III

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Nova Orleans, 2005

Assim que cheguei no museu pra trabalhar, encontrei no estacionamento Emma e o tal cara com quem ela teve o encontro às cegas, e pra minha surpresa ela parecia estar gostando bastante de estar com ele.

Eu me aproximei e sorri forçando uma tosse.

- Emma? Na minha casa de novo hoje? Vou comprar mais queijo e morango. - pisquei pra ela e entrei no museu sorrindo sabendo que aquilo faria pelo menos uma discussão acontecer.

Não que eu quisesse atrapalhar tudo entre eles, mas porque eu queria que ela saísse dali logo e me contasse tudo que estava acontecendo e se ela tinha achado alguma coisa.

Dito e feito.

Em menos de 5 minutos ela já estava em pé ao meu lado com sua típica cara de fofa brava, que seria as mãos na cintura, sobrancelhas franzidas e um meio bico nos lábios.

- Você fica muito fofa brava. - acabei por rir dela e ganhei um tapa no braço, o que doeu pra uma coisinha pequena daquelas.

- Estragou minha manhã. - ela resmungou e começo a arrumar as caixas que estavam separadas para que ela fizesse exatamente isso.

- Qual o nome dele? - perguntei a ajudando com as caixas.

- Não deveria estar no escritório e esquecer o submundo que é o depósito? Já achou o que queria, vaza! - ela tirou a caixa da minha mão e me empurrou pra fora do depósito do museu. Eu deixei que ela o fizesse, já estava devendo um favor a ela e a irritar não ajudaria em nada.

- Mas sério, vai lá de novo? - perguntei me virando quando estava na porta só pra sentir o corpo dela chocando no meu.

- Tá... agora vaza! - ela falou um pouco mais alto e me empurrou de vez fechando a porta.

Ri fraco e fui para as exposições do museu ver como estavam, ver as crianças correndo pra ver alguma arma que tivesse por ali e as meninas os vestidos de princesa. Mas eu fui só ver o espaço em branco que tinha para as cartas e toda a história que iria pesquisar sobre o famoso soldado desconhecido. Bem, famoso pra mim e pra Emma, já que mesmo precisando de ajuda para o encontrar ele já se tornara o único assunto que falávamos quando nos encontrávamos.

- Vai ser algo grande, certo? - Janice, a minha chefe perguntou quando se aproximou de mim.

- Esperamos que sim. - respondi sorrindo e ela se aproximou de mim beijando meus lábios. Esqueci de falar que também saímos às vezes. - Aqui não.

- Desculpa, você fica sexy vestido todo chique pro trabalho. - ela falou mexendo em meus cabelos.

- Mas eu me visto assim sempre. - falei enquanto acariciava sua mão.

- Exatamente. - ela piscou e saiu indo resolver alguma coisa, bem a tempo de não ver a Emma imitando cara de vomito ao nos ver.

Ela tinha uma caixa pequena em mãos e uma cara séria no rosto.

- Pensei que já tivesse dado um pé nela. - ela falou enquanto me entregava a caixa com desdém.

- Transamos às vezes. - falei dando de ombros e ela se virou pra sair, mas puxei sua mão e beijei sua bochecha. - Obrigado.

Ela se afastou de mim e voltou pro depósito sem falar uma palavra sequer, provavelmente ainda brava por ter estragado as coisas com aquele cara de manhã.

Levei a caixa pro carro e a deixei lá, deveria ter visto o que estava lá dentro no meu escritório mas talvez o que estivesse ali dentro fosse me dar mais tempo com a Emma e estávamos definitivamente precisando de colocar os assuntos em dia, então, por quê não?

Feito isso, voltei pra dentro do museu e andei um pouco mais ouvindo algumas aulas que os guias davam. Apesar de nervoso, também estava ansioso para que uma das aulas fosse de minha mais nova exposição. O problema é não saber onde esse bendito soldado está. Quem quer que seja, sumiu depois da guerra sem deixar traço algum. Minha esperança é que ele ou a tal Rute estejam vivos pra poder falar alguma coisa sobre seus momentos.

Eu vi Emma de longe acompanhando uma aula sobre Ada Lovelace, a primeira programadora do mundo e fui até ela.

- Gosta de programação? - perguntei baixo chamando sua atenção e ganhando um leve sorriso de seus lábios.

- Sim, é bem legal... mas exatas não é minha praia como pode ver pelo meu local de trabalho. - ela se virou caminhando para o depósito e segui ela.

- Então, hoje podemos ler todas as cartas e tentar descobrir o nome dele, depois procuramos na lista telefônica e pronto, temos o nosso soldado ou a nossa querida Rute. - falei sorrindo um pouco animado enquanto apenas recebia um suspiro dela.

- Tá, a gente se vê mais tarde, ok? Tenho que trabalhar. - ela entrou no depósito e fechou a porta fazendo sei lá o que lá dentro.

Eu suspirei assentindo mesmo que ela não pudesse me ver e fui andando pra minha sala, ajeitando toda a história que deveria ser contada assim que achássemos a peça final das cartas de Rute.

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Eu amo Jemma e vou proteger sempre! Ok, a emma é bem chatinha eu sei eu sei, mas ela realmente É apaixonada pelo Jack e só ele não vê isso... quem sabe não próximos caps não é mesmo?

Cartas Para RuteOnde histórias criam vida. Descubra agora