A Preferida [PAUSADO] [REVISÃO]

Capítulo 14

No dicionário, temos a seguinte definição para a palavra surpresa:

surpresa

substantivo feminino

1. fato ou coisa que surpreende, que causa admiração ou espanto.

2. fato inesperado, repentino, não anunciado previamente; imprevisto.

Não que precisemos de um dicionário para saber o que uma surpresa bem dada é, já que estamos acostumados com isso desde pequenos. E, bom, eu que o diga, já que não preciso nem falar sobre como minha vida está sendo uma sequência de surpresas, agora, agradáveis.

Mas, independente, da surpresa ser boa ou não, ela causa uma espécie de choque no surpreendido. Sempre precisamos de um tempo para absorver a informação, e eu tive o meu. E, é verdade, que depois de certa fase da vida, ficamos acostumados com as reviravoltas que a vida nos proporciona. Porém, não podemos dizer que estamos imunes a surpresas, nunca estaremos.

Imagino, que o rei e minha avó por causa da idade, e do cargo político já passaram por muitas situações diversas em sua vida. Provavelmente, surpresas boas, encheram seus dias, mas, surpresas ruins com certeza fizeram parte da estrada da vida.

O que eu nunca imaginava que fosse acontecer (eu me surpreendi com isso), é que um dia, eu iria surpreender minha avó e o rei no mesmo dia, na mesma hora, e na mesma sala. Mas, foi o que o aconteceu, quando a porta do escritório do rei foi aberta para me apresentar. Minha avó – que eu não sabia que estava lá –, quase teve um treco ao me ver, e o rei, ficou surpreso, mas, juro que vi, admiração passar como um raio em seus olhos.

Claro, ele não esperava que eu fosse o encarar, por vontade própria depois do que aconteceu, mas, é o que eu vim fazer. Posso até cometer erros, mas, sou boa repará-los. E por isso estou aqui, no escritório, sentada de frente a ele, que está atrás de sua impotente mesa de madeira, esperando o que eu tenho a dizer.

Estar em uma sala, apenas eu e o rei, é um pouco intimidador, ainda mais devido as circunstâncias. Minha avó ficou branca feito papel, quando rei Robert pediu para ela se retirar, para que pudesse conversar comigo, mas, eu preferia ela fora, do que ter de explicar a situação e depois resolver.

— Então? — Robert pergunta depois de um tempo em silêncio, esperando que eu comece a falar, e eu oro a Deus que eu não perca a confiança que bateu em mim e que me trouxe até aqui.

— Vossa Majestade, eu vim pedir perdão pela maneira como me referi ao senhor e à sua família mais cedo. Estava fora de mim, e admito estar errada.

Depois de me ouvir, rei Robert pisca algumas vezes, mas, não de uma maneira surpresa como eu imaginei que seria, só foi como se ele já estivesse acostumado com essa situação e que aquilo não foi realmente importante. De repente, me ocorre se a cena foi, realmente, tão drástica ou se foi apenas coisa da minha cabeça.

— Fico feliz que tenha reconhecido isto. Estava duvidando se você era realmente a escolha correta para ser descendente da sua avó. Estava prestes a falar isso com ela, quando você chegou.

Ah, então o atingiu.

— Majestade, eu posso não ter nascido num palácio, posso não ter tido educação de primeira como seus filhos e muitos outros, e posso não ser recatada e culta como a maioria dos nobres, mas, sou sim a escolha correta.

— Ah é? Por quê?

— Porque me importo com este país, me importo com Lyons. Posso não ter experiência e a capacidade para isso agora, mas, terei. Sou boa aluna. E, quando algo é importante para mim faço o que posso e não posso, para conseguir o que precisam.