Primeira Estrada - Decisão: Parte 4

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  Depois do meu típico "pesadelo", meu sonho mudou para um tão estranho quanto. Eu via uma mulher que estava em uma sala bem iluminada e cheia de livros e caixas. A mulher era muito linda, e só pelo rosto se via o quão gentil e caridosa ela era. Ela andava pela sala tentando ver os livros e as caixas. Todos estavam abertos mas sempre que a mesma chegava perto de uma caixa ou livro aberto, a caixa ou livro rapidamente se fechava, e se ela forçasse o livro saía voando e a caixa sumia. A cada tentativa sua frustração parecia aumentae cada vez mais, mas a mesma não desistia nem sequer por um segundo, tentando de novo e de novo sempre. Eu estava começando a ficar frustado e com raiva daquela cena quando meu sonho tremulou e logo mudou novamente.
  Agora parecia que eu estava no corpo de alguma coisa que voava e logo olhava para um homem que parecia muito grande preso a uma montanha ou alguma coisa. Não consegui destinguir. Meu primeiro sentimento foi de pena ao ver que a barriga do homem estava aberta e devoravada sem a maioria dos órgãos internos. Ele parecia sofrer com a dor mas ele não morria, oque era natural acontecer.
  Finalmente acordei. Ainda era madrugada, 03:00hrs pra ser exato. Não me pergunte como eu sabia as horas na parte da noite, eu só sabia e tinha certeza disso. Vi a grama congelada ao meu redor e logo senti o bem estar e minhas energias restauradas e sem a dor de cabeça que eu deveria estar tendo após uma queda daquelas. Respirei fundo me levantando e logo na frente do caminho que eu deveria seguir vi meio que um pássaro grande se aproximando. Quando chegou perto de mim vi que era uma Harpia. Um rosto horrendo de mulher em um corpo de águia e seios para fora. Era maior do que eu pensava. Tinha meu tamanho.
- Mas que merda! Essas porras não param de aparecer! Vai tomar no cu!
Extravasei gritando para a floresta toda ouvir. Eu já estava puto com aquilo, quando vi ela se aproximar mais e devagar como se tivesse medo ou respeito de mim. Vi ela se curvando e logo desejei que fosse o cão infernal. Odeio criaturas voadoras. Pensei em uma odeia e logo disse.
- Vai embora daqui! - Tentei a mesma coisa que eu tinha feito com o cão infernal.
- Minhas ordens são de superiores, me desculpe "My Lorde"! - Ela parecia se lamentar por aquilo como se realmente não quisesse me atacar.
  Estranhei oque ela disse... "My Lorde"? Me perdi nos pensamentos quando vi ela voar rapidamente na minha direção e me dar um golpe certeiro me matando. Quando pisquei os olhos vi de novo ela na minha frente se preparando para atacar. Eu tinha tido outra premonição. Dei um rolamento para esquerda e comecei a correr dentro da floresta. De lado eu pude ver ela fazendo o mesmo movimento da minha premonição e logo continuei correndo tentando fugir dela.
  Ouvi suas asas e ela vindo atrás de mim, queria que aquela névoa novamente aparecess mas, como ótimo herói que sou acabei tropeçando em uma pedra e caindo de cara no chão. Me virei e sentei no chão olhando a Harpia, Ela estava preparada para me dar o golpe final quando do nada uma saraivada de flechas amarelas que pareciam feita de luz sólida atingem sua cabeça, peito e garganta.
- Mas oque...? - Perguntei confuso vendo a Harpia explodir em areia e com ela as flechas sumirem.
  Olhei para o lado e vi uma garota extremamente linda saindo das árvores. Ela tinha cabelo curto castanho, e usava um enfeite amarelo no lado esquerdo da cabeça, preso no cabelo. Seus olhos eram castanhos e lindos, ela usava óculos estilo John Lennon, e eu consegui a enxergar mesmo no escuro que a mesma usava aparelho nos dentes. Ela estava segurando uma flecha de bronze enquanto vestia a blusa cinza escrito Acampamento Divino e calça jeans rasgadas no joelho. Usava um vans amarelo e parecia meio óbvio que sua cor favorita era amarelo.
