Quarta Estrada - Derrota: Parte 4

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Só pra constar, eu não queria, não queria mesmo. Como tudo chegou nisso?
- Ela está morta... Se é sobre a gata que está procurando. - Ele dizia ainda me olhando com olhar superior.
- Mira? - Eu sentia o ódio junto com meu sangue percorrer todo meu corpo.
- Claro, se fala da gata. Ela mesma. Entenda, isso daqui não é um filme. Eu não ia deixar você com aliados na nossa luta final.
Eu já não ouvia oque ele dizia, eu só via a névoa ao redor do meu corpo começar a se formar. Azul escuro com roxo, brilhando intensamente. Eu não estava com instinto assassino, eu estava com um sentimento muito maior dentro de mim. A dor me consumia de ouvir aquelas palavras.
Mesmo a pouco tempo conhecendo ela, eu já a considerava alguem especial para mim. Eu não podia mais perder alguem assim para mim.
Então vendo minha situação de Frenesi, o outro Nathan ficou em pé sobre o telhado segurando firmemente sua lança enquanto me encarava. Eu soltei a espada de bronze e substitui ele por meu sabre de ferro estigio. Um simples segundo depois o local onde estávamos estava com rachaduras por causa da força que aplicamos no local nos jogando um contra o outro.
Choquei meu sabre contra a lança dele que faiscaram, o sabre percorreu na lança e ia atingir seus dedos decepando eles quando tocasse, mas mesmo assim a ponta da lança atingiu meu peito sem parar o rumo e quase atravessou ele se não fosse pela névoa. Meu sabre atingiu e parou nos seus dedos, eles não se moveram. Ficamos alí no ar em segundos se encarando quando ele sorriu e disse.
- Legal né? Presentinho do rio estige!
Ele olhava com um olhar irônico para mim. Perfeito agora eu tinha que enfrentar um super semideus com corpo de ferro.
- Isso não impede, não vai impedir que eu te mate! - Eu dizia com raiva.
- Mas as surpresas não acabaram por ai... - No momento seguinte eu só me via no chão no meio de um buraco.
- Como...? - Eu disse me sentando voltando a encarar ele, mas ele não estava mais lá.
- Fica ai, preciso te contar uma historinha... - Ele reapareceu na minha frente prensando meu corpo no chão com o pé - Já ouviu falar de despertar? É uma habilidade que só os semideuses tem... Explicando melhor, quando um semideus atinge um nível de treinamento, poder, inteligência, ele se aproxima mais do seu parente olimpiano, seu sangue começa a ferver e aquela metade humana dele começa a desaparecer. Seu poder cresce e evolui, ele se torna um deus menor. Mas não pense que isso é fácil de fazer. Em toda a história do mundo, apenas quatorze casos foram descobertos por filhos de Atena. No começo ninguém levou muito a sério, mas eu, eu sabia que era verdade por que eu encontrei um semideus que atingiu esse nível, ele era incrível em tudo alguem admirável! Ele só tinha um defeito, você quer saber?
- Não!
- Pois eu vou dizer mesmo assim... O único defeito dele era, ele era seu pai.
Aquelas palavras, doiam tanto. A dor no meu peito era tão grande, eu nunca fui de ligar para sentimentos essas coisas, mas a pressão emocional, psicológica... A névoa sumiu do meu corpo.
- Vejo que a dor que está sentindo é maior que a raiva... - Ele sorriu - Não entendeu ainda, né? Você é lento apesar de tudo... Eu, seu irmão a dor, o orgulho, todos trabalhamos juntos para acabar com você. Por que? Por causa da sua profecia. Alguem como você não pode viver. Essa dor que está sentindo é presente do seu irmão. Usamos todas as pessoas importantes para você, até aquela garota que segundo profecias seria sua namorada nos matamos, matamos sua ajudante, sua melhor e única amiga, seu pai. Matamos você aos poucos e você não percebeu. Criamos essa dor e agora só alimentamos ela. Enfim, sobre aquilo de despertar... Adivinha quem despertou? Exatamente. Eu! Eu tenho poderes inimagináveis e acredite, como eu disse, isso não é um filme, eu não te contaria tudo se eu não tivesse certeza ou soubesse tudo que ia acontecer. Oráculos, filhos de Apolo, todos trabalham para mim. E agora o mundo está em caos...
