Primeira Estrada - Decisão: Parte 2

80 7 0
                                    

  Aquele cara... Não sabia... Dirigir! Em dois minutos dentro daquele carro já quase tínhamos batido o carro duas vezes. Ele dirigia que nem um bêbado cegado. Giulia me olhava com medo enquanto segurava minha mão. Ambos estávamos no banco de trás do carro que parecia um Gol 2014 vermelho.
- Eu não vou deixar nada acontecer com você... Não se preocupe... - Tentei dizer aquilo para acalmar ela, mesmo sentindo que as nossas vidas estavam indo para uma direção diferente.
  Ela concordou com a cabeça ainda com medo mas um pouco mais calma e logo fechou os olhos. Fiquei olhando para frente olhando para ele e logo... Não lembro de mais nada.
  Acordo no meio de escombros e pessoas do lado se desesperando e falando.
- Eles estão bem! Estão acordados!
  Ouço a voz desse homem e do meu lado vejo Giulia sangrando na cabeça e machucada. Eu estava tonto então demorei para perceber oque tinha acontecido. Tínhamos sofrido um acidente. Olhei para meu braço e estava sangrando, mas acho que foi coisa da minha cabeça por quando o movi para perto de uma sombra ele parecia que estava melhor sem sangramentos. Balancei de novo a cabeça tentando ficar consciente e logo vi Giulia ainda sangrando. Olhei para o banco da frente e não achei aquele maldito cara que tinha feito isso com a gente.
- Droga... Quando eu achar esse cara... Eu vou matar ele...
  Após dizer aquilo percebo que Giulia não podia ficar alí, rapidamente respiro fundo e me forcei a recuperar a sanidade. Com um chute quebrei e lancei pra fora a porta do carro que estava amassada e logo peguei Giulia com cuidado levando ela para fora. Chegando lá fora eu sentia como se aquele Sol estivesse me queimando e tirando minhas energias, mas me mantive forte e logo peguei meu moletom lá dentro o vestindo.
  Após me vestir olhei para os lados e todos olhavam para mim. Fiquei com raiva daquilo e logo levantei pegando Giulia no colo. Me forcei a andar e quando um homem mandou eu ficar parado rapidamente o olhei com ódio e ele se calou. Comecei a andar quando eu vi aquele cara caído no meio de algumas pessoas fazendo massagem cardíaca nele. Ele do nada gritou e se sentou no chão começando a respirar com força. Dava para ver que ele estava tonto mas parecia procurar a gente. Quando nos viu se levantou e veio na nossa direção, viu o estado da Giulia e disse.
- Me desculpa... Apareceu um carro na nossa frente do nada e isso acabou acontecendo...
- Acha que eu ligo? Eu só preciso que ela fique bem... Não posso deixar nada acontecer com ela... - Disse ouvindo uma ambulância vindo ao longe.
  Ele voltou sua visão para mim e disse.
- Olha, eu sei que eu falhei com você, eu fiz sua melhor amiga sofrer um acidente, mas a gente não pode ficar aqui... Não depois de tudo que fizemos... A gente precisa sumir. Você tem que deixar ela aqui para os médicos cuidarem dela, e tem que ir comigo... A gente precisa chegar em um lugar! Rápido!
  Fiquei olhando com nojo para ele e raiva, mas eu sabia que não podia ficar alí. Respirei fundo e deixei ela calmamente no chão e fui até o carro me abaixando e pegando minha mochila jogando os livros do colégio fora e o caderno de matéria também. Deixei só o livro que eu usava para ele e peguei a garrafinha de água bebendo ela e logo a guardando fechando na mochila.
- E para onde vamos? - Disse no meio daquele tumulto ainda friamente enquanto colocava a mochila nas costas.
- Apenas me siga!
  Ele começou a correr saindo da estrada. Mas era diferente o jeito que ele corria. Fiquei estranhando aquilo até lembrar que ele usava muletas e continuei o seguindo. Aquele dia estava ficando cada vez mais estranho. Entramos no meio de um beco e continuamos seguindo até um estacionamento de uma loja.
- E agora? - Perguntei impaciente.
- Pera cara... Eu tenho que achar um carro bom...
  Não entendi oque ele disse. Continuei olhando para ele que parecia procurar um carro, até que ele para na frente de outro carro, igual o dele. Um Gol 2014 mas dessa vez preto, ele quebrou o vidro do carro e abriu a porta. O alarme do carro tinha soado e algumas pessoas olhavam para gente, ele rapidamente começou a fazer ligação direta, mas não estava dando certo.
- Quer fazer alguma coisa, faz direito! - Exclamei com raiva olhando para ele.
- Quer vir aqui fazer? Faz alguma coisa e entra no carro logo!
  Fiquei com raiva e continuei fora esperando, dessa vez vinham algumas pessoas atrás da gente. Pareciam nervosas e eu sentia que ia dar merda, quando do nada o carro ligou e logo ele entrou.
- Eu mandei entrar... Vamos rápido!
  Ele disse entrando no carro e fechando a porta. Ele acelerou com o carro e deu ré e depois começou a acelerar. Oque ele queria que eu fizesse? Pensei rápido e logo escalei o carro no momento que ele começou a acelerar mais ainda queimando pneu indo para frente. Tive que ter força para manter o equilíbrio e porra, oque eu estava fazendo. A minha direita vi a porta abrindo e logo respirei fundo e com cuidado entrei no carro fechando a porta e abrindo o vidro.
- Seu maldito idiota, cretino do caralho! - Olhei para ele com raiva enquanto coloquei o cinto de segurança deixando a mochila no banco de trás.
- Pronto... Ta mais calmo agora?
- Oque você acha? Pra onde vamos?
