Primeira Estrada - Decisão: Parte 3

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Aquele cara... Icro... Estava me carregando. Eu sentia minhas pernas balançando e sendo arrastadas no chão quando abri meus olhos e vi o caminho que estávamos seguindo. Não me surpreendeu ver os cascos e pernas peludas que ele aquele cara tinha. Meu pai me preparou a vida toda para sua morte, e meu treinamento... Quem diria que histórias de crianças um dia se tornariam reais.
- Me... Me deixa a... - Antes de conseguir falar senti a mão dele tampando minha boca.
- Shh! Ele está nos procurando! - Disse ele baixo com tom desesperado enquanto continuou a andar devagar.
Não sabia do que ele estava falando mas logo recuperei a sanidade quando ouvi algo correndo rapidamente próximo a gente, e do outro lado um grupo de três pessoas com armaduras como se fizessem pratulha. Viam em nossa direção e eu podia ouvir eles e ao mesmo tempo assimilava o monstro mudando de direção ao local que corria e via em nossa direção igualmente.
Perguntei a mim mesmo por que não estavamos no carro até ver que a mata estava bastante fechada e não daria pra continuar nele. Rapidamente um monstro como nunca vi antes do tamanho de um cavalo para na nossa frente a seis metros de distancia. Ele era horrível. Tinha cabeça de um homem e três fileiras de dentes de tubarão na boca. Seu corpo era de leão e tinha asas de dragão e uma cauda de escorpião. Seu corpo era ruivo e seus olhos tinham cores diferentes. Azul e vermelho. Olhei inojado para aquele monstro que ignorava Icro e olhava para mim e parecia que em forma de respeito fazia uma leve reverência para mim.
- Oque? - Pergunto em silêncio me soltando de Icro e ficando em pé.
- Não se preocupe! Vão para o acampamento! A gente cuida dele...
Estranhei aquela voz que parecia de um garoto de quinze anos e logo quando eu olhei a direita da criatura tinha três adolescentes, dois com armaduras e um sem armadura totalmente desprovido de proteção. Ele tinha 1,69, olhos pretos e cabelos pretos pouco grandes que deixavam ele fazer um pequeno topete. Usava uma blusa cinza escrito Acampamento Divino, e calça jeans normal, e um all star preto. Ele tinha com ele uma espada de ferro negro que me chamava muita atenção. Os outros eu não dei muita atenção mas eles usavam armaduras completas de bronze e carregavam uma lança enorme de bronze e um escudo mediano de bronze e couro.
- Pronto! A Cavalaria chegou... - Dizia Icro. Eu sentia o tom de alívio na sua voz.
Não demorou nada e a criatura se virou para os adolescentes e ficou de costas para mim como se tentasse... "Me proteger?". Ele disparou vários espetos realmente grande de sua cauda contra eles o garoto sem armadura simplesmente fez dois movimentos com a espada e deu um passo para trás. So depois eu percebi que ele mudou a direção dos espetos e fez uma escapada perfeita daquele ataque, enquanto os outros dois apenas levantaram os escudos.
Eles investiram na criatura que deu uma cabeçada em um deles e o lançou fortemente contra uma árvore o deixando inconsciente. Bateu com sua cauda contra o escudo de outro que deslizou e bateu na sua cabeça tirando o capacete mostrando o rosto de outro adolescente que também não dei a mínima. Icro tentou me puxar para me tirar dalí mas apenas me soltei dele observando a luta e percebendo que era meia-noite.
- Vão embora logo... Vocês estão me atrapalhando! - Disse o garoto que usava a blusa cinza aparecendo do alto de uma árvore e saltando contra o monstro.
- Acha que sozinho tem chance contra uma manticore?
Estranhei a mim mesmo por saber que criatura era aquela e logo balancei a cabeça me concentrando. Ele conseguiu errar o ataque em um movimento rápido da manticore que foi para o lado e logo deu outra investida contra ele o mandando contra mim. O peguei e fui mandando a cinco metros de distância igualmente e me senti meio tonto logo após cair e tentar me levantar com aquele garoto inconsciente encima de mim. Vi sua espada negra na sua mão e o monstro vindo em minha direção mas ele parecia não estar com a intenção de me atacar. Icro não estava alí. Tirei aquele garoto a força de cima de mim e peguei sua espada olhando a manticore.
