Sempre achei que fosse uma pessoa calma com zero ciúmes. Acima de tudo: uma pessoa racional.
Mas, claro isso foi antes de eu entrar em um relacionamento. Eu sempre soube que nunca ter estado em algum relacionamento sério com alguém, que não seja de um laço familiar, poderia acabar dando problemas. E isso realmente aconteceu: eu não sei lidar com emoções.
Não que isso seja algo difícil de presumir, né? Eu precisei viajar para o outro lado do ducado para aceitar — e conhecer — meu amor por Nicholas e quando eu estou, finalmente, em paz com isso, uma bomba acontece.
Coço a cabeça, algo que já fiz algumas vezes desde que li aquele bendito jornal. Na verdade, desde que li aquilo, já tive muitas reações, acho até que já passei pelos cinco estágios do luto, e olha que eu nem estou de luto — talvez sim, pelo meu relacionamento que mal tinha começado.
Eu passei rápido pela Negação, o primeiro estágio, em alguns minutos eu cheguei à conclusão de que sim, aquilo era possível de acontecer, afinal de contas, Nicholas é homem. E não dá para se confiar 100% em um homem. Ainda mais para mim, que tenho péssimas experiências com mentiras.
E então veio a raiva, raiva de mim mesma por ter acreditado nessa baboseira de amor que só serve para agirmos inconsequentemente e depois nos machucarmos. Então, para ser mais justa comigo, fiquei com raiva dele. Daquele babaca idiota, que nunca se barbeia direito — ficando com aquela barba por fazer que o deixa lindo, mas isso não vem ao caso —, que me iludiu com aquele jeito galante e aquele rostinho bonito.
Fiquei com mais raiva ainda depois, porque isso me deixou cansada, já que eu fiquei andando pelo escritório, falando, quase gritando e agitando os braços numa forma de tentar colocar para fora o estresse do momento, o que fez Camila e Teresa me olharem estranho.
Depois eu comecei a negociar comigo mesma, com meus sentimentos e pensamentos conflituosos naquele momento. Nicholas foi fotografado com uma mulher, e daí? Ele só deu o azar de terem o visto com aquela lá em um local público e tiraram uma foto totalmente fora de contexto. Ela pode ser uma amiga, uma conhecida, alguém que estava lá à trabalho. Pode até ser uma fã da família real que o viu ali e não perdeu tempo em ter sua chance de conhecer o futuro rei Corona.
A depressão foi um momento difícil de lidar, porque depois de olhar aquela foto por muito tempo e muito perto, seja lá o que Nicholas sussurrou no ouvido daquela mulher parecia algo muito íntimo. Pelo menos é o que parece, mas as aparências enganam, certo?
Volto a me sentar na cadeira acolchoada e estalo o pescoço virando a cabeça de um lado para o outro. O cansaço emocional me consome, principalmente porque agora eu tenho a capacidade de aceitar mais um sentimento: a tristeza. Luto contra a vontade de chorar, por não querer que as meninas me vejam nesse momento de fraqueza.
— Bom, pode não ser o que parece. — Mila se estica sobre a mesa até colocar sua mão sobre a minha, fazendo um leve aperto.
A encaro com um sorriso fraco, já que não tenho mais o que falar.
— Ela está certa Tony, a imprensa está sempre em cima da família real — comenta Teresa, acariciando meu cabelo, sentada ao meu lado. — Com certeza é um engano.
Dou mais um sorriso e me levanto incomodada com o tipo de atenção que estou recebendo. Sempre detestei que sentissem pena de mim, quando era pequena odiava quando me tratavam diferente por causa da minha situação financeira e é algo que eu mantenho até hoje. Mesmo que os olhares que eu recebo agora não seja por causa de dinheiro.
Estou andando lentamente pela sala de novo, quando me assusto com o toque do meu celular em cima da mesa. Não preciso nem ler o nome na tela para saber que é o Nicholas, já que o toque dele é diferente, sem contar que o olhar mortal que Camila dedica ao celular seria capaz de rachar a tela, se pudesse. Pego o telefone e saio do escritório, mas ainda toca algumas vezes antes de eu respirar fundo e finalmente atendê-lo.
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