- Você só fala, fala, fala... Parece que pra fazer tudo isso você teve que estudar bastante, me conhecer melhor que eu mesmo, mas parece que não fez a lição de casa, se soubesse, se me conhecesse, ia souber que... Eu não ligo para nada que você diz. - Eu dizia respirando fundo tentando manter a ironia até o fim.
Ele sem expressão continuou me olhando.
- Ah... Mesmo perto da morte... Você continua insolente. Ah, se eu pudesse te matar com minhas próprias mãos...
Ele falava sem parar e eu já tinha parado de prestar atenção faz um tempo quando por impulso rapidamente impulsionei meu corpo levando minhas pernas para cima e prendendo ele e mandando para o chão o segurando. Rapidamente me soltei dele e fui para trás, peguei minha espada do chão me perguntando como eu podia descobrir o ponto fraco dele.
Eu lia nos meus livros sobre magia sobre o rio estige e seu corpo de ferro, mas ele não falava muito bem como eu podia encontrar seu ponto fraco. Por que eu continuava lutando? Eu me perguntava com aquilo na cabeça quando a dor dentro do meu peito parecia sumir aos poucos, ficando cada vez mais suportável.
Mas ainda sim, alguma coisa atrapalhava minha visão como se una luz forte do chão saísse e quisesse me cegar. Abaixei a cabeça quando percebi que a luz continuava mas não vinha do chão. Pude ver pendurado no meu pescoço, o colar que eu usava com vários pingentes e signos, todos brilhavam. Alguma coisa me dizia que os deuses assistiam nossa luta e apostavam em mim.
Aquilo conseguiu aumentar ainda mais meu ego. Apenas sorri e fiquei em posição de combate encarando ele.
- Por que continua lutando? - Ele dizia com o ego mais inchado que o meu.
- Nem eu sei, mas acredito que se eu corresse, que se eu tentasse fugir, toda a minha jornada até aqui seria em vão e mesmo se eu conseguisse sair vivo dessa, do que adiantaria viver em um mundo todo fodido? Mesmo que a paz e a estabilidade não possa voltar ao mundo, eu posso vingar ele, todas essas pessoas que morreram, e toda a carnificina que o mundo se tornou... Como? Chutando sua bunda de ferro até ela quebrar! E também, eu descobri que minha mãe não matou meu pai...
- Bonito discurso, mas bem... Eu já falei, isso não é um filme. E também, oque adiantaria saber logo agora que sua mãe não matou seu pai? Acha que depois de negar tanto ela, ela o ajudaria logo agora?
- Era uma esperança, mas com você falando assim... É desanimador.
- Eu disse, não...
- Fui irônico, seu idiota!
- Sua insolência vai persistir até quando?
- Por que não cala a boca? Eu já lutei contra deuses, contra demônios, fui treinado em três acampamentos diferentes, dei praticamente uma volta no mundo e mandei Apolo para o Tártaro, eu derrotei o Drakkon, eu sou metade vampiro. Sou filho de Nyx, neto de Zeus, sou um Nefilin além de ser um Campeão de Nice e ter a bênção de um anjo! Oque você acha que pode fazer? Só por causa do seu corpinho de ferro e por que se tornou um deus menor? Por favor...
- Eu não esperava por uma briga de egos... Sabe... Todos acham que a deusa Nice, minha mãe é uma deusa menor, oque não imaginam é que seu poder além da compreensão. Eu tenho o sangue dela e bem... Tenho parte de seus poderes e ainda sim com esse pouco poder dela me permite me movimentar na... - Ele sumiu outra vez e no momento seguinte eu me abaixei cuspindo sangue vendo ele e seu punho no meu estômago - Velocidade da luz! - Ele sorriu enquanto dizia aquilo e me deixava cair - Ou bem, quase isso...
- Isso não estava nos meus planos...
Me levantei do chão com dificuldade quando eu só pude sentir seus ataques, ele era rápido demais. Eu não podia ver ele. Ele não tinha estudado muito física pois era claro que não estava nem perto da velocidade da luz mas, ainda sim com certeza era algo entre MAC10 para cima. Eu sentia meu corpo inteiro participar de uma grande hemorragia interna coletiva, dessa vez o por do sol não ia me ajudar, ainda era por volta de 10hrs da manhã.
