XIV

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Nova Orleans, 2005

O que era para ser meu longo e divertido banho com Emma acabou não rolando quando notamos que ambos tínhamos um total de zero preservativos ali conosco. Claro que brincamos um pouco, mas não chegamos até o que seria o ponto alto do banho, então permanecemos apenas em longas preliminares e saímos em seguida para podermos nos trocar e descer para o jantar.

Na cozinha Amélia já estava terminando de pôr a mesa e o Joseph já estava sentado na ponta lendo um livro velho, mais parecido com um diário. Emma e eu estávamos com os dedos entrelaçados e acabamos por soltar nossas mãos para nos sentar.

- O que está lendo, senhor Elliot? - a menina ao meu lado perguntou com sua voz doce enquanto se ajeitava para o jantar.

- Meu velho diário de guerra. Amélia achou entre nossos pertences e achei que seria útil para sua exposição no museu. - ele fechou o diário e estendeu para mim. Parecia mentira que estávamos conseguindo realizar tudo aquilo.

- Então o senhor nos permite usar sua história e de Rute? Mas isso não será um problema para ela? - perguntei cautelosamente mantendo o diário em meu colo enquanto o olhava.

- Tenho certeza que ela não se importará.

- Chega desse assunto, o jantar já está na mesa. Trabalho só amanhã. - Amélia falou sentando-se perto do Joseph e todos começamos a jantar.

A comida dela era incrivelmente maravilhosa. Purê de batata, frango assado e pedaço de milho na espiga. Simples mas incrivelmente gostosa.

Quando acabamos o jantar havia uma deliciosa torta de maçã nos esperando.

- Definitivamente vou sair daqui pesando um pouquinho mais. - Emma brincou se servindo com um pedaço da torta que estava de fato deliciosa como todo o jantar daquela noite.

- Pare de bobeira, você fica linda de qualquer jeito. - falei me esticando e plantando um beijo em sua bochecha. Amélia nos olhava apertando as mãos sorrindo, Joseph apenas sorria e Emma ficara completamente vermelha após o beijo.

- Senhor Elliot, amanhã o senhor continuará a história, certo? - ela desviou o assunto, mas segurou minha mão e manteve uma carícia ali devagar enquanto olhava o homem na ponta da mesa.

- Sem dúvidas. Mas creio que agora devo subir por vontade própria, senão Amélia me fará ir a força. Fiquem a vontade e boa noite para vocês. - ele sorriu e com ajuda de sua bengala e de Amélia, subiu as escadas para sei quarto.

Emma e eu ficamos parados na mesa sorrindo olhando um para o outro. Eu definitivamente estava com cara de idiota enquanto admirava sua beleza.

- O que houve? Esta encarando demais... - ela fala me fazendo soltando uma pequena risada.

- Você é linda... Muito linda... - falei baixo levando minha mão até sua bochecha acariciando devagar ali com meu polegar, sem pressa de acabar com aquele pequeno momento que estávamos tendo.

Ela ficou vermelha rapidamente e manteve um sorriso tímido em seus lábios. A coisa mais fofa que eu já havia visto em toda a vida.

- Vamos subir, amanhã temos muita conversa pra gravar e anotar. - ela sorriu se levantando e então fomos juntos para o quarto.

Acabei me deitando primeiro que ela, fechando os olhos e respirando fundo. Logo senti um pequeno peso a mais na cama e então seu pequeno corpo em cima de mim.

- Senhorita Jones... Não imaginava que isso seria de seu feitio. - brinquei sorrindo enquanto levava minhas mãos até suas costas acariciando ali. Emma já havia se despido, e estava apenas com sua calcinha e uma blusa larga que eu notei em seguida ser minha. - Mexendo em minha mala? Que coisa feia!

Ela me deu a língua e um tapa no braço, obviamente de brincadeira, mas ainda sim forte para uma coisinha tão pequena quanto ela.

- É mais confortável... - ela falou e se deitou ao meu lado, virando de costas e mantendo sua bunda impressionantemente empinada para minha direção. - Boa noite!

- Está fazendo de propósito... Sabe que não vou conseguir dormir! - resmunguei enquanto me virava de costas de braços cruzados fechando os olhos. Acabei sentindo em seguida um pequeno braço passando em minha cintura e seu corpo se aconchegando em minhas costas. Não pude conter o sorriso.

Nós dormimos assim, abraçados. No meio da noite rolávamos e trocávamos quem era a conchinha maior, mas nunca nos afastávamos. Era confortável e quente ficarmos nos braços um do outro. Nossos corações se acalmavam e ficávamos tranquilos no sono. Sem perturbações, sem preocupações... Apenas paz.

Na manhã seguinte acordei sem a Emma em meus braços e com o barulho do chuveiro ligado vindo do banheiro em anexo ao nosso quarto. Continuei afundado na cama com preguiça de sair até mesmo para ir mijar, o que eu precisava bastante. Manhas sempre forma difíceis de fato para mim.

A pressão na bexiga me levantou na base do ódio. Preferi ir em outro banheiro do que perturbar o banho de Emma. Com uma intimidade certamente maior com ela ou não, banhos são sagrados e respeitaria isso.

Ainda estava sonolento, mas me concentrei completamente no que estava fazendo para a mira do jato não ir pra longe. Não sabia quem limpava mas certamente essa pessoa não merece ter que limpar xixi no chão. Acabei, garanti que não ficasse nenhum resquício de xixi em mim, - questão de higiene - lavei as mãos e voltei pro quarto. Emma já havia acabado o banho e estava se trocando sem me notar. Fiquei sorrindo admirando seu corpo e andei lentamente abraçando seu corpo por trás.

- Bom dia... - sussurrei em seu ouvido e beijei sua bochecha.

- Bom dia. - ela sorriu se virando pra mim e beijou meu nariz. - Está com bafo.

Riu, e então se soltou terminando de se vestir. Aproveitei a deixa e fui então tomar o meu banho para acordar e começar o dia que certamente seria tão produtivo quanto apenas o jantar de ontem foi.

Demorei pouco. Não queria gastar água da casa dos outros. Ser uma visita incomoda não era do meu feitio. Escovei meus dentes e voltei pro quarto agora vazio. Me vesti com as roupas mais confortáveis que eu havia trazido e desci vendo uma linda mesa de café posta por Amélia. Ela servia o café para Emma com um sorriso. O senhor Joseph a observava com um sorriso apaixonado enquanto se preparava para nos contar mais histórias.

- Pronto, crianças?

Cartas Para RuteOnde histórias criam vida. Descubra agora