27 - Não sou como ela!

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Acordei tarde e a culpa é toda do meu namorado, a noite foi longa mas tenho muito que fazer, passo o dia no computador e o projeto já está quase pronto, a minha cabeça já latejar e os meus olhos estão cansados, num só gesto fecho o aparelho, deito-me no sofá e saboreio o silêncio da casa. Olhei para o relógio e estava quase na hora de ir para a confeitaria ter com Jason, visto-me e aproveito o bom tempo para ir a pé com a mala do portátil ao ombro. Entro e vejo Alice a servir um grupo de jovens, vou até ao balcão e espero que ela volte...

— Olá cunhada! - digo sorrindo.

— Vens ter com o meu irmão?

— Não venho ter com Jason preciso de uns conselhos para o meu projeto.

— Eh e por acaso o Kane sabe?

— Não Alice mas porquê a pergunta?

— Porque ele e o seu grupo estão a chegar!

Olho para trás e vejo Kane com mais cinco jovens polícias, ele lança apenas um bom dia, decididamente preciso saber o porquê de ele esconder que somos um casal, se ele tem vergonha então temos um problema. Faço má cara e para ajudar quando passo em direção à mesa onde pousei as minhas coisas oiço alguém fazer comentários sobre mim, elogios que de certo o fará ficar furioso mas é bem feito para ele. Abro o computador e a minha pasta enquanto a Alice serve o meu milkshake de morango, vejo a minha futura cunhada pousar o copo na mesa e fazer-me sinal para a porta, Jason estava a chegar, falava ao telefone e desfilava enquanto se aproximava da mesa e posso dizer que ele está lindo, ele fala à Alice e beija a minha testa depois de desligar a sua chamada e de se sentar na minha frente. Olho de relance para Kane que nos fuzila com os olhos, desta vez até eu fiquei com medo dele...

— Como estás princesa?

— Bem e tu?

— Tens a certeza que Kane não me vai matar?

— Tenho Jason, depois trato dele, agora vamos trabalhar. - viro o ecrá do computador para ele analisar o meu trabalho.

— Pelos vistos ele quer manter o anonimato quanto a vocês os dois!

— Porque dizes isso? - Porquê a pergunta?

— Porque ele está a travar uma grande luta interna para não vir até aqui! - Perspicaz.

— Bom olha o que achas do projecto? - Eu só queria que não houvesse mortos esta tarde.

Enquanto Jason analisava o trabalho eu bebia a bebida sentindo que Kane não tirava os olhos de nós. Passado alguns minutos o grupo sai e Kane limita-se a passar por nós como se não me conhecesse, anotei mentalmente que esse será um tema a discutir, passei duas horas a discutir ideias com Jason que eram excelentes, ele era um visionário, todo esse tempo Alice estava agarrada ao telefone e como sei que o meu irmão é mais do tipo de falar em vez de enviar mensagens, então deduzo que Kane deve estar a fazer um interrogatório a ela. Saí da confeitaria e fui visitar o meu avô, já faz tempo que não o vejo e tenho saudades das nossas conversas que agora incluem a sua querida Liz. Kane hoje saía tarde por isso decidi jantar com os dois e entrei no apartamento perto das dez da noite. Estava silêncio na casa, nunca gostei muito disso, sempre vivi numa casa cheia e a solidão é o meu pior inimigo...

— Posso saber por onde andaste? - pelo seu tom de voz ele esteve a beber.

— Fui jantar com o meu avô depois que saí de perto da Alice!

— Tu e ele não quiseram prolongar a tarde? Um jantar de negócios fica sempre bem!

— Kane eu vou tolerar as tuas bocas porque acredito que isso é o álcool a falar!

— Eu estou muito ciente do que digo Angel Simon, estás a tentar fazer de mim palhaço? Acredita que eu não sou esse tipo de homem!

— Já falámos sobre isso eu e ele somos amigos e nada mais se eu quisesse estar com ele, estava detetive mas não é ele que eu quero.

— Eu não te quero perto daquele cabrão, ele está a gozar comigo mas eu juro que da próxima vez eu parto-lhe a cara.

— Estás a julga-lo porque ele andou com a tua ex, então deixa-me dizer-te uma coisa! - pego nas chaves do carro - Eu não sou puta como ela e nem tenho vergonha de mostrar a todos que estou contigo!

Bati com a porta e entrei no carro com o coração acelerado, sabia que não íria longe com o problema da minha perna mas hoje não é altura para ficar encalhada. As ruas estavam livres e eu andei sem destino durante um tempo até descarregar a raiva e chorar, dei por mim a parar o carro perto da herdade onde eu projetava o hotel, as lágrimas ainda caiam, a confiança era uma das peças que faltava no nosso puzzle. Só agora percebo que a minha perna está dolorida do esforço que fiz para manter o carro  a andar, saio para apanhar um pouco de ar e esticar os músculos, um carro aproxima-se, não preciso olhar porque pelo som eu seu que é Kane, tento limpar as lágrimas disfarçadamente...

— Merda Angel queres deixar-me louco? - ele sai do carro furioso.

— Por favor dá-me espaço! - ele baixa-se e massaja a minha perna.

— És imprudente e irresponsável em conduzir assim.

— Há mais alguma coisa que me queiras chamar? - olho para ele com raiva.

— Angel... Eu não te comparei a ela, sei bem quem és!

— Nem eu sei quem sou quando estou contigo, preciso que confies em mim.

— Ei! - ele leva o dedo ao meu queixo e obriga-me a encara-lo - Desculpa, nem sei o que me deu, nunca fui ciumento, apenas sei lidar com os sentimentos que me fazes despertar.

— Eu sei que estou cada vez mais chorona e sentimental, o que estás a fazer comigo?

— Eu também estou confuso princesa mas tu defendes-o e isso irrita-me!

— Eu não o defendo apenas tens de saber separar as coisas, ele é só um amigo e ajudou imenso com o meu projeto.

— Amigos de Merda, começa em Michael e acaba nesse Jason. - A sério que ele quer voltar a falar no assunto.

— Esquece Kane tu és cabeça dura! - ele não entende por mais que lhe explique.

Kane puxa o meu braço encurrala-me contra o Mustang, beija o meu pescoço...

— Eu amo-te Angel!

— Kane aqui não, vamos para casa! - Eu já estava entregue a ele.

Ele piscou o olho...

— Desta vez eu ganhei! - Começo a ficar farta deste jogo.

Ele entra no carro orgulho, a vingança serve-se fria!

Anjo de dia (Livro2)Onde histórias criam vida. Descubra agora