Ele me deu um golpe forte a ponto de lançar contra seu chalé, ele não durou nada quebrando e caindo todo encima de mim. Eu não tinha chances contra alguem como ele sem ajuda. Dentro dos escombros estava escuro, o único motivo de parte do meu corpo se regenerar. Eu não podia ficar alí. Usando forças que eu não tinha saí de dentro dos escombros e comecei a encarar ele.
- Ainda de pé? Parabéns, você é um bom saco de pancadas.
- Você fala demais... - Eu disse caminhando para fora dos escombros.
- Vocês dois falam demais... Por favor, né... Ninguém merece duas princesas lutando, quanta briga de ego.
Eu e Nathan nos viramos em direção a voz e a nossa imagem era de um semideus segurando uma espada de bronze na mão e usando uma jaqueta de couro e calça jeans preta.
- Nero, oque faz aqui? Pensei que tinha morrido. - Dizia o outro Nathan olhando para ele com face de surpresa.
- Me matar nunca foi fácil, em nome dos velhos tempos posso ter uma palavrinha com nosso convidado? Lembra você me deve um favor.
- Ah... Tudo bem, não gostaria de morrer sabendo que te devia um favor. - Eles favalam ignorando o campo de guerra ao nosso redor.
- Você esta trabalhando para ele, Nero? - Perguntei me lembrando da nossa luta e naquele momento me toquei que não o via desde então.
- Por favor, eu não trabalho para ninguém... - Ele começou a andar na minha direção e logo quando chegou na minha frente me puxou um pouco mais para longe de Nathan - E ai, algum plano?
- Plano? - Perguntei confuso para ele.
- É... Qual parte não entendeu? Pretendia lutar contra ele sem um plano?
- Eu não esperava que você fosse me ajudar...
- Você está a algum tempo, até treinou aqui, né? Provavelmente já ouviu Hercules falando algo sobre: "Um semideus tem que estar preparado para tudo, inclusive lutar com um amigo, o Olimpo não é formado só por um deus!"
- Sim, ele repete isso bastante... Nunca entendi muito bem, é alguma coisa sobre lutar com um parceiro, né?
- Isso. Acho que você não faz muito isso... Enfim, eu estava ouvindo a conversa de vocês, e também vi o quão rápido ele é, você parece não ter um plano. Quer escutar o meu?
- Por que não, fala aí enquanto eu me regenero... - Disse eu dando um passo para o lado ficando na sombra de uns escombros alí perto.
- Você continua brincando? Isso é sério?
- Eu não sou bom com palavras...
- Você devia engolir seu orgulho. Agora escuta, por mais que o sangue dele esteja queimando grande parte do seu corpo ainda é formado por água, eu posso usar isso ao nosso favor e desacelerar ele o máximo que eu conseguir. - Ele dizia aquele plano enquanto me encarava, mas ele parecia tão despreocupado quanto eu, não temia a morte.
- Como pretende fazer isso? A gente já lutou uma vez, seus poderes são insanamente desenvolvidos mas, mesmo assim não te vejo em um nível tão alto para fazer algo assim... Desculpe falar... - Me sentei um pouco embaixo da árvore e incrivelmente Nero fez o mesmo, quando dei uma olhada para Nathan ele mordia uma maçã enquanto viajava em pensamentos. Talvez formas de ser melhor do que eu na briga de egos.
- Bom, jovem Nathan. A quanto tempo descobriu que era um semideus? Um mês. Incríveis um mês e você já tem conquistas formidáveis. Nesse um mês você viajou pelo mundo, treinou um pouco em vários acampamentos mas na verdade nunca se especializou ou se aprofundou nas técnicas de um. Você não tem perícia com nenhuma arma, nenhum estilo de luta, você não tem treinamento de um semideus básico e depende totalmente sobre seus poderes que são eficientes a noite... - Ele não parava de dizer aquelas palavras.
- Tem certeza que não está trabalhando para o Nathan? - Eu falava enquanto o olhava com um rosto frio praticamente sem expressões.
