Capítulo 24

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Não quero pensar que estou me precipitando (afinal eu raramente faço isso), por isso, começo a fazer minhas malas com calma. Não que eu planeje ficar lá por muitos dias, mas, ainda não sei como vai ser isso, e, repetindo, como não estou me precipitando, vou preparada para tudo que possa vir.

Como não quero uma mala extravagante de duquesa, e sim roupas casuais, para passar despercebida na multidão, não deixo Camila encostar um dedo no guarda-roupa, porém, mesmo assim consigo ver seu olhar preocupado antes de sair do quarto, para preparar sua mala, porque, é claro, ela vai comigo.

Sei que não vai adiantar nada tentar sair de fininho, já que Ed está sempre na minha cola, realizando sua função de guarda-costas, e, óbvio, não sei se seria prudente, já que agora todos sabem que sou a herdeira do ducado de Lyons, mas, ainda não quero chamar atenção com um batalhão garantindo minha segurança.

Apenas Ed acho que já é de bom tamanho.

Deixo tudo arrumado em cima de um móvel: bolsa com todos os documentos que podem ser necessários, uma pequena mala e mais um casaco — porque está um frio de bater os queixos lá fora —, e preparo para entrar na cova dos leões: falar com a Duquesa.

Quando entro no escritório da minha avó, incrível como ela sempre está aqui, ela sorri. Ótimo, ela está com um bom humor, vai ser mais fácil fazê-la ceder.

— Posso ajudar em algo, querida? — fala, depois de eu me sentar na cadeira em frente sua mesa.

— Olha vó, não quero parecer grossa, muito menos irresponsável, mas, eu vou viajar. Vou conhecer meus avós maternos, que eu sei que estão vivos, mas, não graças a ninguém nessa casa. Sei que tenho tarefas a cumprir, ainda mais agora, como um membro público da nobreza, mas, eu não consigo pensar direito. Enquanto tudo sobre meu passado não estiver resolvido, não vou poder seguir em paz para o meu futuro. Não vou demorar, eu só quero... Eu preciso vê-los, conhecê-los e então volto para casa.

Falo tudo tão rápido e gesticulando tanto que minha avó fica surpresa com minha determinação, ou em dúvida quanto a minha sanidade.

— Tudo bem. — Levanto as sobrancelhas, surpresa ao vê-la aceitar tão fácil. — Eu sabia que uma hora isso iria acontecer, e acho bom até. Vamos colocar uma pedra de vez no passado conturbado dessa família.

— Ah — pisco algumas vezes. — Bom. Então, já estou com as coisas prontas e pretendo sair hoje mesmo. Acho que só Ed para acompanhar eu e Camila é o suficiente.

— Não mesmo.

— Mas, vó...

— Não senhorita, uma viagem dessas demanda esforço além de segurança máxima. Ainda mais, já está escurecendo. Acho que uns cinco seguranças, está bom.

— Mas, vó... — a encaro suplicante e como resposta tenho um olhar tedioso.

— Nem um 'a' a mais, está decidido.

O outro segurança que vai acompanhar a mim, Ed e Camila, se ocupa de colocar as malas no carro, enquanto eu tiro as bandeirinhas de Corona.

— Espero não me arrepender disso, Maria. — Encaro minha avó de pé nas escadas, me olhando severa. — Onde já se viu? Só dois seguranças? Não faça nenhuma besteira.

— E quando eu fiz uma besteira, hein? — coloco as bandeirinhas em suas mãos, e as seguro.

— Devo te lembrar do incidente com o príncipe em Corleans?

— Vocês não esquecem isso. Fomos tomar sorvete! Ah, avise Teresa para mim. Ela vai ficar uma fera quando souber que eu fugi dela, enquanto estava de folga.

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