Anjo de dia (Livro2)

36 - Refazer a minha vida

— Comecem do principio! - peço enquanto Alice coloca uma cadeira para me sentar e também ela se senta ao meu lado.

— Nós precisávamos de apanhar o George em flagrante e por isso sempre estivemos atentos, a oportunidade chegou quando ele se aproximou de ti - Kane respira fundo antes de continuar - Se te contássemos a verdade tu não irias conseguir engana-lo e por isso Bernard e Vicky fizeram o papel de polícias corruptos para entrarem no esquema e protegerem-te.

— Tu sabias que quando ele me beijou era apenas uma armadilha? - juro que vou mata-lo de ele disser que sim.

— Alguma vez tu irias trair-me com alguém como ele? Era evidente que fazia parte de um plano! Alertei o teu irmão porque queria que ele estivesse o corrente de tudo mas ninguém previa que George fosse mais inteligente e engana-se todos nós.

— Então a informação da Pen usb?

— Era falsa Angel.

— E eu a pensar que te estava a proteger...

Atiro o copo de água para longe fazendo todos olharem para mim...

— Eu odeio-vos! - Levanto-me e logo a dor faz com que gema, apenas aceito ajuda da Alice.

Subo ao quarto e deito-me na cama, Alice senta-se do meu lado...

-— Angel eu não concordo com nada do que eles fizeram mas acho que devias falar com ele outro dia com mais calma.

— Eu só quero ir para a minha casa e esquecer isto.

— Vais mesmo abandonar-me aqui nesta vila onde nada se passa?

— Alice eu tenho de arranjar um emprego, continuar a vida que tinha antes de chegar aqui.

— Eu entendo! - Ela está triste mas não há nada que possa fazer. - Bem vou deixar-te descansar.

Passado algum tempo adormeci e só acordei quando o sol já se estava a pôr, levanto-me e vou à casa de banho, quando regresso ao quarto alguém bate na porta...

— Entre! - Eu espero que seja Alice.

— Vem comer qualquer coisa para poderes tomar a medicação!

— Vou já!

— És minha irmã, achas que te colocaria em risco se não soubesse que te estavam a proteger.

— És meu irmão Brandon, todos estes dias eu precisei de ti e tu onde estavas? - Eu começo a chorar e ele abraça-me.

— Oh meu amor, odeio ver-te assim, perdoa-me Angel eu fiz a pensar que assim te livrarias de George para sempre!

— Eu não quero falar mais disso só quero melhorar para ir embora!

— E Kane? - Brandon olha para mim.

— Eu não o consigo perdoar.

— Angel ele também sofreu, no dia que George te beijou ele até quis acabar com a operação mas o seu superior não autorizou, ele passava os dias estacionado aqui à porta de casa para te vigiar, ele chorou e bebeu até cair, ficou do teu lado a cada segundo depois do acidente e o pior é que ele sabia do risco que corria, que podia perder-te, não falo de morreres porque isso ele nunca pôs em causa mas falo de perder o teu amor.

— Eu preciso de paz e de algo para as dores rápido.

— Vamos lá então que a Alice espera por nós na cozinha.

Entrei na cozinha e o que nos espera é uma mesa farta, Alice diz que eu estou magra e pálida e que preciso recuperar, os medicamentos ajudam imenso a suportar tudo. Vamos para o sofá ver um filme mas acabo por adormecer quase de imediato, imagens de tudo vão surgindo, Kane vem atrás de mim com o carro mas eu não consigo travar o carro e o grande camião buzina, a minha cabeça dói e sinto vidros rasgar em o meu braço...

— Angel é só um pesadelo!

Olho em redor e vejo que ainda estou na sala e o meu irmão ajuda a sentar-me e Alice vem com água da cozinha...

— Foi horrível Brandon, os vidros cortavam a minha pele e Kane gritava e o camião...

— Ei chega, já passou, agora estás bem!

Levanto do sofá e vou para o quarto e caio no sono de novo, parece que ultimamente só sei dormir. Quando me levanto a casa já está vazia, foram trabalhar com certeza e eu olho pela janela, vejo o meu carro na porta, antigamente quando o via parecia que algo dentro de mim me atraía aquele pedaço de metal agora sinto medo de lhe tocar. Pego nas chaves e caminho até ao Mustang preto, abro a porta e sento-me no volante, as minhas mãos tremem quando giro as chaves o ronco do motor faz o meu coração bater descompensado. Sinto medo, a minha perna treme e eu pego no telemóvel que está no bolso, ligo ao meu irmão...

— Brandon eu não consigo! - Eu não conseguia falar devido ao pânico.

— O que foi Angel? Aconteceu alguma coisa?

— Eu tenho medo, eu não consigo, vim até ao Mustang mas não consigo... - Eu soluçava tanto que estava difícil de falar.

— Ei calma eu não estou a entender nada, fica quieta que vou mandar alguém aí a casa!

Eu não consigo parar de tremer e nem me atrevo a mexer, tenho medo que um camião apareça, levo as mãos à cara e rezo para que o meu irmão chegue, a porta abre e eu tapo os ouvidos, o som da fechadura faz-me descontrolar. Dois braços pegam em mim mas eu não quero abrir olhos expeto quando estiver sentir o medo desaparecer...

— O que aconteceu princesa?

— Quero ir para casa rápido, quero a minha vida de volta, quero que o medo vá embora...

— Abre os olhos, estás a deixar-me preocupado.

— Não eu não consigo, eu tentei ir ao meu carro mas eu tenho medo, quero ir para dentro de casa por favor.

— Tudo bem já chegámos! - Oiço a porta fechar e finalmente consigo começar a controlar a respiração.

— Kane! - Eu não tinha percebido que era ele, estava demasiado assustada. - Que fazes aqui?

— Brandon ligou-me, ele estava com um cliente e pediu para vir aqui.

Eu não respondo, continuo apenas sentada no seu colo deitando a cabeça no seu peito e ele ficou assim comigo no sofá até eu cair no sono. Acordo com fome, a minha barriga reclama, o cheiro a comida invade a sala, Kane já não está comigo mas sim na cozinha e vou até lá sem fazer barulho...

— Podes fazer menos barulho? - q

— Desculpa tentei fazer tudo sem te acordar.

— Eu sei mas a minha cabeça reclama todo o dia desde o acidente.

— Devias falar com o médico!

— Já falei Kane e ele diz que nos primeiros dias é normal.

— Queres falar sobre o que aconteceu?- Ele pousa um copo de sumo na minha frente.

— Não só quero ir para casa, vender o Mustang e refazer a minha vida!

— O QUÊ?