Segunda Estrada - Sonhos: Parte 2

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Ela pegou na minha mão após estranhamente se apresentar enquanto estava caída, após isso soltei sua mão enquanto a olhava.
- Eu não perguntei sobre sua vida... - Disse rudemente e frio estranhando ela me contar coisas que eu simplesmente não ligava, tirando aquele estranho sentimento.
- Nossa, você é pior do que eu pensava. Que educação... - Ela disse com um sorriso sem graça no rosto enquanto limpava a parte que ela tinha caído.
Fiquei em silêncio vendo ela no meu caminho e reparei que ela tinha tranças no seu cabelo que era grande até os joelhos. "Rapunzel", fiquei pensando. Usava uma blusa azul com estampa daquela mulher vendada que representava a justiça, pra mim aquilo seria um desrespeito se eu fosse a Deusa da justiça e usassem símbolos que não fossem próprios da mesma, principalmente sua filha. Usava sapatilhas e uma calça jeans azul clara também com várias partes rasgadas. Após se limpar ela me encarou.
- Enfim, eu já devia esperar isso vindo de você. Estava procurando alguma coisa? - Ela disse alguma coisa enquanto me olhava tentando dar o mesmo sorriso de início mas ainda não conseguia pelas minhas respostas.
- Não. - Minto. Eu não devia satisfação para ela.
- Ah... Quer fazer alguma coisa? Eu to entediada... - Eu não tinha percebido mas ela tinha aquele mesmo olhar que o Enzo tinha. Aquele acampamento não era suficiente para tirar eles do tédio, e agora ela esperava que eu conseguisse fazer isso.
- Não. - Sem paciência dei as costas para ela e fui em direção a área dos chalés.
Ouvi ela correndo atrás de mim e logo segurando meu ombro me fazendo virar até ela.
- Vou ser bem direta, foda-se se você é filho De Nyx, ou oque for mas, você não vai arranjar amigos sendo assim...
- E quem disse que eu quero fazer amigos? - Respondi ela rapidamente sem deixar ela terminar.
- É... Ninguém disse... Só fui uma otaria que tentou... - Ela disse cabisbaixa mudando o olhar para o chão.
- Exatamente.
Continuei a andar en direção aos chalés e dessa vez não ouvi ela vindo em minha direção. Respirei fundo vendo que tinha dado certo e eu estava livre... Ou melhor, eu pensava estar livre.
- Hey... Humano... Humano! Aqui! - A voz dizia baixa como se estive sussurrando para mim.
Olhei para os lados procurando quem poderia ter dito isso olhando para trás vi a garota com cabeça baixa e passos lentos se distanciando mas ninguém perto de mim. Balancei a cabeça achando estar louco quando voltei a andar.
- Humanoooo! Aqui!
A voz parecia mais alta, eu fiquei caçando. Agora não era coisa da minha cabeça, será que mais alguem que consegue ficar invisível estava me zoando? Balancei a cabeça.
- Quem ta falando isso? Aparece logo que hoje estou sem humor.
- Eu! Aqui encima humano, na árvore...
Quando olhei para cima tinha uma árvore razoavelmente grande com bastante folhas até, em um galho quase não dava para ver mas eu pude ver um gato branco encima daquele galho me olhando.
- Gato? - Perguntei levantando a sobrancelha olhando para ele pensando em como eu estava ficando louco.
- Pra você é Senhorita Mira.
A boca dela não se movia, parecia mais telepatia. Fiquei incrédulo e sem saber oque fazer por um segundo até entender. Eu estava falando telepaticamente com um gato.
- Ah ta... - Disse tentando soar frio mas ainda meio surpreso - Oque você quer?
- Eu quero que você me tire daqui.
Vendo o gato, ou melhor, a gata por causa do nome e voz feminino, eu podia ver que na sua cabeça tinha uma pequena tiara de flores presa na sua cabeça.
- Quer mandar em mim? - Olhei para ela por um segundo e voltei a andar.
- Não, humano! Volte aqui! - Ela disse um pouco mais desesperada.
Aquilo já estava me irritando do jeito que ela me chamava e quando me virei eu vi aquela aura da gata. Ela estava com medo de alguma coisa que tinha visto naquele instante.
- My Lord... É você? - Ela perguntou estranhamente como se eu fosse uma esperança na vida dela.
