C O M E Ç A N D O

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Desperto entre o silêncio vazio do quarto mas, não ouso abrir os olhos. Um pingo de esperança me abita, dizendo que posso voltar a dormir e assim faço mas, antes, estico o braço e tateio a cama sentindo-a vazia.
Justin não estava mais aqui.

Não me importo em pensar no que está acontecendo. Não agora.
Me viro na cama, sentindo meu corpo todo doer e pesar, como se algo me puxasse para baixo.

Maldita gravidade.

Em minha cabeça tudo está como um apagão, sinto-me como da primeira vez em que acordei de ressaca, porém, dez vezes pior.

Não penso duas vezes antes de voltar a dormir e me ausentar de qualquer problema que possa acontecer assim que eu abra meus olhos.

▪▪▪

Acordo desnorteada sentindo meu corpo ser chacoalhado e balbucio um "para" quase inaudível, que nem mesmo eu entendo.

— Selena? — Mais um chacoalho. — Selena?

Com dificuldade tento abrir meus olhos, que ardem, me forçando a fechá-los novamente.
Era como se estivessem pegando fogo quando os abri, tanto, ao ponto de formar lágrimas assim que os fechei.

— Você esta bem? — Ouço a voz de Justin e murmuro um "uhum". — Não é o que parece.

Sinto a mão dele em meu pescoço e, em seguida, em minhas bochechas. Seu toque era leve e minha pele parecia, já, estar familiarizada com a ponta de seus dedos. A mão dele se desloca até minha testa e eu a sinto mais fria que o comum.

— Acho que você ta com febre. — Ele murmura, afastando a mão do meu rosto e sinto vontade de puxar sua mão de volta.

O que está acontecendo?

— Que horas são? — Questiono ainda de olhos fechados, sem me importar muito com o que ele havia dito anteriormente.

Eu quero a mão dele.

— 11:36 AM. — Ele informa.

Vazio.

É isso que se passa em minha mente, um grande e silencioso vazio. Não sei o que dizer ou o que sentir, meu cérebro parece não estar funcionando, nada parece ser real. Tento me recordar dos dias anteriores e um turbilhão de fragmentos, emoções e sensações me invade tão rápido e ao mesmo tempo, como se fosse possível, tão devagar, que me sinto dopada.

O que eu faço agora?

Passo as mãos pelo meu rosto, com certa força, tentando abrir meus olhos mais uma vez em outra tentativa falha, trazendo atona uma forte dor de cabeça.

— Você quer comer alguma coisa? — Ouço a voz de Justin se sobressair a minha confusão.

— Eu perdi o café do hotel, de novo, não perdi? — Resmungo com uma careta e o ouço rir fraco.

— Perdeu. — Ele diz risonho, me provocando um breve sorriso. — Você tem algum tipo de alergia a aspirina?

— Não, mas... — Murmuro e tento abrir meus olhos mais uma vez, me arrependendo fortemente.

Arde. Arde muito, mas eu resisto os mantendo entreabertos, até que parem com a sensação de queimação.

— Eu vou pedir na recepção, pra você. — Ele diz, sobre aspirina, se levantando da cama, mas eu o impeço.

— Não precisa. — Digo segurando seu braço, enquanto luto contra a vontade de fechar meus olhos, novamente. — Eu só dormi demais.

Justin me encara, em seu rosto uma expressão duvidosa e ao mesmo tempo convicta, que parece analisar cada centímetro do meu rosto.

Photograph •JelenaOnde histórias criam vida. Descubra agora