- Meu pai acabou de morrer na minha frente... E não vai ser um animalzinho de merda que vai me matar agora...
Ele parecia confuso mas, quando viu a espada na minha mão parecia que aquele respeito que ele tinha por mim tinha sumido e agora tinha uma enorme raiva dentro dele que eu podia ver muito bem. Uma premonição correu pelo meu corpo e uma visão de eu morrendo uma espeto daquele no meu coração veio na minha mente, rapidamente dei um rolamento para o lado e vi alguns espetos da cauda da manticore passar por mim.
Aquilo me deixou irritado e quando eu percebi simplesmente uma enorme névoa estava se formando de mim... Ela saia do meu corpo como se fosse normal e logo cobriu o campo todo. Normalmente seria impossível olhar naquelas condições mas eu podia ver tudo claramente e eu rapidamente corri em direção a manticore que parecia confusa e eu podia... Eu podia mesmo, ver sua alma...
- Você é minha!
Digo pulando na sua cara e andando em seu corpo chegando na sua causa e decepando ela. O pedaço da calda caiu no chão e logo eu me vi fazendo um ataque devastador de corte nas suas costas e logo pulo para o lado vendo a fera gritar. Rapidamente corri na sua direção e fiz um movimento rápido com a espada a levantando e descendo com tudo decepando sua cabeça. Eu senti falta do sangue quando a única coisa que eu vi e senti foi areia que parecia sumir com o vento que não tinha no local. Toda aquela névoa densa voltou rapidamente para dentro do meu corpo e eu achei estranho olhando para aquilo.
Olhei para o chão e quando vi sua calda ainda estava no chão. Balancei a cabeça meio confuso e me senti cansado. Respirei fundo olhando para o céu agora e logo vi o céu estrelado com a Lua como se olhassem orgulhosos para mim. Icro veio até mim.
- Cara... Oque você fez? Como você conseguiu vencer o manticore? - Perguntou ele incrédulo.
- Queria que eu estivesse morto? - Perguntei em deboche olhando para ele e logo vi o garoto de blusa cinza olhando para mim e vindo na minha direção.
- Eu vi tudo... Você foi bom. Bom demais. Já foi reclamado? - Ele disse pegando a espada na minha mão e guardando na bainha.
- Não... Ele soube que é semi-deus a pouco tempo, mas ele tem um cheiro terrivelmente forte. - Disse Icro como se me tirasse da conversa.
- Acha que ele seria filho dos Três Grandes? - Ele perguntou curioso me analisando e procurando alguma semelhança entre eu e ele.
- É possível... - Disse Icro finalizando e exitando de falar maia qualquer coisa.
Apenas continuei calado ouvindo eles conversarem de como chegamos alí e ele contando da morte do meu Pai. Me senti meio triste com aquilo mas ignorei fingindo ser forte. Após algum tempo de conversa parece que eles lembraram que eu estava alí o tempo todo e me olharam. Logo mudaram a visão e foram em direção aos garotos caidos. Icro pegou um e o colocou sobre o ombro e o outro garoto pegou um cara pela mão e entregou para Icro que o pegou pela armadura e começou a seguir em direção a algum lugar.
- Ei... Pensa rápido. - Disse o garoto de blusa cinza me jogando a calda da manticore - É um belo prêmio... Pra um novato...
Ele sorriu desafiador olhando para mim surpreso pelo fato de eu ter conseguido pegar a calda.
- Bom, meu nome é Alexandre Victorius, quem é você?
- Meu nome... É Nathanael Drake Oliver Shasforot. Mas todos me chamam de Nathan Oliver... - Disse orgulhoso pelo nome que ei carregava e ergui um pouco o queixo.
- Bonito nome... - Disse ele percebendo o orgulho que eu tinha do meu nome - Bom... Vem comigo. Você vai gostar do acampamento... Icro disse que você já sabe como é...