Naquele momento me veio na cabeça que os gatos sempre se achavam superiores aos demais mas agora ela estava me tratando daquele jeito? Será por causa da minha mãe. Voltei até onde estava observando ela.
- Por que você não sai daí de cima de uma vez?
-Ta louco? Olha essa altura, eu poderia me machucar... Eu não sou louca.
- E você espera que eu te ajude?
- Por gentileza. Se você puder...
Não sei o por que mas revirei os olhos e comecei a escalar aquela árvore grande, alguma coisa me moveu a fazer aquilo para ajudar a mesma. Uns dois minutos depois finalmente consegui chegar até onde ela estava. Aquilo me cansou um pouco. Fiquei em pé no galho que era resistente e fui na direção dela.
- Por que não veio voando?
Ela disse enquanto andava pelo galho na minha direção.
- Por que... Eu não sei voar... Ué.
Disse aquilo estranhando as palavras dela meio confuso e logo peguei ela pela barriga deixando ela no meu ombro. Agora eu precisava descer. Olhei para o chão e pensei em várias coisas.
- Deve ser por isso que você me achou, tenho que te treinar e te ensinar muitas coisas...
Estranhei ainda mais oque ela disse e logo arrisquei. Tinha uma enorme sombra embaixo da árvore. Pulei daquele galho até ela e cai evitando dar um rolalento por estar com a gata, ou melhor, Mira nos meus ombros. Senti minhas pernas doerem mas logo estavam se recuperando aos poucos. Ms sentei naquela sombra até minhas pernas melhorarem de vez.
- Boa escolha, assim você fica melhor mais rápido. - Ela disse enquanto pulava do meu ombro e logo sentava na minha frente enquanto me encarava.
Eu não tinha percebido antes, mas ela tinha heterocromia, aquele defeito nos olhos onde eles tem duas cores diferente. Metade de seus olhos eram castanhos claros e a outra metade azul. Ela era até bem bonita.
- Ah ta... Quem é você? E por que disse aquilo de me treinar?
- Eu já disse quem eu sou. Sou Mira, uma das escudeiras de Nyx. Ela tinha me mandado para cá achar um filho dela e treinar ele mas eu acabei me perdendo e parando no chalé de Afrodite. Podia tirar essa corôa de flores da minha cabeça? Isso me incomoda tanto...
Estava estranhando, ficando louco com aquilo mas tirei aquela corôa de flores de sua cabeça e joguei longe. Ela tinha sido mandada pela mãe.
- Me treinar? Você?
- Obrigada. - Ela disse enquanto lambeu um pouco sua pata e passou pela cabeça - Isso mesmo. Eu te treinar. Não aceita ser treinado por uma mulher?
- Por uma mulher nada contra, agora um animal...
- Opa, pera aí! Animal? Sua bunda! Eu sou uma gata extremamente refinada!
- Exatamente! Você é um gato! Um gato!
- Oque você tem contra isso?
Desisti naquele momento. Ela realmente não entendia o quão sério era aquilo.
- Tudo bem... Então você vai ficar comigo?
- Isso mesmo. Você aprende rápido até... Onde fica o chalé? Acho que já deu tempo de você se curar...
Realmente minhas pernas já estavam melhores quando me levantei e olhei ela.
- Certo... É por aqui...
Comecei a andar em direção ao meu chalé dando alguma olhadas para trás vendo a Mira me seguir. Andando um pouco finalmente chegamos no lugar mais abandonado do acampamento, bem distantes dos outros chalés abaixo de duas árvores gigantes que faziam sombra por volta dele todo e estrelas cintilantes que brilhavam e formavam constelações acima de uma estrutura negra, feito de obsidiana e do que mais tarde eu saberia ser Vantablack. A estrutura tinha aparência de uma luxuosa casa encolhida sem janelas e com uma única entrada.
- Por isso eu não sabia onde era... Tava muito bem escondida...
Ela diz chegando até a porta esperando para eu abrir. Fiquei confuso outra vez após ouvir ela por que eu achava que meu chalé era bastante chamativo por causa daquelas estrelas que ficavam alí encima. Dei de ombros e fui em direção a porta a abrindo e fazendo uma pequena brisa fria passar por nós e um delicioso aroma entrar nas nossas narinas. Ao entrar e conferir que ela entrou, fechei a porta do chalé e logo não se via mais nada. Ficou completamente escuro, mas como eu tinha uma visão noturna eu podia ver claramente como se tivesse luzes espalhadas pelo quarto todo.