  Vi ela se aproximar de mim e logo estender a mão. Aceitei a ajuda e me levantei segurando sua mão. Ela não demonstrou muito sentimentos e colocou o braço dentro do arco e o levou até os ombros pegando os óculos e limpando eles.
- Meu nome é Isabelle. Sou filha de Apolo e Líder do chalé de Apolo. - Ela disse sem dar muita importância para oque a mesma disse. Colocou os óculos e me olhou com indiferença.
- É... Meu nome é Nathanael, mas todos me chamam de Nathan e eu não sei de quem sou filho. - Disse normalmente como sempre. O jeito que eu falava parecia arrogante mas eu simplesmente dizia normal do jeito que eu achava.
- É... Percebi. Você é novo por aqui... Icro falou de você e disse que tava demorando. Eu escutei você gritando e vim atrás de você. Dia difícil? - Ela perguntou mas eu senti que ela não dava a mínima para oque eu falava ou ia falar.
- Sim. O pior. Não para de aparecer monstros...
- Eu entendo. Já passei por isso... Mas tudo bem. Me siga, vou te levar em segurança para o acampamento.
  Me mantive em silêncio e confirmei com a cabeça. Percebi que ela usava um colar com vários pingentes que combinavam com ela. Ela começou a andar e eu segui ela.
  Após uns cinco minutos de caminhada senti uma barreira fraca passar por mim e na frente vi logo todo um acampamento. Era alí o tal "Acampamento Divino"? Segurei uma risada quando vi um arco de madeira ficar sobre a estrada de terra que levava até o acampamento, escrito o nome daquele lugar. "Acampamento Divino". Ao longe vi a última pessoa que eu esperava alí aparecer, Giulia estava correndo na minha direção usando também uma blusa cinza com aquele nome que já estava me dando ódio. Ela chegou até mim e me deu um abraço.
- Você não sabe o quanto fiquei preocupada com você...
  Não retribui o abraço como eu sempre fazia e fiquei estranhando. Eu deveria estar sonhando de novo. Não era possível.
- Oque você ta fazendo aqui? - Disse me soltando do abraço dela vendo alguns campistas se juntarem. A tal Isabelle seguiu para uma casa grande de três andares vermelha, e Icro se juntou aos campistas que me rodiavam.
- Eu sou uma semi-deusa, ué! Igual você! - Ela sorriu me olhando.
- Você é uma semi-deusa e agora que vem me dizer isso?
- Eu não podia contar. Me desculpe... Mas desde que eu sai daqui no meu primeiro verão de acampamento, eu sabia que você também era um semi-deus. Eu sentia sua energia, por isso sempre te chamava para sair! Eu queria te trazer para esse lugar, mas você é muito teimoso! Eu sinto muito pelo seu Pai... Eu fiquei sabendo oque houve.
- É... - Disse dessa vez querendo ser frio mesmo. Odiava receber tanta atenção - Quem é seu Pai ou Mãe divino?
- Ah sim... Bem... Sou filha de Afrodite!
  Ela sorriu e eu fiquei olhando para ela com desgosto e logo comecei a andar passando por todos, quando ouvi um tremendo barulho vindo de alguma parte do acampamento e logo vi os campistas indo em direção a aquele lugar segurando armas e escudos.
- Nathan, vai para a casa grande! Depois a gente conversa melhor!
  Ela sorriu e pegou uma faca que ela carregava na cintura e saiu correndo para o lugar. Dei de ombros vendo Icro ir junto e logo vi aquele garoto de antes aparecer atrás de mim, o tal de Alexandre Victorius.
- Ah... Nathan. E aí... Como ta sendo seu primeiro dia? - Ela sorriu não ligando para os gritos dos campistas.
- Uma merda! - Forcei um sorriso olhando para ele.
- Entendo... Bom... Talvez você queira participar da festa. Vi que você foi bom com minha espada... Pode usar ela... Eu vou usar uma lança. - Disse ele me entregando sua espada e sorrindo logo saindo de perto de mim indo para o lugar fazendo uma espada de sombras surgir na sua mão.
