A Preferida [PAUSADO] [REVISÃO]

Capítulo 22

Não consigo acreditar que cometi a gafe de não saber quem era Viviane de Farrugia. Era o principal rosto que deveria ter decorado: a irmã do rei, e ex-noiva do meu pai. Que sabe se lá como se sente em relação a toda a situação.

Afinal de contas, ser abandonada no altar deve ser uma droga. Ainda mais sendo substituída pela empregada da casa. Não que para mim isso faça alguma diferença, mas, para ela com certeza deve ter sido ultrajante, já que ela parece se sentir melhor que todo mundo.

Começo a sentir minhas bochechas doerem por estar a tanto tempo sorrindo tão forçadamente, e vejo que as duas me encaram, esperando alguma resposta. Sinto que só estão esperando eu dar uma bola fora para poderem me humilhar e diminuir na frente de todos. Mas, hoje não, moças. Hoje não.

— Claro que sei quem é a senhora, apenas, não a reconheci de imediato. Por causa do calor do momento — minto descaradamente.

Emma me encara com os olhos semicerrados, enquanto sua tia me olha com uma sobrancelha arqueada. Fazem a dupla perfeita, no final de contas, são duas metidas que se sentem superios.

— Entendo. Talvez, eu realmente tenha exagerado um pouco, por isso, me desculpe, Maria — meus olhos quase saem das órbitas quando ouço isso de tão grande é minha surpresa.

— Não tem problema, creio que eu estava um tanto quanto distraída sim — decido dar o benefício da dúvida para a tia de Nicholas, já que com Emma as coisas comigo já não parecem ir bem.

Não preciso de mais parentes dele me detestando.

— Não faz mal, querida, está no passado — Viviane dá uma pequena risada e dá um passo em minha direção. — Imagino que deva ter sido uma tremenda mudança essa que você está vivendo, embora, pareça estar se adaptando bem — ela me olha dos pés à cabeça.

Pela primeira vez na noite, me bate uma dúvida sobre minha escolha do vestido, mas, antes que possa me deixar abalar sobre o comentário, um sorriso genuíno, e um tanto quanto maligno, toma lugar no meu rosto.

— Até que sim, acho que nasci para isso — percebo quando seu sorriso morre por um segundo em seu rosto, ao ver que não conseguiu me atingir.

Eu estava sim a fim de levantar a bandeira branca, mas, se a madame não quer, ela não vai se divertir às minhas custas. O clima começa a ficar tenso em nosso redor, e antes que eu possa falar qualquer coisa, Emma que estava muda chama sua tia para cumprimentar seus pais.

Bufo com raiva. Se ela não está feliz com minha entrada na corte, por que veio ao meu baile, afinal? Com certeza, veio torcer para algo dar errado.

— Minha nossa, a reunião em família não parece ter sido boa — levo um susto quando Tristan se aproxima.

— Quanto você ouviu?

— Não é educado ouvir conversas dos outros, Tony — ele tem um sorriso matreiro no rosto. — Mas, pelo seu rosto dá para imaginar que não foi nada legal — Tristan está segurando o riso.

— Tem razão. Não sei por que, mas, tenho a impressão de que a família de Nicholas não gosta muito de mim — falo com um pequeno sorriso triste.

— Por que acha isso? — Tristan pega duas taças que um garçom oferece e me estende uma.

— Bom, Emma nunca me tratou bem e a Viviane parecia querer me esganar há alguns segundos — reviro os olhos e tomo um gole da minha bebida.

— Então, a princesa não é a flor mais agradável que se cheire, embora seja uma boa pessoa. Ela só precisa te conhecer melhor, entende? — aceno com a cabeça debochadamente, o que faz o sorriso de Tristan aumentar mais. — E, sobre a irmã do rei, esta sim é uma chata que somos obrigados a conviver, mas, acho que não é uma pessoa ruim. Ela só deve te detestar porque sua mãe roubou o noivo dela.