- Sim, eu estava do lado de vocês quando ele disse isso... - Digo pertinente jogando aquele fato a tona.
- Ah sim... Bom. É legal saber que alguem já chega sabendo e nos poupa de toda aquela explicação chata... Agora é só esperar seu Pai ou Mãe divino te reclamar.
- Mãe divina... Eu tenho um pai ele era mortal antes de algo matar ele.
- Acredite... Se você for mesmo do jeito que Icro disse e tiver um cheiro tão forte quanto o meu, duvido que por acaso seja Mãe divina, pelos fato delas não terem o cheiro tão marcante e chamativo igual a gente.
- Mãe divina! - Afirmei mais uma vez sabendo do que ele falava, mas eu tinha certeza de que aquele cara era meu pai.
- Bom... Pra sua sorte, espero que seja...
Ignorei o comentário dele e logo vi minha mochila alí na frente. Icro estava carregando ela enquanto estávamos vindo. Fui até ela e a abri so vendo o livro. Joguei aquele pedaço de calda lá. Ia usar aquilo como um troféu do primeiro monstro que eu tinha matado. Lembrei das histórias que meu pai contava de que algumas partes de monstros podiam servir como troféus.
- Bom... Nathan, ta na hora da gente ir... Quer dizer. Você ir... Hoje eu fui encarregado de ficar na patrulha, mas você pode ir por esse único caminho que vai dar direto no acampamento.
- Okay.
Disse começando a andar pelo caminho que ele aponta quando ouço ele falar comigo.
- Se ver mais algum monstro... Não banque o corajoso. Corra!
- Correr não faz bem parte do meu estilo...
Disse voltando a andar sem olhar para trás enquanto ajustava a mochila nas minhas costas.
Era um caminho fácil. Um único caminho do meio de árvores e arbustos e pedras muitas grandes. Aquele silêncio me incomodava... Tirando os pequenos animais que ouvia não era o suficiente para me evitar pensar em Giulia e em meu pai. Me perguntava se ela também estava bem ou se tinha sofrido o mesmo destino que meu pai quando na minha frente apareceu correndo um cão infernal, que era fácil de distinguir.
- Hoje não é meu dia mesmo...
Disse respirando fundo vendo o monstro fazer uma pequena reverência a mim e logo começar a andar na minha direção. Me mantive parado esperando algum momento para atacar e logo quando aquele monstro estava na minha frente senti ele me cheirar e logo após fazer isso pelo meu corpo todo sorriu e balançou o pequeno rabo sentando no chão e arfando com a boca enquanto me olhava como se esperasse uma ordem minha.
- Hum... Vai embora? - Disse esperando que nada acontecesse e sem muita confiança, maa logo após eu terminar de dizer aquele enorme monstro de dois metros e dentes afiados feito navalha se jogou contra o chão abaixo de uma árvore onde tinha uma sombra e a luz da lua não pegava e sumir logo alí.
Olhei meio espantando mas isso deveria ser a tal viagem entre as sombras que eu meu pai falava que alguns seres do submundo podiam fazer. Respirei fundo e me obriguei a correr pelo caminho. Eu estava tendo sorte mas até quando? Não podia arriscar tanto assim. Me mantive correndo quando tropecei em uma raíz de uma árvore e bati fortemente a cabeça no chão. Eu não sabia como eu sabia mas, o chão ao meu redor ficou parecendo neve. Meu corpo tinha ficado mais pálido que o normal e tudo ao meu redor parecia mais escuro que a própria noite sem estrelas e luas.
Eu havia desmaiado e estava inconsciente mas interiormente eu sabia que minhas energias estavam voltando eu estava tendo sonhos... Ou melhor pesadelos... Como sempre eu estava me afogando no meio da água enquanto um fogo me queimava. Ao meu redor águias observavam e o Sol brilhava no alto, diamantes, rubis, safiras e esmeraldas pareciam cair do céu na minha cabeça. Pra mim já era normal... Aquele não era mais um pesadelo, era meu refúgio.

O Filho de Nyx - A Maldição Do AnoitecerOnde histórias criam vida. Descubra agora