35 - Engano?

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Volto para o BMW e dou partida, tento seguir o GPS embora a distância seja grande, sorte minha que a esta hora da manhã o trânsito está calmo. Corto caminho e ganho terreno, faço uma chamada para Bernard...

— Angel agora estou ocupado!

— Eu sei estou a tentar alcançar-te, ouve Bernard fomos enganados!

— Estás a falar de quê?

— As sacolas estão cheias de papel branco, eu acho que estamos a chamar a atenção sobre nós para eles fugirem sem problemas.

— Oh merda tenho de desligar preciso avisar o Kane!

— O Kane? Bernard explica-te!

— Angel preciso desligar entra na autoestrada que eu vou empatar a polícia um pouco e depois também entro na autoestrada para me apanhares.

— Ok mas cuidado.

Vocês estão a entender alguma coisa? É que que eu nem por isso! Para minha surpresa um carro da polícia vem atrás de mim e quanto mais acelero mais a minha perna treme, tento desviar-me de todos porque não quero causar acidentes mas está difícil, um carro preto ultrapassa o da polícia e fica colado na minha traseira, reconheço Kane de imediato que faz sinal para que eu encoste o carro na berma e ainda fico na dúvida até perceber que certamente será o melhor a fazer mas sem saber como bato no veículo da esquerda e viro o volante para me desviar mas um camião varre o meu carro e o som do ferro a chiar junto com o cheiro da borracha queimada do camião a travar é tudo o que oiço antes de apagar e de imaginar a minha mão dada com a dele. Oiço vozes de pessoas mas não consigo falar e muito menos abrir os olhos, na verdade eu não sinto nada mas há algo que me incomoda um choro baixinho, um choro sofrido... Eu quero tanto pedir para que pare, quem quer que seja deverá parar.

Desta vez tenho de conseguir falar, tenho de ver quem é... abro os olhos e pisco várias vezes para me adaptar à luz, parece um quarto de hospital e fico a ver a cena que me parte o coração, Kane está sentado num pequeno sofá, o meu irmão e Alice estão à sua volta a dizer algo bem baixinho, Alice limpa as lágrimas de do homem que amo e isso faz com que também as minhas lágrimas caiam...

— Angel!? - Alice é a primeira a notar que acordei - Ela acordou Rapazes!

— Que susto maninha! - Eu não conseguia falar.

— Como te sentes? - Alice agarra a minha mão - Estávamos tão preocupados!

— Eu...Não sei!

— Alice não a deixes fazer esforços por favor! - Kane repreende a Alice mas não se aproxima.

— Finalmente posso respirar, vamos Alice, vamos comer e depois regressamos. - Vejo os dois saírem do quarto com um enorme sorriso.

Kane parece estar medo de se aproximar...

— Há quanto tempo estou aqui?

— São 23:00 horas agora!

— Eu ouvi alguém chorar! - pela forma como ele abre os olhos obtenho a minha resposta.

— Eu passei as piores horas da minha vida!

— Eu estou tão confusa! - o acidente,  Geoge, Bernard...

— Descansa que depois eu conto-te tudo.

— Sabes alguma coisa de Bernard?

— Ele está bem meu amor!

— Eu quero sentar-me!

— Espera um pouco vou perguntar à enfermeira se podes mexer-te.  - Ele sai disparado e regressa a arrastar a coitada da enfermeira pelo braço.

Ela ajudou-me a endireitar mas as dores eram horríveis e Kane quase gritava com a pobre coitada como se ela tivesse culpa. Eu pedi para ir para casa e com tanta insistência ela disse que iria falar com o médico...

— Os meus pais...Eles sabem?

— Ninguém da família sabe expeto o casal maravilha.

— O George?

— Infelizmente ele e Lois estão fugidos.

— Então e Vicky?

— Ela está bem, ela e Bernard voltaram ao trabalho.

— Não entendo! - Acho que me perdi.

— Eles eram polícias infiltrados, é uma operação que dura há dois anos.

— Quer dizer que eles faziam jogo duplo?

— Exatamente!

— Mas vocês beijaram-se eu vi Kane!

— Desculpa meu amor eu tinha de ser convincente! - Convincente e mentiroso.

— Filho da mãe, sai daqui agora!

Alice entra no quarto com um ar preocupado...

— O que aconteceu Kane?

— Eu quero ele fora do meu quarto! - sinto raiva por ser uma boneca mas mãos dele.

— Calma Angel! - Alice sai com o irmão e Brandon chega perto de mim e pede para que me acalme.

— Eu fui usada, ele sabia o risco que eu corria e não fez nada.

— Desculpa irmã mas nós não podíamos fazer nada!

— Nós? Tu e a Alice sabiam? - Brandon é meu irmão, não podia ter escondido este plano de mim.

— Eu sim mas a Alice não.

— Então rua daqui tu também!

Graças a deus que ele não protestou e saiu rápido, Alice ficou para me ajudar a deitar, precisava descansar porque a minha cabeça estava pesada. Ela ficou comigo até adormecer e quando acordei tinha um médico e uma enfermeira no quarto, consegui a alta e uma receita de medicamentos para as dores, esperei a Alice regressar para me ajudar a tomar um banho e vestir, tinha algumas nódoas negras e arranhões mas nada partido embora o meu corpo reclamasse bastante. Bernard estava na porta do hospital e abriu um sorriso por me ver, fiquei feliz por saber que ele tinha saído ileso e fiquei surpreendida por saber que era ele que iria levar-me a casa com a Alice, passo na farmácia a caminho de casa e aproveito para tomar logo os remédios pois a minha cabeça e o meu corpo estão a dar cabo de mim.

Saímos todos na porta da casa do meu irmão, assim que abro a porta vejo que tenho uma receção de boas vindas mas ao contrário do normal a sala está cheia de pessoas que não quero ver. Brandon é o primeiro a vir cumprimentar-me mas levanto a mão para rejeitar a sua proximidade, Alice vai para a cozinha e nos sofás estão Vicky, Kane, Bernard junta-se ao meu irmão, um quarteto de perfeitos mentirosos...

— Escusavam de me esperarem eu não quero falar com nenhum!

— Tens de nos ouvir Angel, não tens escolha. - O meu irmão critica-me.

— Esse è o problema eu não tive escolha ao contrário de vocês, a minha vida serviu para vocês brincarem aos polícias.

— Tens de escutar para entender! - Bernard diz olhando para o chão.

Anjo de dia (Livro2)Onde histórias criam vida. Descubra agora