  Senti aquela espada de ferro negro na minha mão me chamando para matar mais e mais. Aquilo era irresistível quando eu aceitei jogando minha mochila dentro da casa grande mesmo estando trinta metros de distância dela. Sorri psicótico sentindo aquela névoa sair de dentro de mim novamente. Fui em direção a aquele lugar quando vi varias cabanas cada uma diferente e mais bem feita que a outra. Pude destingir que a grande feita de mármore era de Zeus lembrando das histórias do meu pai. Reconheci cada chalé e logo olhei para o campo de batalha que estava todo coberto de névoa. Eu podia sentir... Minha névoa. Eu podia ver claramente mas todos que estavam lutando lá tinham dificuldades tirando aquele garoto que me deu a espada que parecia ver claramente.
  Quando assimilei tudo os campistas pareciam que estavam lutando contra esqueletos mortos-vivos com armaduras, espadas e escudos. Corri em direção a aquela guerra e rapidamente "decapitei" a cabeça de um esqueleto com a espada. Continuei correndo e dei um chute voador em um esqueleto o jogando para trás fazendo sua armadura de cota de malha ser perfurada por uma lança de bronze.
  A cada esqueleto que eu derrotava aquela espada parecia sentir falta de sangue, ela queria que eu matasse e aqueles esqueletos não estavam o suficiente para saciar sua sede por sangue. Vários campistas estavam sendo machucados por que não conseguiam ver graças a névoa até que um garoto estranho de cabelos loiros apareceu segurando uma lança e ergueu ela.
- Eu convoco os ventos!
  Rapidamente um forte vento passou pelo campo todo tirando minha névoa e fazendo quase um esqueleto me acertar se eu não tivesse tido aquela premonição. Logo desviei e dei um golpe com a espada deitada na cabeça do esqueleto tirando ela do corpo dele. Não tinha como derrotar aquelas criaturas e minha sede de sangue com a da espada parecia aumentar cada vez mais. Olhei para o lado quando vi a tal garota Isabelle, lutando ao lado de Alexandre e o garoto loiro como se eles estivessem juntos a anos. A ta que a combinados com perfeição. Foi incrível.
- Não tem como matar eles... - Suspirei falando baixo para mim mesmo tentando diminuir o ato heróico e sensacional que eles estavam tendo.
  Olhei para o lado indo atacar outro esqueleto quando vi outra cena extremamente chocante. Tudo parecia somente piorar... Um esqueleto tinha atravessado a espada no peito de Giulia e ela estava sangrando no chão. Corri até ela deixando a espada no chão e peguei sua cabeça colocando encima do meu colo. Olhei desesperado para ela sem saber o que dizer ou fazer.
- CHEGA! - Gritei, mas geralmente quando eu grito (quase nunca), não saiu tão alto e estridente quanto agora. Todos tinham ouvido e parado, inclusive os esqueletos.
  Os esqueletos após olharem para mim explodiram em pó deixando suas armas, armaduras, escudos, lanças, arcos, espadas, etc. Vi no chão a espada que eu estava usando e ela estava suja de sangue... Estranhei aquilo pois os esqueletos não tinham sangue e toda a lâmina da espada estava sangrando. Olhei para Giulia que agora cuspia sangue enquanto me olhava e logo sorria.
- Você fica tão fofo... Quando está... Irritado... - Ela sempre me dizia aquilo e aquilo servia para me acalmar. Ela tossiu e cuspiu mais sangue.
- Você vai ficar bem... Tem que ficar bem... Não me deixa! Não agora!
  Disse quase chorando olhando para o rosto de Giulia e vendo alguns campistas com primeiros socorros me olharem ao ficar do meu lado com olharem de que não havia como ajudar ela. Ela estava morrendo e eu não podia fazer nada.
- Me visite... De vez enquando... - Ela sorriu fazendo esforço para levantar sua mão e passar no meu rosto. Com a outra mão ela tirava o colar que ela sempre usava e deixou na minha mão.
  Consegui evitar que lágrimas caíssem mas se eu falasse qualquer coisa não ia aguentar o choro. Entregaram néctar fazendo ela beber mas aquele corte só queimava e esfumaçava na barriga dela. Não tinha como salvar ela. Desabei meu rosto em sua testa começando a chorar ao perceber que minha única e melhor amiga tinha morrido. No mesmo dia, que meu pai...

O Filho de Nyx - A Maldição Do AnoitecerOnde histórias criam vida. Descubra agora