Anjo de dia (Livro2)

12 - Detective

O meu carro está amassado, Kane furioso... O meu dia está a começar mal, podia ser pior? Podia depois de ver uma mensagem de Michael a avisar que hoje haveria uma outra corrida, já troquei o pneu e expeto a amolgadela e o farol que tenho de esperar que a loja encomende, tudo o resto está pronto e posso correr sem perigo.

Passei a tarde na porta de Kane mas ele não deu sinal de vida, decidi comer uma sandwich que comprei na bomba de gasolina onde fui buscar o dinheiro das apostas, ele não atende o telemóvel e isso deixa-me nervosa, mesmo assim decidi deixar uma mensagem no atendedor...

" Kane faz horas que te procuro, precisamos falar. Descobri que és o meu novo vício e devo contar tudo o que se passa para que possamos ter um relacionamento verdadeiro. Passo lá em casa hoje, beijos meu... falar de sentimentos com um atendedor de chamadas é bem mais fácil. "

AMOR? Era isso que ia dizer? Kane revirou a minha cabeça e o meu coração em tão pouco tempo como é possível? Essa terá de ser a última corrida!

Chego perto de Michael e faço a aposta, desta vez aposto mais uma vez em mim, tenho um mau pressentimento, algo está errado e espero que tudo corra como eu quero. Vou para a meta e a meio da corrida eu já tinha uma boa distância mas infelizmente sentia que algo estava errado e a poucos metros da chegada eu paro o carro, vejo todos passarem por mim ficando em último, quero que George entenda que não manda mais em mim, foi a única forma que encontrei para acabar esta maldita chantagem. Dentro do envelope eu deixo apenas um recado...

" Aposta perdida, esta foi a última corrida."

Saio do posto de gasolina rumo a casa de Kane, pelo espelho vejo o carro amarelo que no outro dia me bateu, ele está cada vez mais próximo e eu acelero também, mas o que esse maluco quer agora? Sinto ele bater na lateral direita fazendo com o meu carro fique virado em contra mão e obrigando a que eu pare. Vejo George sair do carro armado... MERDA!!

— Sai do carro Angel!

— George abaixa a arma!

— Pensavas que eu estava a brincar? - Eu vou morrer.

— Eu não vou correr mais George!

— Vais sim até eu mandar parar! - Ele bate com a mão na minha cara fazendo a minha cabeça virar, a dor é mais que muita.

— Não!!

Fecho os olhos e espero a dor de uma bala entrar em qualquer parte do corpo, mas abro-os assim que oiço as sirenes da polícia, dois carros param abruptamente, eles ordenam que George baixe a arma e ele obedece, vejo ele ser detido e estou confusa porque eu sou escoltada até à polícia também? O meu carro ficou para trás, estou sem notícias fechada numa cela e apenas tive direito a uma chamada que foi direto para Brandon. Porquê é que sou tão teimosa? Deveria ter largado toda esta loucura há mais tempo, agora é tarde. Passam horas e espero que o meu avô não tenha dado pela minha falta, ando de um lado para o outro como se fosse um animal numa jaula, odeio a falta de notícias, estou com uma dor de cabeça daquelas...

— Angel Simon o seu advogado chegou! - um polícia pega no meu braço e leva-me até uma pequena sala com uma mesa e quatro cadeiras onde Brandon esperava por mim, vejo que já amanheceu.

— Brandon? - Corro para o abraçar.

— Angel! - ele responde ao abraço e isso é tão reconfortante - Cuidado com o dizes estamos a ser observados. - ele sussurra.

Dois polícias sem fardas entram na sala também...

— Sentem-se por favor! - Nunca os vi antes. - Estamos só a espera do inspetor que tem o caso em mãos.

Quando a porta se abre o meu irmão aperta a minha perna com força alertando para algo...

— Bom dia, sou o detetive Kane Rolleston! - Que palhaçada é esta, a minha boca abre e devo estar com cara de quem viu um fantasma.

— Vamos às perguntas? - um dos polícias questiona e eu olho para Brandon que acena com a cabeça o seu sim em como concorda com o início do interrogatório e em como já sabia de Kane.

— Estou pronta!

— Primeiro que tudo queremos saber se conhece o detetive Rolleston?

— Sim!

— Que tipo de relação têm? - ele olha para mim avaliando o que farei, embora ele tenha cravado uma faca nas minhas costas eu não vou descer ao seu nível.

— Ele é irmão da namorada de Brandon o meu irmão?

— Só isso?

— Sim somos só conhecidos nada mais! - Só de pensar que ele fingiu tudo, que dormi com ele sinto o meu estômago revirar.

— Sabia da ligação dele ao caso?

— Ele disse que era eletricista, não sabia de nada disto. - Abaixo a cara, sinto um peso na minha cabeça, estou cansada.

— Podem sair eu trato disto sozinho! - os dois saem e Kane senta-se bem na minha frente!

— Quero saber tudo desde o início!

Fui buscar todas as forças e a frieza que tinha e contei tudo olhando bem nos seus olhos, ambos jogávamos um jogo de máscaras e ali naquele momento éramos dois estranhos. Revelei tudo até ao momento em que fui presa...

— Quem recebe das apostas Sra Simon? - sorrio de canto, agora sou Sra Simon e antes a sua Angel.

— Disse alguma piada?

— Não detetive, apenas não me lembro do nome dele. - Recosto-me na cadeira, não vou queimar um amigo.

— Eu sei que sabe, terá de confessar se quer sair daqui sem punições. Diga a verdade!

— A minha punições estão para além desta sala e eu não sei o seu nome! - ele sabe que me refiro a ele, que me magoou muito.

— RAIOS, Pare de defender um amigo que faz apostas ilegais, pare de defender e encobrir quem não merece! - ele grita e bate na mesa. - Angel se sabes por favor fala, encobri-lo não te ajuda nem a ti nem a ele!

Alguém bate na porta e um dos polícias coloca a cabeça dentro da sala...

— Chefe, o tal de Michael confessou que geria as apostas.

— Obrigado! - Kane agradece ao homem que volta a fechar a porta. - Parece que o seu amigo não poderá ir jantar consigo tão cedo! - Filho da mãe ele lembrasse de ter falado de Michael.

— O que acontece agora Kane? - Brandon pergunta.

— O carro ficará apreendido, a tua irmã não pode sair da vila até o caso estar encerrado e sobretudo acabaram as corridas.

— Ela está ciente disso!

Brandon levanta-se e aperta a mão a Kane que sai da sala, eu fico em silêncio, assino alguns documentos e saio rumo ao carro do meu irmão. Eu não vou chorar, gritar... Eu simplesmente sinto-me como se estivesse num pesadelo.