- Se eu te contar promete não querer recuar agora e ir embora?
Olhei para ele duvidoso sobre sua capacidade de pensar. Se eu fosse querer ir embora e deixar aquele cara eu não tinha nem aceitado a primeira, simplesmente estava foda-se para tudo agora.
- Prometo... Diz logo.
- Vamos para um acampamento...
  Olhei para ele com uma cara de ódio e ao mesmo tendo pena de sua idiotice. Balancei a cabeça e resolvi não perguntar o por que caralhas iamos para um acampamento. Ainda estava meio atordoado do acidente então logo apaguei de novo.
  Tive sonhos estranhos que eu sempre tinha e no final era sempre o pesadelo de estar queimando enquando me afogava, mas dessa vez era diferente, eu estava no meio do mar e um cavalo azul como a água nadava envolta de mim com raiva e logo avançou em mim, mas antes disso uma enorme águia avançava nele e batalhava com suas garras tentando acertar seus olhos. Eu via a praia e tentava sair daquele conflito quando ao chegar na praia tinha dois cachorros que pareciam demoníacos me olhando, mas ambos começam a lutar entre sí, corri para o lado e vi uma coruja avançar em um Javali enorme que vinha contra minha direção. Olhando aquilo troquei a direção novamente e fui correndo em direção a floresta vendo vários animais lutando em minha volta enquanto passava pela floresta.
  No fim dessa floresta eu vi um campo de flores e respirei fundo parando de correr alí no meio daquele campo, derrepente um Grifo enorme para na minha frente e logo eu sinto que não ia me atacar ele fica parado me olhando até que eu finalmente acordo.
  Acordei respirando fundo e pesadamente ainda me vendo sentado no carro e sozinho. Era talvez 17:30hrs por que eu via que logo o Sol ia se por. Olhei para o lado me vendo em um posto de gasolina e vi um funcionário enchendo o tanque enquanto aquele cara do colégio vinha na minha direção com varias sacolas com comida. Ele entregou para mim dizendo para eu ficar em silêncio. Quase gritei mas mantive a calma enquanto via ele pagar e logo entrar no carro começando a dirigir. Abri as sacolas e peguei um pote de Pringles sabor queijo e comecei a comer acompanhado de uma lata de coca-cola que coloquei no meio dias coxas.
- Então... Qual seu nome? Você conseguiu arranjar bastante confusão hoje. - Disse ele enquanto continuava dirigindo por uma estrada onde os lados so tinham mata e árvores realmente grandes.
- Eu arranjei confusão? Fala sério... Me diz você primeiro... Qual seu nome? - Exiji uma resposta enquanto o encarava e continuei comendo.
- Meu nome é Icro, sou guardião júnior. Agora o seu?
- Meu nome não te interessa seu merda! Oque quer dizer com guardião? - Disse nervoso sem entender aquilo que ele disse.
- Por acaso já percebeu que eu ando diferentemente das outras pessoas? Então, na verdade... Eu... Sou um Sátiro.
- Oque? 
  Disse estranhando aquilo que ele disse me lembrando de antigas histórias sobre os gregos que eu ouvia do meu pai: "Um dia um Sátiro vai te buscar e vai te levar para um acampamento que se chama Acampamento Divino. Lá você vai saber quem é sua Mãe e vai saber que todas essas histórias que eu te conto não é atoa. Nunca se esqueça disso, mas agora é hora de dormir... Eu te vejo amanhã."
- Por acaso, qual o nome desse acampamento? - O olhei confuso e um pouco assustado.
- Acampamento Divino... Eu sei que o nome é feio... Mas lá realmente é demais!
  Fiquei parado por um segundo tentando raciocinar tudo e logo voltei a dormir sem conseguir terminar de comer e beber.
  Quando acordei vi a gente agora em um estrada de terra passando por árvores e logo olhei para ele.
- Eu sei... Seu Pai estava te preparando para isso... Você já sabe oque você é, né?
- Eu sou... Um semi-deus? - Perguntei confuso o olhando. Eu me sentia forte e poderoso naquele momento, cheio de energia e pronto para acabar com qualquer um que viesse na minha frente. Era noite. 20hrs para ser exato e aquilo eu tinha certeza.
- Exato... - Disse ele parando o carro - E eu sou seu guardião. Seu Pai sabe para onde estamos indo e está esperando a gente lá... Perdemos muito tempo naquele acidente.
- Minha mãe é realmente uma deusa?
- Sim, você é filho de uma Deusa. Ainda não sabemos qual... Alguma suspeita?
  Fiquei calado olhando para o caminho que a gente seguia. Logo na frente tinha um homem esperando a gente. Era meu Pai... Mas... Ele estava correndo na nossa direção!
- Para esse carro agora! Meu Pai precisa entrar...
- Olha atrás dele... Não podemos parae o carro!
  Me forcei a olhar melhor. Atrás dele uma névoa estranha vinha em sua direção. Icro acelerou até ele e quando chegamos mais perto eu pude ver a névoa pegando nos braços e pernas do meu Pai. Icro parou o carro próximo do meu Pai e eu sai correndo em direção a ele com um desespero na garganta mas sem voz para poder gritar tudo que eu queria. Ouvi meu pai falando...
- Eu te amo!
  Meu pai foi desmembrado em cinco pedaços que antes de caírem no chão foram pegos pela névoa que desapareceu com tudo que era do meu Pai. Olhei para aquilo e me ajoelhei no chão, meus olhos pesavam e meu corpo vacilava. Eu não consegui a fazer nada, eu não conseguia chorar eu não conseguia gritar, simplesmente... Cai e apaguei.

O Filho de Nyx - A Maldição Do AnoitecerOnde histórias criam vida. Descubra agora