Capítulo 1

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– Boa noite, mãe, pai. – Cumprimento meus pais enquanto fecho a porta de casa.

– Olá querida! – responde meu pai, e minha mãe me lança um sorriso e volta sua atenção à TV.

Passo por eles e vou direto para a cozinha, não que seja um caminho muito grande, já que em nosso pequeno apartamento, temos uma cozinha americana, ou seja o que divide a cozinha e a sala não passa de um balcão. Helena está sentada em um banco, e ainda está jantando.

– Para de mexer no celular e acaba de comer – falo enquanto abro a geladeira a procura de alguma coisa. Nada.

– Sobrou comida para você. – Ela avisa, mas só de ver a comida perdi o apetite. Não aguentava mais comer sardinha.

– Não estou com muita fome. Vou comer um pão mais tarde.

Me sento ao lado dela e pego meu celular e checo as notificações. Eu não me interesso muito por redes sociais, diferentemente da minha irmã, que perde muito tempo com elas, mas checo constantemente minha caixa de e-mails, para saber se alguém ou alguma empresa retornou meus currículos.

– Você precisa se alimentar melhor Tony – diz minha mãe da sala –, está muito magra.

Muita gente estranha meu apelido, que fui eu mesma que me dei, mas meu nome de nascimento é Maria Antonieta, o que eu acho um grande exagero, e eu não sou a maior fã. Então Tony foi uma forma que eu encontrei para desviar a atenção do meu nome grande. Embora seja muitas vezes usado com meninos, já estou acostumada com Tony e não vejo problema algum. Só foi um pouco difícil convencer meus pais a usá-lo, mas acabaram por ceder e se acostumaram.

– Sua mãe tem razão, não é bom para você ficar muito magra.

Reviro os olhos frente esse comentário do meu pai. Nunca entendi de verdade o porquê da obsessão que eles têm com minha aparência. Com a saúde, eu até entenderia, são meus pais. Mas como eu me pareço? Qual a diferença em ter uma filha bonita ou feia? Não me considero uma garota feia, me acho muito bonita por sinal, nunca tive problema com autoestima. Gosto do meu cabelo castanho claro e com leves cachos, amo minha pele morena e, embora, eu tenha uma queda nos olhos azuis do meu pai, gosto dos olhos verdes que herdei da minha mãe.

Há quem diga que eu sou a cara dela, mas acredito na genética e penso que sou realmente uma mistura dos dois. Afinal, se a textura do meu cabelo é como o da minha mãe, a cor está mais para o loiro opaco do meu pai, do que para o preto do dela. E embora meus olhos tenham a cor do dela, são grandes e brilhantes como do meu pai. Ou seja, meio a meio.

A única coisa que herdei com certeza do meu pai foi o formato do corpo. Alto e magro. E como eles estão dizendo, não estou diferente, magra, mas como sempre fui. É apenas a altura que me faz parecer ser mais magra.

Já minha irmã é diferente de mim. Todos os traços são os do meu pai, desde cabelos loiros e lisos à pele clara. Há única maneira de identificar ela como filha da minha mãe é pelo corpo, ambas têm um corpo definido, só que minha mãe com uns quilos a mais. E mesmo, ela sendo três anos mais nova, é bem mais baixa que eu.

– Hoje aconteceu outro protesto em frente ao Palácio Real, na capital – fala meu pai –, a população está cansada do governo de Robert. Não sei se a monarquia vai durar mais tanto assim nesse país.

Corona, nosso país, é uma ilha europeia que fica localizada entre a Islândia e a Noruega, onde nossa capital é cruzada pelo meridiano de Greenwich, exatamente como a cidade na Inglaterra, e embora sejamos uns dos maiores produtores e apreciadores de vinho da Terra, ainda não somos muito vistos na mídia internacional, como muitos outros países pequenos.

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