- Cala boca, por favor. Oque quero dizer é que o Nathan e eu vivemos aqui nossa vida toda, temos um treinamento de elite e você sabe que o único motivo de você ter me derrotado foi por que eu te subestimei. - Não pude negar, ele estava certo. Eu não tinha chance contra ele, apenas sorte - Mas bem, eu também conheci seu pai. Ele foi um grande herói e nos contou sobre o despertar infelizmente eu não conseguia despertar até nossa luta. Eu finalmente sinto que estou começando a despertar, mas esse processo não é tão simples igual Nathan disse. Depois que esse processo se inicia, o sangue do semideus começa a queimar até acabar com todo seu sangue humano, isso demora e muitas vezes eles não sobrevivem, por isso poucas pessoas despertavam. É uma pena que talvez eu não consiga, naturalmente Nathan ia morrer também, mas quando ele percebeu isso ele foi até o rio estigio. A determinação dele o manteve vivo.
- Por que está me contando essa história?
- Tem coisas que você precisa saber e eu estou conseguindo um tempo enquanto você se cura... Continuando, o sangue dele ainda ferve como nunca e seu sangue humano ainda não acabou por isso seus poderes estão bem limitados. Diferente dele eu sou filho de um dos três grandes e mesmo que eu ainda esteja iniciando nesse processo eu tenho poderes além da conta e por isso eu posso te ajudar...
- Entendi, mas por que você me ajudaria? - Eu dizia olhando ele curioso, ele tinha noção que não tínhamos muita chance mesmo ele despertando.
- Bom, eu acordei hoje de manhã e vi uma guerra no lugar onde eu nasci e vivo. Vi meus amigos e minha namorada morrer lutando contra monstros em lutas super desvantajosas, depois descobri que alguem que eu chamava de amigo armou tudo isso... Acho que isso é um pouco do motivo.
Sem dizer mais nada apenas olhei para Nathan. Nero tinha motivação, tinha ódio. Tão preparado para essa luta quanto eu.
- Acho que deixamos eles esperando demais... - Me levantei e olhei para ele.
- Também acho. Mas por último, você lia vários livros de magia. Por acaso nenhum feitiço de lentidão?
Eu não havia pensado nisso. Realmente, o raciocínio dele para o meu, tinha muita diferença.
- É... Acho que tem um...
- Nathan, filho de Nice. Estamos prontos. Desculpa a demora. - Ele ficou ao meu lado em posição de combate e logo fiz o mesmo.
Finalmente meus poderes voltaram e eu pudi novamente ver a aura deles. Estavam igualadas e raivosas. Cheias de poder e radiando para fora de seus corpos. Eram verdadeiros monstros.
- Perfeito. Pensei que nunca iam parar. Vamos começar? - Ele dizia convencido segurando a sua lança.
No momento seguinte ele parecia não estar atento o suficiente. Um géiser explodiu embaixo dele e mandou ele para o alto. Não ia fazer muito efeito até que o géiser imediatamente parou e eu pude entender oque houve. Nero congelou a água que estava agora no corpo de Nathan deixando suas asas imóveis e logo vi ele cair com tudo no chão. Ele se levantou olhando sério para Nero e quando parecia que ia correr, caralho. Ele corria rápido como nunca mas a gente podia acompanhar ele, infelizmente Nero não podia se mexer aquilo estava consumindo muita energia e força sua, também, parar alguem que corte em velocidade sonica não é fácil. Felizmente ele sabia administrar bem seu poder.
A luta finalmente tinha começado entre eu e Nathan que nos colidimos outra vez na frente de Nero. Protegi ele de um ataque da lança dele com minha espada. A névoa tinha voltado a ficar envolta do meu corpo e eu estava rápido e poderoso, fiz um movimento forte com a espada prendendo ela no chão e logo corri com meu punho até sua barriga que não teve efeito por ser ferro, mas era o suficiente.
- Nyx! - Pronunciei na língua arcaica. Era como se tivessem três vozes pronunciando o nome da minha mãe.
Realizar e fazer feitiços era algo muito complicado, os livros de magia e feitiço ensinavam eles e tinham que se pronunciar frases longas. Felizmente Mira me ensinou coisas simples para um combate mais rápido.

O Filho de Nyx - A Maldição Do AnoitecerOnde histórias criam vida. Descubra agora