4 - Um polícia de folga

298 22 4
                                    

Conheci Michael por acaso, ele é filho de um funcionário do armazém de máquinas agrícolas aqui da vila e um dia encontrá-mo-nos e acabei por descobrir que ele patrocinava estes encontros, ele tem mais uns dez anos mas que eu saiba sempre viveu do dinheiro das apostas, até que é um bom homem só tem o péssimo hábito de ir sempre pelo caminho mais fácil. Somos somente três e como é hábito sou a única mulher que entra nestas corridas, já conheço esta pista e sei o trajeto de olhos fechados porque foi aqui que o meu avô passou horas a ensinar-me a conduzir, A corrida inicia mas apenas a poucos metros de partir vejo as luzes dos carros da polícia e todos se dispersaram, fui ter ao local combinado com Michael pedi uma cerveja e um cachorro e sentei-me numa das mesas de madeira com bancos corridos que havia sob a relva, a noite está quente mas sopra um vento agradável, estou a terminar de comer quando o ele chega, vejo-o fazer o seu pedido que se resume apenas a uma cerveja e logo depois junta-se a mim...

— Tal como eu tinha dito isto está complicado.

— Eu vi mas achas que se mudares os locais das corridas será mais fácil?

— Poderia ajudar sim!

— Então poderíamos combinar de nos vermos acho que conheço o sitio ideal. - Conheço um antigo recinto de corridas de cavalos talvez ainda esteja abandonado, era de um amigo do meu avô.

— Seria bom, ficaria a dever-te uma!

Michael muda de postura para um ar sério e eu acompanho o seu olhar, dois jovens polícias chegam até ao balcão e pedem dois hambúrgueres, os olhares que trocam com Michael não são amigáveis e depois vejo-os rondas o meu carro, eu sei que são dois agentes de autoridades enormes e muito comestíveis mas não gosto do modo como averiguam o meu carro.

— Já volto! - levanto-me da mesa.

— É melhor não Angel, fica quieta!

— O meu carro não os está a empatar ninguém!

Michael ficou sentado e não o levo a mal, ele já teve problemas com a polícia e entendo a sua atitude mas quanto a mim as coisas são diferentes, o meu carro é muito importante para mim, são muitas horas de trabalho de restauro com o meu avô. Este carro estava abandonado e ia ser destruído, o meu avô comprou-o para mim, para mo oferecer.

— Posso ajudar? - pergunto para os dois polícias.

— Conhece o dono da viatura?

— Sou eu, algum problema? - eles olham surpresos.

— Assim sendo acho que está tudo bem!

— Já agora, você é nova aqui? - um deles pergunta com um sorriso lindo.

— Estou de férias em casa do meu avô!

— Então boas férias e se precisar de alguma coisa sabe onde nos encontrar. - Aquele era uma conversa que eu não iria deixar ir longe.

— Obrigado mas não precisarei..

— Já agora cuidado com as companhias! - ele diz fazendo referência ao Michael.

— Pode ficar tranquilo que eu sei escolher muito bem com quem lido Sr agente.

Regressei para perto de Michael com a sensação de estar a ser observada no entanto eram três da manhã e resolvi voltar para casa. Entrei no meu quarto e dormi um sono bem pesado até às dez da manhã, como a cafetaria da Alice está fechada eu decido tomar o pequeno almoço em casa com o meu irmão e o meu avô, depois decidimos andar de barco, mergulhar e pescar um pouco...

— Preciso de ir à vila, alguém vem comigo? 

— Vamos todos, eu preciso comprar shampoo e algumas outras coisas. - Digo já com a bolsa na mão.

— Eu também vou mas teremos de vir cedo porque eu preciso regressar ainda hoje, amanhã é dia de trabalho.

— Precisas mesmo de ir? - Eu adoro ter a companhia de Brandon.

— Prometo regressar no próximo fim de semana. - Consigo até adivinhar o motivo de vir todos os fins de semana de hora em diante.

— Vamos lá crianças!

Entrámos na pick up do avô e seguimos para a vila animados, assim que chegámos no estacionamento e descemos da carrinha Brandon decide deitar-me no seu ombro como se fosse uma saca de batatas, o resultado de eu vir todo o caminho a mandar piadas sobre ele e Alice, não consigo parar de rir até que ele me coloca no chão e eu bato no seu braço. Vejo uma cara conhecida que cumprimenta o meu avô ...

— Boa tarde Sr Agente! - O avô cumprimenta sem parar de andar.

— Estou fora do serviço por isso pode chamar-me George. - ele estende a mão.

— Eu sou Angel mas, já nos cruzámos por aí! - Um policia.

— Vejo que está acompanhada! - Brandon e o avô esperam por mais à frente na porta o estabelecimento.

— Sim Paul é o meu avô e Brandon meu irmão.

— Família. - Ele pensa alto.

— Bom tenho de ir mas vemo-nos por aí.

— Espero bem que sim Angel. - Espera?

Uau o polícia é um pedaço de pecado, vou ter com os homens que me esperam com perguntas a fervilhar e depois de responder ao interrogatório de cada um segui para as suas compras, eu fui para o lado de artigos femininos, o avô para a mercearia e Brandon apareceu ao meu lado com uma caixa de bombons e um ramo de flores. De regresso a casa o meu irmão teve de se despedir e fazer-se à estrada, eu e o avô jantámos juntos e depois fomos para o sofá assistir um filme até ser horas dele subir e eu sair às escondidas para ir ter com Michael. Cheguei ao ponto de encontro e o meu amigo já me esperava, tal como me lembrava o antigo recinto de corridas de cavalos estava abandonado e degradado mas faria um bom local para as corridas...

— Isto tem potencial Angel.

— Eu também acho e com algumas modificações pode ser um bom circuito. - Já me imaginava a correr por ali com o meu carro.

— Como é que eu nunca descobri este sítio?

— Eu não sei Michael mas atenção porque embora abandonado ele é uma propriedade privada.

— Vou ter atenção às autoridades e tentar manter o segredo bem guardado.

O telemóvel de Michael toca e ele despede-se saindo do recinto, eu fiquei debruçada no parapeito da bancada a relembrar o dia que vim aqui pela primeira vez, já me imaginava a correr com o carro ali, sorrio dos meus pensamentos...

— Essa propriedade é privada! - Merda que susto.

Encaro o homem que me cruzei a alguns dias na porta do supermercado, agora sem fato e com aspeto de badboy ele parecia mais desafiador.

— Vim apenas apanhar ar!

— Este lugar é perigoso para uma mulher sozinha.

Ele aproxima-se ao mesmo ritmo que o meu coração acelera.

Anjo de dia (Livro2)Onde histórias criam vida. Descubra agora