Capítulo 19

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— Olá, filha — meu pai fala quando finalmente para a minha frente.

Lentamente, meu pai me puxa para um abraço, e eu continuo parada, apática. Estranhamente, sem reação. Meus braços continuam parados junto ao meu corpo, até depois de ele me soltar e ser a vez da minha mãe. Quando minha mãe se afasta, rapidamente passo a mão nos olhos, para impedir a lágrima solitária que se formou de cair.

É muito perceptível o clima tenso no salão, se algum desconhecido entrasse pela porta agora iria perceber que há algo de errado aqui. Tentando aliviar um pouco, e acho que para tirar a atenção de cima de mim, Camila cumprimenta meus pais, de forma calorosa. Logo, minha avó está apresentando Nicholas para minha família.

— Prazer conhecê-lo, senhor Alef — Nicholas e meu pai apertam as mãos de forma firme.

— Com certeza o prazer é meu, fico feliz em ver como você cresceu — Nicholas dá um pequeno sorriso, mas, a situação não deixa de ser estranha por isso. — Esta é minha esposa, Inês, e minha filha caçula Helena — Nicholas beija a mão de cada uma, como sua refinada educação ensinou.

— Vem cá, Alteza, eu não quero parecer inconveniente, mas, podemos tirar uma foto? Assim, esse é o momento mais importante da minha vida até hoje — Helena, sempre extrovertida, da melhor maneira possível, deixa tudo mais leve, e enquanto Nicholas se aproxima sorrindo para a bendita foto, peço licença, e me retiro.

Quando chego ao jardim encaro todas as folhas laranjas, das árvores próximas e respiro fundo. Calma, Tony. Vai ficar tudo bem. Me sento em um banquinho de pedra, e encaro minhas mãos sobre meu colo.

Ver meus pais foi tão impactante quanto eu achei que seria, talvez, mais. Mas, só Deus sabe como eu fiquei feliz quando eles me abraçaram, uma paz se espalhou no meu corpo, e eu senti vontade de deixar tudo para lá, esquecer tudo, os problemas, as mentiras. Porém, tão rápido quanto essa sensação chegou, ela se foi.

— Oi — Nicholas fala tão calmo, que nem me assusto quando sua presença repentina chega — Você está bem? — Ele se senta ao meu lado, e eu encaro seu rosto.

— Eu não sei... Eu... Eu achei que conseguiria — dou de ombros.

— Mas, você conseguiu Tony. Você enfrentou seu medo.

— Eu não falei um 'ai', não mexi um músculo. Eu só fiquei lá, que nem um poste.

— Um poste bem bonito — ele encosta seu ombro no meu, e eu solto uma risada fraca.

— Para, é sério... Eu sou ruim por guardar esse rancor?

— Tony, isso é você quem tem que dizer. Só você sabe o tamanho da sua dor, mais ninguém. E, bom, é totalmente compreensível, eu surtei quando meus pais me contaram, e eu tinha 14 anos. Seus pais só te contaram quando você fez 21, e teve todas essas mentiras envolvidas.

— Eles não me contaram, eu ouvi a conversa.

— Uau — Nicholas fala olhando para frente. — Definitivamente, ninguém pode te julgar. Mas, — ele segura minha mão — você tem que fazer o que é melhor para você, e sei que para você, o melhor, não será virar as costas para eles.

— O que te faz achar isso?

— Tony, sei que nos conhecemos a pouco tempo, mas, do pouco que conheço sei que você é bondosa, altruísta, inteligente, gentil, e principalmente, você não é egoísta. Você só precisa liberar o perdão, no seu tempo, quando se sentir pronta, e verá que ficará bem melhor.

— Você é um cara bem legal, sabia? — falo, depois de me aproximar e beijá-lo.

— Você tem muita sorte. Mas, aproveitando, você poderia não me deixar sozinho com sua irmã? — Dessa vez eu rio de verdade. — Ela meio que parece que vai surtar toda vez que olha para mim.

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