Nova Orleans, 2005
Emma e eu fomos pro trabalho calados. Chamamos um reboque pra moto Dela e só saímos do local quando havia chegada.
Faltava pouco pra chegarmos ao trabalho quando ouvi um barulho.
- Você tem muita coisa nessa pasta! - ela resmungou vendo os papéis. - E não está nem arrumado. Me diz, você escolhe uns papéis aleatórios e joga nessa pasta?
- Está incomodada? Arruma pra mim. - provoquei com um sorriso de lado e continuei a dirigir enquanto ficávamos em silêncio.
Quando chegamos e descemos, um tumulto estranho estava acontecendo.
- Emma?
- Oi?
- Também está vendo o carro del Diablo? - me virei pra ela apontando pro carro vermelho que temíamos. Assim que ela olhou, arregalou seus olhos, jogou a pasta em mim e então saímos correndo para dentro do museu.
Estavam todos muito agitados para que tudo estivesse perfeito para a visita inesperada do dia, o que acontecia geralmente uma vez por mês.
- Senhor Wesley? - eu parei me virando ouvindo a voz rouca de tantos cigarros atras de mim, Emma fez o mesmo e então arregalamos os olhos ao ver a porcaria da calcinha que caiu da minha pasta. Eu tinha esquecido Dela, e só lembrara agora que vi meu chefe com ela na mão. Emma deve ter tirado do lugar que escondi quando mexia na pasta... droga, ela já tinha visto! - Por que isso caiu de sua pasta?
- Ah...
- É minha! - Emma falou meio nervosa e tirou a calcinha da mão dele rapidamente colocando em seu bolso - Eu... deixei aí pra ele, sabe como é, senhor King, uma surpresa picante. - ela sussurrou baixo para que só nos três ouvíssemos. - Agora com licença, tenho que voltar ao depósito. - ela se virou pra mim e encarou meus olhos. - Jack...
E saiu.
Eu não tinha aberto a boca até aquele momento.
- Senh...
- Pra sua sala, agora. - e nem conseguiria abri-la mais.
Fomos pra minha sala e eu puxei cadeira para que ele se sentasse, tranquei a porta e então me sentei em minha cadeira esperando que ele começasse a gritar como fazia todo mês.
- Gosto dela. - ele falou me deixando confuso tirando um charuto de bolso e acendendo.
- Da marca de charuto?
- Da Emma, ela é uma boa garota e estamos tristes que ela vai nos deixar. -ele suspirou colocando o charuto na boca e dando uma longa tragada no mesmo.
- A Emma vai sair? -perguntei confuso e meio chateado por ela não ter me falado isso. Apesar de não sermos tão próximos, eu pensei que fossemos amigos o suficiente para que ela me contasse algo como isso.
- Sim, sim, ela conseguiu um estágio em um museu em Londres. Só Deus sabe o que ela passou pra conseguir. - ele soltou a fumaça do charuto e eu me peguei perdido pensando no fato de perder a única amiga que eu tinha ali.
- Ah, estou feliz por ela então. - falei sorrindo levemente quando lembrei que precisava falar algo.
- De volta ao trabalho... - ele começou e eu suspirei baixinho sabendo que era o início da conversa mais longa que eu teria naquele mês.
[...]
Quando acabamos ele saiu contente, o que era muito, muito raro. Não foi só a mim e a Emma que as cartas misteriosas atraiu e agradou. Ele estava tão feliz que me ofereceu um charuto enquanto exclamava "Chupa essa museu da história da guerra!".
Ele foi embora e eu comecei a abrir todas as janelas, ou qualquer saída de ar que tivesse em minha sala pra sair aquele cheiro de fumaça que me incomodava.
- Jack. - ouvi a voz da Emma e me virei pra ela com um sorriso leve no rosto, que logo fui sumindo assim que vi o que ela mantinha pendurado no dedo indicador. - De quem é essa calcinha que eu estou segurando com nojo?
- Janice. - e então ela fez cara de nojo e jogou a calcinha pra mim.
- Olha, você vai se virar e explicar pro senhor King que eu não sou sua namorada e que não me importo de deixar você aqui. - ela falou se virando pra sair, mas segurei sua mão e a puxei pra minha sala, agora fechando a porta e todas as saídas de som que ali tinha. 1x0 pra fumaça.
- Por que não me falou do estágio de Londres? - perguntei me encostando na mesa a olhando um pouco triste. Eu merecia saber que ela iria me deixar, somos amigos no fim de tudo.
- Porque eu não gosto de despedidas, são dramáticas, melosas, e...
- E? - perguntei quando ela deixou no ar.
- Eu já desisti de dois intercâmbios por causa da minha mãe que foi no aeroporto se despedir de mim. - ela falou enrugando o nariz da maneira fofa que ela sempre fazia quando contava algo que era "errado".
Eu sorri levemente e a puxei pela cintura e abracei seus ombros acariciando seus cabelos. Seus pequenos braços passaram por minha cintura e logo sua cabeça estava deitada no meu peito.
- Considere isso um abraço de despedida... - sussurrei em seu ouvido e logo sorri dando um beijo em sua bochecha. Quando afastei meu rosto do dela encarei seus olhos levemente e continuei a acariciar seus cabelos. Estávamos com os rostos próximos novamente e eles foram se aproximando um pouco mais. Mas bateram à porta e ela se virou bruscamente e abriu a porta saindo dali. Eu continuei encostado na mesa suspirando e sorri levemente quando vi a Janice ali.
- O que disse pra ela sair feito um furacão? - ela entrou na minha sala trancando a porta e segurou meu rosto me beijando, mas eu me afastei e cruzei os braços pegando a calcinha e entregando a ela.
- Esqueceu isso lá em casa. - voltei a olhar ela um pouco sério.
- Não esqueci, eu deixei lá pra você se lembrar de mim. - ela mordeu o lábio inferior e segurou meus braços começando a dar leves beijos em meu pescoço. - Sabe o que mais?
- O que? - falei segurando em sua cintura me arrepiando com os beijos que deixava em meu pescoço.
- Eu não estou usando nada embaixo da saia... - ela sussurrou em meu ouvido e eu mordi meu lábio inferior.
- Está trancada?
- Não brinco em serviço. - ela brincou e eu ri levemente antes de colocá-la na mesa e a beijar com intensidade.
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Hello! Espero que gostem, foi o que me deu mais trabalho até agora. Beijo amores!!!
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Cartas Para Rute
Romance1943: um soldado viaja para Nova Orleans para visitar seu pai doente. No entanto, o que era para ser uma visita à sua cidade para cuidar de seu pai, acaba apaixonando-se brutalmente pela filha do alfaiate da cidade. 1945: a guerra acabou e o soldado...