1 5 D I A S

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Uma tarde longa.

Essa foi uma tarde muito longa.

Minha cabeça parecia querer explodir conforme eu tentava não pensar sobre a manhã de hoje.

Eu não tinha ideia do que estava acontecendo, não fazia noção do que estava sentindo, e não parava de me perguntar o por quê de Justin não estar aqui agora.

Aquele beijo consumiu meus pensamentos, mesmo que eu tente esquecer, quando fecho os olhos me lembro do cheiro forte de café, invadindo minhas narinas, dos lábios dele contra os meus, das suas mãos de forma receosa pelo meu corpo e do meu coração querendo sair do peito.

O expediente já havia acabado e Justin não veio, como deu a entender que viria. Começo a me questionar se devo mesmo confiar nas palavras dele.

— Já perceberam que todos sempre vão embora antes da gente? — Diz Vanessa, me tirando de meus devaneios, quando entramos no elevador.

— Isso já virou rotina. — Chris afirma apertando o botão do elevador.

— Essa rotina poderia dar um adicional ao meu salário, não é? — Vanessa diz. — Vi uma blusa linda e cara na internet hoje.

— Não sei como você ainda não vendeu sua casa pra pagar o cartão de crédito. — Diz Chris.

— Simples, o apartamento ta no nome da Ashley. — Respondo e Chris ri.

— E como você consegue pagar o cartão? — Ele questiona entre o riso.

— Eu conto cartas em Atlantic City nos dias livres. — Ela diz séria o suficiente para Chris interromper o riso de imediato e a encarar, me fazendo rir.

— Até parece. — Ele diz incrédulo.

— Estou falando sério. — Diz ela.

— Ata. E eu sou divorciada, tenho 3 filhos que moram na Argentina com o pai e só lembram de mim no dia das mães, mandando um chocolatinho de marca barata. — Digo e os dois me olham incrédulos. — Exagerei? — Pergunto dando um sorrisinho sem graça e eles assentem.

É eu exagerei.

— Ninguém nunca vai acreditar se você disser isso. — Vanessa diz obvia.

— Na história da Sel eu até acredito. — Diz Chris e eu o encaro de imediato. 

— O que? — Digo incrédula.

— Você tem cara que gosta de latinos. — Ele da de ombros.

— Ela prefere canadenses. — Vanessa diz e eu a olho brava. — O que foi? É verdade.

— Voltando ao ponto, ninguém nunca vai acreditar que você conta cartas em Atlantic City. — Chris diz, óbvio.

— Qualquer um conta cartas em Atlantic City — Ela diz indignada. — Mas, não vamos falar de como ganho meu dinheiro sujo aqui, onde eu recebo meu dinheiro limpo.

— Desde quando isso virou lavagem de dinheiro? — Questiono entre o riso.

Vanessa e Chris me encaram como se, se perguntassem o que fizeram de errado e o elevador se abre.

— Tchau, Chris. — Vanessa e eu dizemos em uníssono, saindo do elevador.

— Até mais, meninas. — Se despede Chris, apertando o botão que leva para a garagem no subsolo.

— Atlantic City? Sério? — Questiono ainda sem acreditar enquanto saíamos do prédio.

— Não quero falar sobre a minha vida fora da lei. — Diz, ela tentando pegar um Táxi.

Photograph •JelenaOnde histórias criam vida. Descubra agora