— Quando você disse "disfarce" eu pensei em algo, digamos, mais eficiente — falo olhando para Nicholas enquanto ele dirige, usando um boné e um óculos escuro.
— Algo mais eficiente do que isso? — Nicholas aponta para seu próprio rosto, intercalando seu olhar entre mim e a estrada.
— Tem razão, é impossível te reconhecer assim — falo rindo e olhando para frente. — Bonito o carro — falo lembrando do momento que entrei no Camaro prata.
— Tenho que concordar. Te deixo dirigir qualquer dia, você tem carteira de motorista? — Concordo com a cabeça.
— Vocês têm carros bem bonitos — comento a respeito da garagem cheia de carros esportes.
— Vocês?
— Sim, sua família — falo como se fosse óbvio.
— Ah não, Tony, aqueles carros são todos meus — tento segurar a surpresa, mas não consigo, o que faz Nicholas rir um pouco — Sua avó cria cavalos de corrida, eu coleciono carros. Em breve, você terá hobbies também.
— Provavelmente, talvez eu abra uma cadeia de restaurantes — falo dando de ombros, sendo irônica.
— Pode ser, mas, como você já vai administrar um condado e uma fazenda, não acho muito prudente.
Penso em contestar, e dizer que estava brincando, porém, deixo para lá. Aproveito para olhar para a estrada onde estávamos. Passamos por uma placa que diz estarmos próximo do centro da cidade.
— Me fala da sua família — Nicholas fala de repente, trazendo a minha atenção de volta para ele.
— Bom, não tem muito o que falar, nós somos uma família pequena. Sempre fui só eu, meus pais e minha irmã — olho para Nicholas, e ele concorda com a cabeça, e sei que ele quer que eu fale mais. — Minha mãe é enfermeira em um hospital lá em Crémart e meu pai é professor de história em uma escola pública, dá aula para o ensino primário, crianças — explico caso ele não tenha entendido. — Minha irmã estuda psicologia, na Universidade de Lyons.
— Legal. Lá em casa, meu pai é rei, minha mãe é rainha, minha irmã é princesa e eu sou príncipe.
— Acho que vocês são isso em todo país — falo sorrindo.
— Tem razão — Nicholas sorri para mim e volta seu olhar para a estrada.
— Bom, agora eu tenho uma avó também, mas, acho que você já a conhece.
— Tem razão, Amelia sempre dava os melhores presentes.
— Queria ter conhecido meus avós, tanto, meu avô George, que, cá entre nós, não me parece muito legal, já que ele que criou o... E meus avós maternos — acabo mudando de assunto, antes de falar a palavra contrato, porque o objetivo de sairmos era para não lembrarmos de toda a confusão.
— Você pode conhecer os meus. Estão todos vivos, e mesmo alguns deles também estarem envolvidos com o... — Nicholas não termina a frase e sorri para mim, imitando o que eu falei e do mesmo jeito, me fazendo revirar os olhos. — E seus avós maternos?
— O que tem eles?
— Como sabe que eles não estão, sabe... Vivos? — abro a boca para responder, porém, ele está certo. Não tem fatos que comprovem que eles não existem, afinal, de contas, eles estavam tão mortos quanto minha avó Amelia. E aqui estamos nós, não é mesmo? — Quer dizer, a gente não sabe. Pode ser que sim e pode ser que não. Não vamos criar falsas esperanças, mas, se quiser, eu te ajudo a procurar sobre eles.
— Eu aceito sim, obrigada. Mas, vamos mudar de assunto, por favor. Me fala, o que você faz como príncipe, além de inaugurar placas, é óbvio.
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