Anjo de dia (Livro2)

37 - Festa no Joe

— Podes parar de gritar Kane!

— Tu amas aquele carro e quanto ao voltar para casa, eu gostaria que pensasses melhor!

— Já pensei! - bebo o sumo de laranja.

— E se eu tiver algo te faça mudar de ideias! - Ele tira uma carta do bolso.

— Duvido!

— Então lê isto.

Abro a carta e mal consigo acreditar, para além de tirar uma excelente nota de fim de curso, há uma cadeia de hotéis interessada no meu projeto.

— Oh meu deus! - Ele sorri para mim.

— Eu avisei que irias mudar de ideias.

— É cedo para responder a isso, primeiro vou marcar a tal reunião como estão a solicitar aqui na carta e depois penso nisso.

— Podemos falar sobre nós? - Ele aproxima-se devagar.

— Não há nada a falar Kane!

— Não me vais perdoar nunca não é? - Neste momento nem a tristeza que vejo no seu olhar me faz mudar de ideias.

— Provavelmente não.

Depois de comer fomos ver TV, ele insistiu em ficar comigo até que Alice chegasse a casa, ainda perguntei se ele não tinha de trabalhar mas não recebi resposta. Liguei para o contacto que vinha na carta e na próxima semana terei uma reunião aqui mesmo visto que a equipa do grupo de hotéis quer ver com os próprios olhos o espaço e conhecer o local. Passei a semana trancada em casa o que ajudou a recuperar peso bem rápido, o dia da entrevista chega e eu quero passar uma imagem de mulher forte e decidida, Brandon vai comigo até ao casarão porque eu não quero voltar a conduzir, um grupo de engravatados espera por mim nos seus luxuosos carros e entramos até ao cómodo com melhores condições, onde montei uma grande mesa com cadeiras confortáveis. Foram três horas de planos, brain storm, cálculos de ganhos e custos e no final ficou apenas a promessa de me voltarem a contactar com uma resposta quanto a aceitação ou não de tornar o hotel uma realidade.

O que eu faço durante a semana seguinte? NADA! Fico em casa, visito o meu avô e por vezes ajudo Alice na confeitaria, começo a sentir vontade de sair, beber, dançar... Tudo expeto conduzir e é por isso que estou presa nesta estúpida vila, dou por mim muitas vezes sentada na entrada da casa a fitar o meu carro. Bernard por vezes envia mensagens para saber como estou e Jason também, vou a caminho de casa quando encontro Bernard com Vicky...

— Oi Angel, alguma novidade sobre o hotel?

— Ainda nada! - tento ignorar Vicky.

— Amanhã é o meu aniversário, conto contigo para uma festa no bar do Joe?

— Conta comigo! - Era tudo o que precisava agora, divertimento.

Um simples convite que me deixa em êxtase portanto o primeiro passo é comprar um presente. Sempre odiei a parte de escolher uma oferta principalmente para alguém que conheço tão pouco mas no meio de tanta coisa eu vi uma carteira de homem que era bonita e decidi comprar, passo na confeitaria e Vicky está lá sentada num canto, parece estar á espera de alguém, pelo conto do olho vejo que ela deu pela minha chegada e enquanto espero as minhas panquecas ela decide aproximar-se...

— Podemos falar Angel?

— Não temos nada para dizer uma a outra. - mesmo assim ela senta-se na minha mesa.

— Podes parar de ser mimada, quando é que vais abrir os olhos?

— E tu pensas que és quem para me julgar?

— Olha aqui eu não gosto de ti e nem tu de mim mas odeio ver Kane assim, somos colegas e ele realmente está na fossa. - e a culpa é minha?

— Se te preocupas tanto vai lá consola-lo, não seria a primeira vez.

— Somos colegas, Kane é lindo sim mas não é o meu tipo de homem e tu vais perde-lo por seres burra!

Alice pousa o pequeno almoço e olha para nós duas, Vicky conseguiu tira-me a fome e decido ir embora depois de atirar o meu milkshake na sua cara. Kane estava a entrar e ficou chocado, em vez de dizer alguma coisa para me defender ele apenas resmunga...

— Vocês as duas parecem crianças!

Eu sou criança? Então veremos Sr detective!

Passei a tarde a escolher roupa, se ele quer se meter comigo eu vou responder à altura, no dia seguinte eu faço ondas no cabelo, uma maquilhagem em tons escuros, umas calças pretas que marcam tudo e corpete sexy e lindo, mesmo sendo perto não será fácil chegar lá com saltos mas para isso conto com a minha cunhada que me dará boleia.

Alice não abriu a boca mas os seus olhos eram acusatórios, o bar estava meio vazio mas Jason já nos esperava alegre e com uma cerveja para cada uma nas suas mãos, Alice fala com Joe e eu sento na mesa onde já estavam alguns rapazes que na maioria eram polícias. Eles eram doidos, contavam histórias macabras e perigosas sobre a sua profissão, eles são respeitadores por muito que tenham esse ar desafiador...

— Que tal irmos dançar? - um deles pergunta animado.

— Eu alinho! - Finalmente alguém com uma boa ideia.

— Atenção com ela ou Kane vai ensinar-te a nadar! - Não entendi porque um desconto fez uma chamada de atenção ao rapaz que me convidou para dançar.

— Alguém falou em mim? - Kane surge perto de nós.

— Fica tranquilo está tudo controlado amigo. - Um deles fala.

— E vocês acham que eu confio num bando de playboys pervertidos? -  ele pega na minha mão para que acompanhe até lá fora.

— Eles são simpáticos e só me convidaram para dançar, não faças dramas!

— Eu já deixei claro que és minha mas mesmo assim...Eles são homens!

— Eles sabiam de nós?

— Claro que sim, desde sempre.

— Portanto fazia parte do plano é isso?

— Eu não sabia se algum deles passava informações ao George mas a primeira coisa fiz assim que estavas no hospital foi deixar bem claro que eras minha namorada.

Eu olho para o chão, talvez esteja a ser dura com ele na verdade eu até sinto a sua falta...

— Ei que carinha é essa Angel?

— Eu acho que vou para casa, avisa os outros!

Segui para casa em passos lentos não só por conta dos saltos mas também porque estava confusa! Um carro trava a fundo bem do meu lado e um eu pressinto que desta vez não é Kane.