Anjo de dia (Livro2)

29 - Jantar de trabalho

— Que provas são essas?

— Provas que tu não vais gostar de saber com certeza!

— Eu quero saber George.

— Aqui estão a provas que Kane se envolve com todas as testemunhas mulheres dos seus casos e usa-as para conseguir os seus objetivos. Fotos, depoimentos, contactos, moradas, tudo até da coitada que morreu.

— Morreu? - Era muito para processar meu deus.

— Uma das testemunhas morreu por culpa dele como sempre conseguiu encobrir as provas.

— Não acredito numa única palavra tua.

— Ah é? Então diz-me uma coisa? Ele já te apresentou aos amigos? Anda contigo na rua de mão dada? Quem sabe do vosso relacionamento para além da tua família? O que sabes sobre os casos que ele tem em mãos... aposto que ele não fala de trabalho contigo.

Ele tem razão, o filho da mãe acertou em tudo... Como é que eu não vi isso? Tive de me encostar no carro para conseguir absorver cada informação sem cair para trás. Não eu não posso acreditar, ele quer confundir-me...

— Se isso é verdade porque eu iria salvar a carreira de Kane?

— Para não acabares morta como a última coitada Angel!

Eu abaixo a cabeça, de repente o meu corpo ficou tão pesado, seria Kane capaz disso? Eu tinha de ter a certeza e sei bem como...

— O que eu tenho de fazer? - George abriu um sorriso vitorioso.

— Boa menina! Ele vai convidar-te para uma festa e tu vais para me passar umas informações, quero saber tudo desde o número de seguranças até ao tempo que demoras de carro da entrada ao portão do casarão. Não te aproxime do anfitrião por nada e o resto falamos depois.

— Para quê que precisas disso?

— Na altura saberás! - ele passa-me um telemóvel - Isto é para comunicarmos, esconde-o bem e agora vai para casa e faz as pazes com ele.

— Como sabes que discutimos?

— Pela tua cara, bom agora vou andando. - ele vira costas e abre a porta do carro amarelo. - Ei Angel, isso passa com uma boa noite de sexo!

Levantei-lhe o dedo o meio e ele riu, que filho da mãe, no que te estás a meter Angel? Juro que não sei como vou aguentar sem falar para Kane tudo o que está entalado na minha garganta. Fiquei algum tempo perdida em pensamentos, não posso pedir ajuda a ninguém porque não quero fazer quem quer que seja em risco mas uma coisa eu sei, depois disto vou mostrar a Kane com quem se meteu, não vou chorar isso posso prometer! Regresso a casa, o carro dele não está no mesmo sítio e isso assusta-me, a ideia de que ele me tenha visto com George e que queira vingar-se. Entro e atiro as chaves para a mesa da sala para fazer barulho propositadamente, ele está deitado no sofá e abre os olhos...

— Não precisas de fingir que dormes porque vi que o teu carro está em outro lugar.

— Tive de ir à esquadra! - Não consigo saber se está a mentir, ele tem sempre um ar tão calmo.

—Não pedi explicações, vou dormir! - Estou tão desiludida e magoada que nem consigo olhar nos seus olhos.

— Amanhã tenho uma festa e gostava que viesses comigo.

— Que festa?

— Um jantar de trabalho!

— Isso quer dizer que me vais apresentar a todos como tua namorada? - Eu tinha uma réstia de esperança que George tivesse mentido.

— É em trabalho como disse, um disfarce e preciso de companhia. - Boa Angel mais um balde de água fria.

— Tudo bem! - Nunca me custou tanto falar, tinha um nó na garganta.

Ele não fez mais perguntas e eu agradeci, deitei-me mesmo sem sono e senti ele abraçar-me por trás, eu reprimi a vontade de o rejeitar, não sentia medo nem nojo, apenas raiva e muita. Fechei os olhos e fingi dormir o que seria impossível com tudo o que se passa...

— Eu sei que não entendes mas o que faço é para te proteger.

As suas palavras entraram na minha cabeça como pedaços de vidro, como ele podia dizer algo assim quando a única pessoa que me coloca em risco é ele? O único convite que me fez é para ir a uma festa em trabalho? É para isso que sirvo? Sou mais uma...

Quase não preguei olho mas mesmo assim fingi dormir quando ele se levantou só para não o enfrentar, como farei para ir a uma festa com ele se nem consigo olhar nos seus olhos? Depois de comer fui para o computador introduzir algumas informações que faltavam, não teria cabeça para o continuar por isso dei o trabalho como terminado, passei a manhã a fazer alguns ajustes e enviei por mail, seja o que Deus quiser e agora espero o resultado. Tive de dar uma volta no roupeiro e encontrei o vestido perfeito, comprei no Brasil e nem me lembrava que o tinha, era vistoso, brilhante e principalmente sensual. Chamei a Alice para me ajudar, ela tem imenso jeito para cabelos e assim conversámos duas longas horas enquanto ela fazia caracóis largos no meu cabelo e pintou as minhas unhas de preto. Eram cerca de cinco horas da tarde quando ouvimos Kane entrar mas Alice proibiu-o de me ver antes de estar pronta. A maquilhagem em tons de preto e dourado estava perfeita e o resultado era satisfatório e muito, sentia-me poderosa esta noite mas ao mesmo tempo tão desiludida. Ela saiu para apanhar Brandon no trabalho e eu fiquei na sala à espera que ele acaba-se de se preparar, estávamos a ficar atrasados...

— Que tal estou? - Senti as pernas fraquejarem com tanta beleza, ele estava de smoking, e só depois vi que ele estava a sentir o mesmo ao me ver.

— Estás perfeito!

— Eu gostaria de dizer o mesmo mas eu não sei qual a palavra para descrever tanta beleza.

— Obrigado! - Agarro na cauda do vestido para poder chegar ao carro sem cair.

Na porta estava um Mercedes preto com um motorista de ar sério, podia jurar que a sua cara não me era estranha, ele acena a Kane, abre a porta para que eu entre e vai para o volante do carro, Kane entra e entrelaça a mão na minha com um sorriso nos lábios...

— Um vestido sem abertura nas pernas finalmente.

— Não vou esquecer esse comentário detetive Kane!

— Quase que me arrependo de te levar nesta festa!

— É apenas um jantar de trabalho certo? - Falei com alguma raiva mas não podia demonstrar arrogância, o motorista poderia ouvir o que não deveria.

Pelo caminho trocava mensagens com Alice já que ninguém falava, ela pediu para tirar uma foto de nós dois, mostrei a mensagem a ele chegou bem perto para uma selfie que ficou linda, com certeza iria ser o meu fundo de tela. Assim que chegámos descobri um palacete lindo cheio de iluminação noturna, Kane veio abrir a minha porta e segurou a minha mão bem firme. Ele cumprimentava algumas pessoas, todos naquela festa eram ricos, requintados e enfadonhos pelo menos pareciam sorrir teatralmente, ele informa que no dirigimos ao Anfitrião e eu rapidamente invento que preciso ir ao a casa de banho.