Capítulo 12 - Água, muita água

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14 de fevereiro

London Narrando

Sabe como é ser atingido pelo silêncio? Não há som de uma sequer voz, apenas o vento passando por você.

  Eu a via, tinha os olhos tristes mas havia um pequeno sorriso em seu rosto pálido. Não fiquei reparando em suas vestes, apenas notei seu cabelo negro voando graças ao vento e a paisagem ao qual ela fazia parte. A garota se encontrava próximo à beira de um precipício e atrás da mesma  havia um céu colorido com tons de cinza.

Um floco de neve caiu a sua frente e por esse motivo seus olhos se direcionaram ao céu  como os meus. Estava começando a nevar. Mas onde estava o frio?

- Você sou eu.. - Sussurrei a analisando. Parecia meu reflexo.

Ela sorriu e começou a dar passos para trás e se aproximar mais da beira. Senti o pânico me tomar e dei passos para frente também na esperança de chegar até ela e a impedir, mas isso fez com que a garota parasse e me encarasse novamente com aqueles olhos tristes e aquele pequeno sorriso que não enganava a ninguém. Eu parei também e a encarei. Ela balançou a cabeça para os lados enquanto o vento continuava a soprar seus compridos cabelos negros.

Senti o medo me tomar junto com uma onda de tristeza por seu ato. Eu apenas a assisti dando os últimos passos enquanto andava de costas e se deixaxa cair dali logo em seguida.

Eu corri imediatamente em direção a beirada, o coração batendo como um louco e o desespero me consumindo me deram velocidade para chegar logo. Ali eu me ajoelhei e olhei para baixo, e para a minha surpresa não vi nada. Nenhuma onda ou grande movimento na água lá embaixo. O mar estava calmo, quase parado. Meus olhos varriam por tudo com voracidade mas nada, não encontrei nada.

   Foram necessários longos minutos para que eu começasse a duvidar do que tinha acabado de presenciar e assim cessar minha busca por ela. Teria eu alucinado?

  Olhei para minhas mãos aprofundadas na grama. Os primeiros flocos começam a cair e tocavam me a pele e, para minha surpresa, agora eu tinha a sensação de frio leve com o gelo. Não, eu não podia estar alucinando, eu sentia a grama, sentia os flocos me tocando e o medo.

  Logo fui tirada de meus pensamentos graças a sensação que tive de minha garganta se fechar. Eu não estava conseguindo mais respirar. Com isso, me deitei na grama com o corpo virado para o céu e pus minhas mãos em meu pescoço como se tentasse assim conseguir parar aquilo, mas não, a sensação só piorava.

O mais estranho, tenho que dizer, foi quando achei que minha visão estava falhando e eu estaria prestes a desmaiar por estar sufocando, porém segundos depois notei que o cenário diante dos meus olhos estava mudando como uma luz que era acesa e se apagava logo em seguida. Logo o novo cenário se fixou e agora o que eu via era água por todo o lado e acima, ao longe, a superfície que brilhava com a luz do dia.

  Eu não conseguia mais respirar mas parei de tentar fazer o mesmo, pois de algum jeito aquilo não me incomodava mais, eu me sentia confortável até com aquela sensação de estar afundando cada vez mais e o brilho da luz do dia ficar mais distante a cada segundo. Deixei meus braços e pernas parados, apenas esticados sendo movimentados apenas pelo leve fluxo da água.

  Eu estava prestes a fechar os olhos para gravar melhor o que sentia naquele momento, quando notei a água clara tomar diferentes tons de azul e preto. Com as sobrancelhas unidas eu olhei para trás e em vez de encontrar o fundo, o que vi foi o vazio, o negro infinito.

  O medo me tomou novamente mas não demorou muito tempo para que fosse substituído pela curiosidade que começou quando notei pequenas luzes brancas tomando conta de parte daquele breu sem fim. Os tons de azul também tinha presentes algumas muitas dessas e ouso até dizer que vi uma luz amarela ao longe passando pelas outras rapidamente.

  O que era tudo aquilo, afinal?

  Sem entender mais nada, tentei tocar uma poeira brilhante diante dos meus olhos, mas quando me mexi e tentei tal ato, aquilo se desmanchou por um momento como se eu ainda estivesse na água afundando.

Estaria eu realmente enlouquecendo?

  Acordei assustada, e assim notei que estava apenas sonhando.

Sentei me na cama e encarei minhas mãos. Mas que droga de sonho tinha sido aquele?

                     ~*~

   Já estávamos na metade do mês e tudo o que eu fazia era ler. A biblioteca era o meu lugar preferido na escola inteira. - não que eu conhecesse mais do que o dormitório, a sala de aula, o salão do prédio principal e aquela pequena parte do lugar de fora onde conhecemos o diretor no primeiro dia.

  Mesmo nos finais de semana, eu não deixava mais a escola, sentia falta de Liam e meus velhos amigos mas acreditava que manter uma certa distância seria bom, afinal, algum dia eu iria embora viver minha vida e eles já não estariam mais ao meu lado. Eu preferia optar por mensagens através do celular.

  Sentei me em uma das várias mesas e coloquei o livro que havia escolhido para ler ali em cima. Passava das sete da noite e o local estava praticamente deserto, o que me deixava ainda mais relaxada para com a leitura.

  Ultimamente os livros que eu mais lia eram sobre Senhores do Tempo, mas desde aquele sonho estranho que tivera naquele mesmo dia, eu tinha optado por ler algo diferente.

"Sonhos e seus possíveis significados", dizia a capa do livro ao qual eu estava prestes a abrir. Para minha surpresa, antes que eu fizesse isso, mãos cobriram meus olhos e um sussurro me veio a um dos ouvidos.

- