Capítulo 9

240 108 27
                                    

Aceno de volta para minha avó antes dela entrar em um dos carros pretos com bandeirinhas de Corona. O carro contorna o jardim circular e se dirige até a saída pelos grandes portões de ferro.

É, agora é oficial. Estou sozinha nisso.

– Olá, duquesa – Ed me cumprimenta, depois de chegar e ficar em pé ao meu lado, também olhando o carro cruzar a propriedade.

– Não sou duquesa ainda, Ed – comento sorrindo para ele.

– Durante esses dois dias, você é – ele me responde sorrindo e tira seus óculos escuros. Nos viramos e voltamos para dentro do palácio. – Você vai se dar bem.

– Não sei não, Ed. As tarefas dessa pasta não parecem tão simples assim – respondo sacudindo a pasta para ele, enquanto andamos rumo ao segundo andar.

– Aposto que irá tirar de letra – sorrio diante do apoio de Ed.

Quando começo a subir os primeiros degraus da escada que me levaria para o terceiro andar, me lembro que minha avó havia me recomendado, no almoço, trabalhar em seu escritório, então dou meia volta, e me dirijo até lá, com Ed ainda no meu encalço.

– Vai me seguir o dia todo hoje?

– Sua avó mandou eu ficar de olho em você enquanto estiver fora.

– Porquê? – Pergunto rindo.

– Talvez ela tenha medo de você vazar um segredo de Estado.

– Talvez eu o faça – falo sorrindo e Ed me responde dando de ombros. – Conheci sua esposa hoje – respondo abrindo a porta do escritório da minha avó e entrando.

– Ela me disse no almoço, gostou de você.

– Também gostei dela, e das meninas – respondo me sentando na poltrona da minha avó, e nossa, é confortável.

– Elas são ótimas mesmo – Ed me responde com um sorriso doce, provavelmente lembrando da família bem estruturada, diferente da minha.

Me lembrar da minha família agora, depois de algum tempo sem pensar neles, me deixa triste. É irônico eu não ter pensado neles desde que cheguei aqui, já que estou aqui por causa deles. A parte mais triste disso é que talvez, meus pais já não sejam tão importantes para mim. Por isso, minha reconciliação com eles não esteja sendo minha prioridade.

– Famílias são bem complicadas Tony – Ed me fala, após ler meus pensamentos, ou talvez só minha expressão abatida.

– Sei bem disso – respondo balançando levemente a cabeça e abrindo a pasta em cima da mesa.

– Bom, duquesa – Ed coloca seus óculos escuros – se precisar de mim, aperte este botão – aponta para um botão no telefone preto e depois para seu fone de ouvido, daqueles que seguranças usam. – Ou se preferir, me chame, estarei do outro lado da porta.

– Tudo bem, guarda costas. Ah, – o chamo antes que ele saia do escritório – sabe sobre Camila?

– Um carro já foi encontra-la, te informo quando ela chegar aqui no palácio.

– Obrigada, Ed – agradeço, Ed acena com a cabeça e se retira, fechando a porta.

Me levanto da poltrona, e fico em pé de frente para a janela. Talvez, quando eu ligar para Helena hoje a noite, eu possa perguntar como estão meus pais. Acho que já está na hora de Helena vir para Lyons, viajar um pouco. Meus pais viriam com ela, muito provavelmente, já que ela nunca viaja sozinha. Talvez, eu os receba aqui. Eu acho.

Eu suspiro. Tem muito achismo nesse pensamento.

Mordo a unha do polegar de leve para não quebrar. Não posso voltar a roer unhas, é um hábito horrível, sem contar que foi díficil parar. Também, aposto que minha avó não gostaria.

A Preferida [PAUSADO] [REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora