31 - Kane!!

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Eu não queria sair da cama, melhor eu não queria sair do hotel, depois do pequeno almoço descemos até ao carro onde o motorista nos esperava com óculos de sol e farda, no caminho percebi alguma tensão e troca de olhares entre os dois. Kane não larga a minha mão por nada como se tivesse medo de me perder, em casa troco de roupa e saio para visitar o meu avô, passo lá um bom tempo, Entro no carro rumo a casa e ligo ao Kane...

— Vou agora para casa e tu?

— Estive no escritório do teu irmão também vou para casa.

— O que o Brandon queria? - Ele está com algum problema?

— Fui eu que fui falar com ele e quando chegares a casa também falamos.

— Aconteceu alguma coisa?

— Sim princesa mas já falámos. - Fiquei preocupada com o seu tom de voz.

— Certo, vou só pôr gasóleo e encontro-me contigo em casa.

Paro no posto de abastecimento e vejo George chegar na mesma altura, tento ignora-lo mas ele dirige-se a mim...

— Como correu a festa?

— Fiz o que me pediste não foi?

— Sim, trabalhaste bem Angel agora está na altura de te integrares na equipa.

— Que conversa é essa? Eu fiz o que era suposto.

— Bem acho que vamos começar mais cedo que o previsto...

George agarra em mim e beija-me à força, que nojo eu vou mata-lo, empurro o seu corpo com raiva e limpo a boca vendo-o sorrir...

— Estás louco, que Merda foi esta?

— Calma princesa fazia parte do plano. Olha só? - Ele aponta para trás de mim.

Eu gelei ao ver Kane dentro do carro, ele estava sem expressão e eu morri naquele momento...

— Kane?! - Eu gritei mas ele nem ligou.

— Espera aí! - George agarra os meus braços e eu vejo ele partir a toda a velocidade.

— George eu tenho de ir, Kane vai pensar...

— Vai pensar o que eu quero que pense, para tudo correr bem tens de te afastar dele a partir de agora.

— Se eu o deixar partir assim ele vai odiar-me e nunca me perdoará!

— ANGEL! - ele sacode o meu corpo com as mãos que fecha com demasiada força em torno dos meus braços. - Achas que ele te perdoaria se acabasses com a sua carreira?

— Algum problema? - A voz de um homem faz George largar-me.

— Não, eu só estava a esclarecer as coisas com a nossa menina.

Vou dentro do posto pagar o gasóleo e saio disparada mas alguém fica no meu caminho...

— Faz o que ele pede e tudo vai correr bem! - Olho para cima e vejo que o homem é o motorista da outra noite, está com um ar sério mas um olhar doce - Mentem-te firme e cuidado que há câmaras por todo o lado.

Entro no carro e paro na casa de Kane, encosto a cabeça no volante e deixo as lágrimas caírem, a cada segundo percebo menos o que se passa, afinal o tal motorista faz jogo duplo? Limpo a cara e entro no apartamento, está silencioso demais mas o carro de Kane estava estacionado lá fora, a porta do seu quarto está trancada e mesmo depois de insistir uma dezena de vezes ele continua lá dentro sem dar sinal de vida, vou até quarto da Alice que é onde tenho a maior parte dos meus bens pego na mala de viagem e começo a arrumar tudo, o meu telemóvel toca e eu vejo que é Brandon...

— Que merda fizeste agora? - Oh não.

— Podes parar de gritar?

— Espero por ti aqui em casa!

— Ele falou contigo?

— Claro Angel, não sou adivinho!

— Ele não me vai perdoar pois não? - Eu também não perdoaria.

— Angel ele não me contou o que foi mas parece que não vais conseguir o seu perdão desta vez.

— Eu não posso ficar sem ele Brandon, eu amo-o! - limpo as lágrimas que voltaram a cair.

— Ah porra irmã... Estou a tua espera!

Desligo a chamada e vejo a nossa foto no fundo de tela, foi uma noite extraordinária a do hotel, sinto a presença de alguém no quarto...

— Kane? - limpo a cara e aproximo-me mas ele afasta-se.

— Quero-te fora daqui, deixa as chaves com a Alice.

— Eu não posso explicar mas dá-me o beneficio da dúvida.

Não posso fazer nada, estou de pés e mãos atadas, é um sentimento horrível, eu sou horrível, ele nem parece assim tão abalado, será que ele foi um alívio?  Eu estava a pressiona-lo com a história de tornar o nosso namoro público. Ver ele virar costas e desaparecer é tão doloroso, sinto que ele não vai voltar atrás e no final sou eu quem perde. Carreguei as malas para o carro e fui para casa do meu irmão, a Alice não estava e Brandon ajudou-me a carregar tudo para o quarto de hóspedes, pediu que comesse alguma coisa visto ele ir jantar fora com a namorada. Sozinha no quarto deitada na cama eu só queria que o tempo fosse meu amigo e voasse, queria que fosse mais fácil mas parece que desta vez não terei sorte. São dez da manhã e continuo sem coragem para sair da cama, a minha cabeça parece que vai rebentar e eu não quero ver ninguém, embora estranhe o meu irmão ainda não ter vindo aqui para esclarecer tudo. Ou é da minha cabeça ou estão todos estranhos... Acabo por sair da cama perto da hora de almoço sem qualquer ânimo, visto algo prático e como fruta antes de sair, tenho um encontro com George e vamos ver o que me espera. As coordenadas do GPS coincidem com uma casa pequena que fica afastada do centro da vila, saio do carro que não é o único ali estacionado e toco à campainha...

— Entra! - o homem que não sei o nome mas que fez de motorista na festa abre a porta. - Sou o Bernard!

— Angel, mas acho que sabes bem quem sou! - ele acena com a cabeça em concordância e começa a andar pela casa e eu sigo-o.

Na sala estava George e mais um casal, um homem loiro de olhos muito azuis e sentada ao seu colo estava a morena da festa.

— Angel estes são Lois e Vicky. - Eles estendem a mão para nos cumprimentarmos.

— Conheces a Vicky certo? - George está a testar-me.

— A sua cara é - me famíliar!

— Ela estava na festa! - Lois responde e sorri.

— Ah é isso, eu estava ocupada não iria perder tempo a reparar em coisas insignificantes! - Todos gostaram da minha resposta expeto ela que ficou com raiva de mim.

Anjo de dia (Livro2)Onde histórias criam vida. Descubra agora