falar com Vicky, não consigo parar de olhar para os dois e eles também me vêm, é tudo tão rápido e Vicky pula no pescoço dele para um beijo digno de filme, aquilo mexe comigo e me faz sentir enjoada, as minhas lágrimas caem e sinto alguém atrás de mim...

— Oh bonequinha, não chores!

— Sai da minha frente Lois. - Ele está divertido a olhar para Vicky.

— Se quiseres eu posso consolar-te! - Ele tenta agarra-me à força.

— Nojento! - Bato na sua cara com força o que satisfaz muito - Nunca mais fales comigo assim.

Corro para casa e vou direto ao duche, as imagem de Kane com aquela vadia não saiam da minha cabeça, foi tão fácil para ele! A campainha toca e eu ignoro mas seja quem for insiste e eu decido sair do banho enrolada numa toalha no corpo e outra no cabelo...

— Calma, já vou! - abro a porta pronta a refilar. - Kane?

— Posso entrar? - nem sei porquê ele perguntou se entrou sem me dar tempo de responder.

— Eu estava no banho Kane por isso diz rápido qual o motivo da visita!

— O que aconteceu ainda a pouco, quer dizer o que aquele homem queria?

— Podes dar meia volta e sair por aquela porta agora mesmo, eu não te vou explicar nada.

— Eu só quero saber se estás bem. - que pergunta idiota.

— Kane faz-me um favor, não te aproximes de mim! - Tento segurar as lágrimas mas está difícil - Volta para os braços daquela morena e finge que eu não existo por favor!

— Tu fizeste o mesmo com George, beijaste-o!

— Errado detetive Kane, foi ele que me beijou e tu novamente não me deste oportunidade de explicar!

— Então explica-te!  - Ótimo e agora o que eu faço? Deixar de ser burra claro.

— É tarde Kane, tu arranjaste alguém de um dia para o outro e isso mostra o quanto estava errada, não me amavas e agora consigo ver com clareza. - Limpo as lágrimas que não consigo mais segurar - Eu vou embora no sábado, regressar a vida que nunca deveria ter largado e tudo voltará ao normal.

Kane estava pálido e os olhos inundados de dor, raiva mas eu também sofro por perde-lo, ele sai batendo a porta e eu fico por aqui sem saber o que fazer, pego no telemóvel e ligo para a minha única amiga...

— Alice?

— Que voz triste é essa Angel? O que aconteceu?

— Kane, ele já arranjou outra namorada. - Espero que ela o massacre muito.

— Que conversa é essa? Vocês amam-se e estão juntos... - Ela não sabe?

— Alice nós acabámos há alguns dias, Brandon não te contou?

— Não mas ele vai ter de se explicar muito bem, agora diz-me como estás? O que aconteceu?

— Eu vou voltar para casa no sábado à noite, espera por mim aí!

— Angel não acho que estejas em condições de fazer uma viagem tão grande, eu vou voltar no sábado para estar contigo.

— Não é preciso Alice, eu vou ficar bem, sempre fico!

— Claro que é não sejas teimosa, agora vou desligar que o teu irmão chegou e eu vou tirar essa história a limpo.

— Beijos. - Oiço o meu irmão mandar beijos.

— Beijos cunhada.

Porque Brandon escondeu dela que eu e Kane acabámos? Algo está errado nesta história e eu vou descobrir o que é! Estar sozinha e depressiva é uma merda, ligo a Bernard e convido-o para jantar aqui comigo. Subo para me vestir e secar o cabelo, no espelho vejo o reflexo de uma mulher com olheiras, olhos e nariz vermelho do choro e percebo que até perdi algum peso, desço e vou para a cozinha preparar um frango no forno com batatas e salada, um menu simples que servirá bem para ter uma companhia modesta. Abro a porta para receber Bernard que trás algo na mão...

— Entra, o jantar está quase pronto!

— Vim acompanhado! - ele mostra a cerveja. - Que cara é essa?

— A minha Bernard.

— Diz lá, foi Kane?

— O filho da mãe estava com a Vicky aos beijos no meio da rua.

— Concentra-te no dia de amanhã Angel.

— Eu só penso nisso Bernard, só queria que ele soubesse que tudo o que faço é por ele.

— E o que pensas fazer depois?

— Depois pego nas minhas coisas e vou embora, esqueço tudo.

— Angel entraste nisto para safar o homem que amas de perder a sua carreira e agora dizes que vais embora?

— Foi tudo ilusão, amor, estupidez sei lá mas estou farta de sofrer, Kane e eu somos incompatíveis, talvez eu seja exigente, queira bem mas do que ele está disposto a dar.

— Bom mudando de assunto, conta-me como vai ser o dia de amanhã?

— Vejamos, estarei a 300 metros da porta do casarão às 10:40 em ponto e espero que carreguem o carro com as malas de dinheiro, tu vens comigo, seguimos para o parking onde trocamos de carro e cada um vai para o destino apresentado no GPS onde a equipa se encontrará para dar fim a esta loucura.

— Falar é fácil mas terás carros da polícia atrás de ti e foi por isso que George te escolheu, és uma excelente pilota.

— Vou dar o meu melhor. - Quero acabar logo com isto.

— Como assim? Eu só oiço elogios teus!

— Quem te contou coisas a meu respeito?

— Não interessa mas agora quero uma resposta sincera, corremos risco com o teu problema de perna. - Como ele descobriu?

— Como sabes da minha perna?

— A resposta Angel!

— Eu vou controlar a minha perna prometo, se não o fizer posso morrer mas depois quero saber como sabes tanto sobre mim.

— Prometo que vamos beber um copo os três, eu, tu e a minha fonte de informação. - Ele pega no telemóvel, escreve algo e volta a dar atenção ao prato.

— Vou cobrar isso, agora vamos para a mesa.

O jantar foi agradável se por um lado ele era misterioso e escondia muitas respostas por outro lado era um jovem simples que eu gostaria de ver com um futuro bem melhor.

Anjo de dia (Livro2)Onde histórias criam vida. Descubra agora