XVI

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Nova Orleans, 2005

O senhor Elliot falava com uma imensa paixão. As memórias estavam obviamente vivas em sua mente, parecendo que ele estava vivendo tudo enquanto nos contava. Seus olhos brilhavam de um jeito que eu nunca pensei ser possível. Se o amor verdadeiro existe, tenho certeza que ele encontrou. A pergunta que ficava era: por que ele não estava com Rute?

— Joe... hora do remédio. - Amélia colocou a mão no ombro de seu marido. Sim, marido. A aliança dos dois e suas fotos de casamento espalhadas pela casa denunciavam muito bem e só nos causava mais aflição para saber o que diabos tinha mudado entre o Joseph e sua amada Rute para não estarem juntos.

— Já? Acho que reviver o passado leva tempo. Mais do que eu pensei. - sorriu simpático e se levantou com ajuda bengala, segurando a mão de Amélia em seguida. — Acho que vocês vão gostar do lago. Podem nadar e ficar a vontade. Eu e a senhora Elliot estaremos na cozinha, podem vir quando quiserem.

Emma e eu nos levantamos sorrindo para ele, agradecendo mais mil vezes pela sua hospitalidade e simpatia de nos contar e reviver tudo. Apesar de estarmos falando de seu lindo romance, ainda é uma história de guerra. Reviver deve ser doloroso apesar de todo amor.

Quando entramos no quarto eu a abracei e beijei sua bochecha sorrindo. Ela ficou levemente vermelha e eu sorri um pouco mais vendo suas bochechas rosadas e grandes olhos verde azulados.

— Vamos nadar? - ela sugeriu sorrindo e eu assenti. Apesar de não ter trazido uma roupa própria para banho, apenas roupas confortáveis para ficar em casa.

Com um sorriso suspeito no rosto, peguei Emma no colo e desci as escadas o mais rápido que pude. Abri a porta com um pouco de dificuldade e então corri para o lago pulando com ela. Obviamente o trajeto não foi tranquilo, mas consegui chegar apesar dos socos e luta dela. De novo, ela tinha muita força para uma coisa tão pequena.

— Eu vou te matar! - ela gritou entre risadas. Apesar de estar ensopada de roupa, ela parecia estar se divertindo sim. Sair daquele museu fez bom para nós dois.

— Então, senhorita Jones... Está animada para seu intercâmbio? - perguntei enquanto a puxava para a segurar. Ela era menor que eu e estávamos em uma área um pouco funda. Ela passou as pernas por minha cintura e acabei abraçando seu corpo a mantendo em meu colo.

Os olhos de Emma brilhavam com o sol. Eram os olhos mais lindos que eu já vi e veria em minha vida. Conseguia mudar de cor dependendo do ambiente... agora estava mais azulados. Eu me perdia em seu rosto e seus traços.

— Estou animada... bastante.

— Mas...

— Mas há coisas que eu não estou pronta para deixar ainda. - ela suspirou abaixando o olhar. Eu segurei seu rosto tentando chamar sua atenção, e quando consegui, lhe beijei devagar.

Ela me olhou confusa quando nos separamos. Eu sorri e lhe abracei apertado apoiando o queixo no topo de sua cabeça.

— E já pensou no que vai perder se não for? - falei baixo e calmo. Eu sabia o quão sensível Emma poderia ser. — Quanto tempo falta para você partir?

— Três semanas. Minha mãe se animou e odiou com a ideia de eu vir pra cá. - ela sorriu encostando a cabeça em meu ombro. — Se animou porque achou você um pão, e odiou porque seria uma semana a menos com ela.

Um pão. Esse é o elogio que eu não esperava. Sorri agradecido, mas acabei soltando uma risada que foi difícil conter.

— Obrigado, eu acho. - beijei a bochecha dela e então a coloquei no chão nos puxando um pouco mais para a beirada. — Emma, você não pode desistir dessa oportunidade. É a chance da sua vida. Por mais que a ideia de não te ver todos os dias seja ruim, não quero que desista disso.

Sorri fracamente para ela e consegui perceber seus olhos brilhando. Ela se aproximou devagar e juntou seus lábios aos meus. Dessa vez foi calmo, cheio de paixão e emoção.

Suas pequenas mãos se mantiveram em meu cabelo, enrolando os poucos cachos que eu tinha em seus dedos. Minhas mãos ficaram em sua cintura, acariciando sua pele macia que se esquentava ao meu toque.

— Vamos pro quarto... - sussurrou em meus lábios abrindo seus grandes olhos verdes lentamente.

— Sabe que não trouxemos...

— Eu não ligo... - me interrompeu antes que eu pudesse falar qualquer coisa.

Chegamos no quarto rapidamente. Todo o caminho nos desculpávamos por estar molhando a casa, mas subimos com a desculpa de nos trocar para voltar a ouvir o senhor Elliot.

Emma trancou a porta com tamanha rapidez, e logo tratou de começar a tirar minhas roupas. Nunca imaginei que ela poderia ter tanta... paixão dentro de si.

O caminho para a cama foi difícil. Com o fogo que estávamos, enxergar foi difícil. Batíamos nos móveis enquanto tirávamos as roupas. Quando deitamos, já estávamos nus.

Nunca pensei que estaria em um momento quente com Emma, e quando percebi que estava, não poderia querer outra coisa. Seu corpo era escultural, perfeita. Mas seu jeito amoroso, dedicado e delicado me faziam querer aquilo muito mais. Parecia extremamente certo.

Os beijos ficaram quentes, cada vez mais quentes. Nossas mãos viajavam pelo corpo um do outro devagar, como se nossas digitais memorizassem cada milímetro de nossa pele. Estávamos focados em saciar nossa vontade e prazer e nos dedicávamos a proporcionar o mesmo ao outro. A sintonia que tínhamos era indescritível.

O tempo passou sem parecer. Emma tinha seu cabelo grudado no rosto pelo suor, bochechas e lábios vermelhos e respiração ofegante.

— Isso foi... - Emma começou, mas a interrompi com o beijo mais intenso que tínhamos tido até agora.

— Eu sei... mas vamos tomar um banho. Precisamos comer. - sussurrei acariciando sua bochecha. A peguei no colo e fomos para banheiro.

Estávamos cansados demais. O banho gelado definitivamente nos acordou e rapidamente nos aprontamos para descer para almoçar e ouvir um pouco mais a história que ansiávamos.

— Bem, crianças. - senhor Elliot disse sentado na ponta da mesa com Amélia ao seu lado. — Prontos para mais?

— Conte-nos mais. - disse minha... companheira, querendo fugir do ar desconfortável que estava ali. Para ela.

— Depois do baile...

Cartas Para RuteOnde histórias criam vida. Descubra agora