VII

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Nova Orleans, 2005

Quando Emma e eu acabamos a pizza, nos encostamos no sofá completamente satisfeitos com a comida, o vinho e a vitória do dia.

— Sabe... eu não gosto da Janice. - ela falou me olhando dando mais um gole em sua taça. — Ela parece... falsa.

— Está com ciúmes. - sorri pra ela mordendo meu lábio. Peguei nossas taças deixando na mesa de centro e me aproximei da garota colocando seu cabelo atrás da orelha.

— Não. Pra ter ciúmes eu preciso gostar de você. E eu já superei isso. - ela sorriu cruzando seus braços de forma teimosa.

— Mesmo? Então por que está vermelha? E por que sempre parece furiosa quando estamos pra nos beijar e alguém aparece... - fui sussurrando enquanto aproximava cada vez mais meu rosto do da menina, passando meu polegar pela linha de baixo de seu lábio inferior fazendo uma leve carícia ali.

— Ninguém gosta de pessoas inconvenientes... - sua respiração se ofegou e seus olhos foram de encontro aos meus lábios, provocando um sorriso ladino em mim. — O que você quer? Sempre dizia que eu era nova demais e agora fica tentando me beijar.

Suas palavras me atingiram como um soco no estômago. Realmente, nunca havia parado pra pensar na minha súbita mudança de comportamento em relação à Emma. Talvez fossem as taças de vinho, mas houve aquela vez no museu que não estávamos bebendo e quase nos beijamos. Talvez fosse o clima romântico das cartas e toda a energia que elas passavam. É, deve ser.

— Desculpa, não vou te incomodar. Acho que é todo esse clima romântico das cartas. - suspirei pegando minha taça de vinho de volta bebendo enquanto encarava o chão.

— Melhor eu ir pra casa... - ela se levantou pegando sua jaqueta do braço do sofá.

— Eu te levo em casa. - levantei-me pegando apenas minha blusa social e a abotoando de volta em meu corpo. Emma ate tentou recusar minha oferta, mas eu segurei em sua mão e na chave do carro indo pro elevador após trancar a porta do apartamento.

Ela se encostou em uma das laterais do elevador ficando contra mim, então estávamos nos encarando sem falar nada. Minhas mãos estavam no bolso de minha calça e as dela estavam cruzadas em seu corpo.

Respirei fundo e me aproximei dela segurando seu rosto puxando pra mim fazendo questão de ter a certeza que ela não se afastaria, e então a beijei. Seus lábios eram macios e carnudos, despertando a vontade de beija-los cada vez mais. Assim que eles se abriram recebendo o beijo, desci a mão para sua cintura a beijando de forma intensa e calorosa, sentindo o gosto peculiar do vinho em sua língua.

Suas pequenas mãos se prenderam em meus cabelos puxando e enrolando os pequenos cachos que tinham ali. Naquele momento concordei com o Christian Grey quando disse que elevadores criam uma tensão estranha... ou algo assim.

Quando um apito surgiu e a porta foi abrindo devagar, me afastei de Emma sorrindo levemente encarando a menina que mantinha seus olhos fechados e sua boca entreaberta.

— Vamos... - falei baixo pra ela e passei o braço por seu ombro andando para a garagem entrando em meu carro em seguida.

Ela ainda estava avoada. Apenas murmurou onde ficava sua casa e colocou o cinto olhando para frente, parecendo evitar desviar um centímetro sequer para me olhar.

— Sabe, não precisa parar de olhar pra mim pra sempre. - falei por fim desviando meus olhos rapidamente a olhando, mas logo voltei a me concentrar na estrada.

Não tive resposta. Apenas observei ela morder o canto de seu dedo enquanto balançava sua perna inquieta. Levei minha mão até sua coxa e apertei devagar acariciando rindo enquanto a olhava.

Cartas Para RuteOnde histórias criam vida. Descubra agora