- Consegue ver alguma coisa? - Perguntei para Mira não sabendo se ela podia ver igual a mim.
- Perfeitamente. - Ela parecia animada enquanto ia em direção a única cama que tinha alí. Lençóis roxo escuro cobriam a cama que estava arrumado e novamente no teto pequenas estrelas cintilantes que não emitiam luzes brilhavam.
- Enfim, eu tenho algumas perguntas para você.
- E eu não vou responder nenhuma... Talvez algumas, mas minhas ordens são de não responder perguntas que envolvam muito a Senhorita Nyx.
Bufei frustado vendo ela pular na cama e começar a dar pequenas voltas no meio da cama e se deitando lá enquanto olhava para mim. Fui em direção para outra poltrona que apontava para a cama e logo me sentei observando ela.
- Então... Como pensa exatamente em me treinar?
-Tudo tem seu tempo pequeno filho de Nyx, por enquanto vamos relaxar...
- Relaxar? Relaxar?! - Perguntei começando a ficar nervoso - Meu Pai e minha Melhor Amiga morreram desde que descobri que sou filho de uma Deusa, como quer que eu relaxe sabendo que eu posso morrer a qualquer hora?
- Você tem mais alguem importante que você sentiria falta caso ela morresse?
- Bem... Não. Não tenho ninguém. Não me sobrou ninguém...
- Então pronto. Não tem no que se preocupar... Ninguém mais vai fugir de você e vai para o submundo.
Oque ela falava tinha sentido e aquele sentido que me fez ficar com raiva. Respirei fundo e fechei os olhos, refleti por alguns segundos e abri eles enquanto me escorava na poltrona olhando ela.
- Então..? - Disse eu enquanto esperava ela dizer oque tinha que me dizer.
- Então esperamos um pouco... Como você mesmo percebeu nada nesse acampamento pode te dar um treinamento descente para você, e eu não faço milagres transformando esse acampamento em um campo perfeito para treinamento de Semi-Primordiais. E também você não tem pelo oque ter pressa... Vamos só esperar, Nyx vai nos dar algumas solução... Mas se estiver impaciente, reze para sua mãe, pode fazer milagres você rezar um pouco, sabia?
Revirei os olhos ouvindo oque ela disse, de novo aquela merda fazia sentido. Fiquei um pouco revoltado e me mantive em silêncio enquanto a olhava.
- Está com raiva de mim, né? Eu posso ver na sua aura... - Ela disse começando a lamber sua barriga.
- Pode ver na minha aura? Você também pode fazer isso? Ou melhor... Ver isso?
- Claro, né? Eu sou a braço direito da Senhora Nyx. Tenho todos os seus dons e talvez mais um pouco... Ou talvez por ser outro filho tenha outros poderes que vão além até da minha compreensão...
Aquilo que ela me dizia me deixava mais intrigado a cada momento.
- E sobre meus poderes, oque eu posso fazer?
- Não posso dizer... - Ela disse como se tivesse surpreendido ela com a sua resposta e de fato ela tinha me surpreendido - Oque posso dizer é que você quando bem treinado pode se equiparar aos deuses.
- Me equiparar aos deuses?
Sorri pensando no que ela disse e logo comecei a tirar meu tênis all star. Após tirar os dois andei sobre o chão que tinha um carpete aveludado também preto e logo guardei.
- Por que está guardando o tênis? Pensei que a gente iria sair para comer...
- Só pensou mesmo... Na hora do jantar nós vamos, eu acabei de sair do refeitório.
- E daí? Você não liga para mim? - Ela disse fazendo drama enquanto abria bem os olhos fazendo carinha de coitada.
- Não ligo... Eu acabei de te conhecer... - Disse a olhando meio que estado em foda-se quando ouvi um barulho estranho de batida vindo da porta e logo fui em direção a mesma - Faz silêncio...
Ela respeitou oque eu disse e voltou a se lamber quando abri a porta e vi Asclépio e Isabelle alí me olhando com muita cara de nervosos, como se algo tivesse acabado de acontecer.
- Precisamos conversar. - Disse Asclépio me olhando com uma cara que eu nunca vi antes...

O Filho de Nyx - A Maldição Do AnoitecerOnde histórias criam vida. Descubra agora