Anjo de dia (Livro2)

38 - Apanhado

Não posso acreditar na pessoa que vejo sair do carro...

— George?

— Vim acabar o meu plano!

Tiro os saltos e tento fugir mas ele vem atrás de mim, tento ignorar a dor que sinto nas solas dos pés ao pisar o chão da rua cheio de areia e pequenas pedras, pego no telemóvel e primo o número três por alguns segundos que faz com que estabeleça uma chamada com Kane...

— Angel?

— Socorro Kane...

Infelizmente nesse momento eu tropeço e perco o telemóvel que deixo para trás e continuo a correr até casa, George é homem e está fisicamente em forma visto ter sido polícia por isso eu nem tenho hipótese de tirar as chaves de casa assim que entro no jardim da pequena vivenda do meu irmão. Sinto uma força enorme que me faz cair no chão e logo tenho a mão de George no meu pescoço, eu acerto uma joelho da nele e volto a levantar para correr mas novamente caio desta vez na relva e sinto ele pontapear a minha barriga que dói muito neste momento...

— Por favor para George!

— Angel! - Oiço o grito de Kane.

Em poucos segundos oiço o barulho de um corpo e olho para constatar que os dois já estão no chão a lutar, mesmo com muitas dores eu decido ir até casa e pedir ajuda, pego as chaves que caíram e abro a porta, corro até ao telefone, nesse momento oiço um tiro e pela janela vejo George levanta-se, Kane continua no chão, as minhas lágrimas caem e George começa a fugir, eu não tenho tempo de pensar, pego as chaves do Mustang e saio até ao jardim, vejo Kane a sangrar da zona abdominal, pego o seu telemóvel e logo a Bernard...

— Ei porque te foste embora?

— Bernard o George apareceu e baleou Kane.

— Onde estás?

— Em casa do me irmão, chama uma ambulância para Kane que eu vou atrás de George.

— Angel não...

Kane abre os olhos e eu beijo os seus lábios...

— Aguenta meu amor eles estão a chegar para te ajudar.

Levanto-me e caminho até ao carro ignorando os gritos de Kane que pede para que eu volte para trás. Saio em alta velocidade rumo ao local onde George estacionou para me apanhar, quando estou a chegar perto ele começa a conduzir como um louco, na minha cabeça só passa a ideia de matar aquele estupor que feriu Kane, sei que tenho uma arma no porta luvas e vou atrás dele até ele parar. Eu nunca fui de desistir e agora ainda menos, se algo acontecer a Kane eu... Não quero nem imaginar, de longe oiço sirenes mas eu continuo apenas concentrada em carro a minha frente. George dirige-se para uma zona desconhecida e para abruptamente saindo a correr para dentro de uma fábrica abandonada, eu pego na arma, calço os ténis que guardo no porta bagagens e entro no local, o meu coração bate descompensado e tento não fazer barulho, ando com os olhos bem abertos e estou atenta a cada movimento, não conheço o sitio e a iluminação é débil por isso tenho cuidado.

Alguém chega por trás de mim e tapa a minha boca, eu tento tirar a mão nas aí vejo que é Vicky, ela faz sinal para que não faça barulho e para segui-la até ao exterior, toda a equipa que estava no aniversário está agora aqui e Bernard vem ter comigo...

— Estás louca Angel?

— Ele tentou me matar e depois atirou em Kane, eu não ia deixa-lo fugir.

— Vicky levá-la ao hospital. - Ele estava armado e ia entrar com o resolver dos polícias para procurar George.

Vicky queria levar o meu carro mas eu não permiti, fomos as duas para o hospital sem qualquer hipótese de diálogo, na sala de espera do hospital estava Alice cm o meu irmão...

— Como ele está? - Alice chorava e isso preocupou-me ainda mais.

— Ele está na sala de cirurgia, ainda não tem noticias. - Brandon beija a minha testa, cumprimenta Vicky e volta para o lugar ao lado de Alice.

Uma hora sem notícias dele é de dar em doida, vou até lá fora e Vicky aparece com dois cafés...

— Toma, bebe!

— Obrigado.

— Ele é forte e vai ficar bem!

— Sabes alguma coisa de George? - Bebo um pouco do liquido quente e olho para ela.

— Ainda nada Angel mas foste corajosa hoje, imprudente mas eu faria o mesmo.

— Pela primeira vez eu desejo a morte de alguém!

— Não és a única mas agora bebe isso e vem comigo.

Regresso para dentro do hospital, Vicky pede para ir com ela a outra ala, ela fala com uma enfermeira e pede que veja se esta tudo bem comigo, só ao levantar a blusa para ser examinada é que vejo a nódoa negra no ventre e ela limpa o sangue seco do meu nariz, com a confusão eu esqueci do que ele me fez. Na sala de espera onde não paro de pensar em tudo o que aconteceu, aguardo o resultado da minha radiografia mas sobretudo noticias de Kane...

— Os familiares do detetive Kane? - uma enfermeira pergunta perto da porta.

— Somos nós!

— A cirurgia correu bem agora ele irá para o recobro, só poderá ter visitas amanhã por isso podem ir descansar e regressar amanhã para a visita das três horas.

Ela vira costas e sai e um sentimento de alívio se abate sobre nós, mesmo depois de Brandon ir embora do hospital zangado comigo eu mantive a minha vontade, não vou sair daqui até ver ele completamente restabelecido. Eu não dormi nada, bebi um número exagerado de cafés e passo o tempo todo a andar pelos corredores ou pelo exterior o edifício. Numa dessas caminhadas olho para um grupo de homens fardados, são eles o grupo que foi atrás de George e eu abro um sorriso mesmo cansada abraço cada um...

— Como correu? Ele foi apanhado?

— Sim ele está preso e será condenado.

— Finalmente posso respirar de alívio e vocês estão bem? - Acabou o pesadelo.

— Não, estamos cansados e furiosos contigo por colocares a tua vida em risco e passares a noite aqui.

— OK já sei tudo isso!

— Toma estás num estado deplorável. - Vicky estende uma sacola com roupas e afins.

— Obrigado!

Entramos no hospital e eu passo na casa de banho para trocar de roupa e fazer alguma higiene com a escova de dentes e a toalha que também estava na sacola, depois fui obrigada a ir à cantina comer com todos pois não fui só eu a ter uma longa noite. Assim que bate as três da tarde todos esperavam para o ver e uma enfermeira olha para nós...

— Não podem entrar todos de uma vez mas podem fazer turnos de dois com períodos de cinco minutos. Não o deixem fazer esforços e mais uma coisa... Está presente Angel Simon?

— Sim sou eu! - Estava a contar os segundos para o ver.

— A sua visita foi proibida pelo próprio paciente!

— Como?