Capítulo 25

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Quando o vi na minha frente, quando reconheci seu rosto, não sei definir como tantos sentimentos passaram por mim em um segundo. Susto, angústia, surpresa, alegria. Algo a mais? Meu coração se apertou daquela forma que faz quando voltamos a ver alguém que não víamos a muito tempo. Acho que meu corpo soube reconhecer antes da minha mente, o que de certa forma, não é algo normal.

No fim daquela explosão de emoções mistas em mim, veio aquele simples e primitivo sentimento: raiva.

— O que você está fazendo aqui, Nicholas? — pergunto cruzando os braços e o encarando com cara feia.

— Amor, este é um país livre, temos direitos de ir e vir para onde quisermos. — Ele se aproxima e coloca a mão ao redor da boca, como se fosse me confidenciar algo. — Não quero parecer esnobe, mas sou o príncipe.

Reviro os olhos para seu sarcasmo.

— Você veio para cá, porque sabia que eu estaria aqui!

— Eu vim porque Camila disse que você passou o dia inteiro enrolando. — No momento que ele responde, olhamos para minha amiga que está alguns passos a nossa frente, acenando para nós.

— Existe uma explicação lógica para isso, Vossa Alteza Real. Não quis aparecer lá cedo, porque seria falta de educação, vai que eles acordam tarde? — Nicholas me encara, obviamente, não acreditando em nada que eu disse.

— Vamos, Tony, por que não quer conhecer seus avós?

— Vocês são doidos? Por que acham que viemos para cá?

— Bom, deu tempo de eu pegar um avião de outro ducado, fazer uma viagem de carro até essa minúscula cidade, e olha: você ainda não foi vê-los.

— Não é algo simples de se fazer gente! Vocês sabiam que minha mãe fugiu do nada com alguém que estava comprometido e passou anos sem dar notícias? Eles podem a odiar agora. — Me rendo sendo honesta comigo pela primeira vez naquele dia. Me sento no meio fio e encaro minhas unhas. — Eles podem me odiar.

Nicholas se senta ao meu lado, esticando as pernas na rua. Que bom que não tem carros passando.

— Tony, você não pode se culpar pelos erros dos seus pais, sabe disso. Também não deve aceitar que façam isso. Você é uma pessoa incrível, que tem uma família que te ama, e se seus avós não forem espertos suficientes para ver isso, você tem seus pais, sua irmã, Camila... Você tem a mim. — O encaro sabendo a profundidade das suas palavras.

Ele não chegou a se declarar com todas as palavras, mas, foi muito além de tudo que já tínhamos falado até hoje. Às vezes, esqueço que tem menos de dois meses que conheço Nicholas. Estou tão familiarizada a ele, que chego a ter medo disso. Mas, sei que não quero o perder.

Ele se levanta e me estende a mão, num convite silencioso. E, claro, eu vou. Me levanto e ele ainda mantém nossos dedos entrelaçados, mesmo quando voltamos a andar, junto com o pessoal, não em direção ao hotel como estava em meus planos antes de Nicholas aparecer, mas, para o lugar onde eu deveria ter ido desde que acordei esta manhã.

Acho que sei o porquê de Camila ter chamado o príncipe, afinal de contas. Ela parece saber lidar melhor com meus sentimentos que eu mesma, ou melhor, ela os conhece e principalmente ela os aceita. Estranho, pensar que Nicholas foi o apoio que eu precisava para fazer o que tinha a ser feito.

Bom, eventualmente, teria acontecido, mas, com ele aqui ao meu lado, sua mão junto a minha, me sinto forte da forma que eu precisava. E, acho que não tenho motivos para temer o amor.

O endereço que tínhamos para ir, coincidia com o mesmo restaurante que na ficha dizia que meus avós trabalham, o que me fez concluir ser uma propriedade familiar. A arquitetura era simples, e condizia com toda a cidade, mas de certa forma aconchegante. Pelas vidrarias eu conseguia ver, algumas mesas vazias, provavelmente por causa do horário avançado. Mesmo assim respirei fundo e entrei, sendo seguida por Nicholas e Camila, enquanto Ed e Kevin esperavam lá fora.

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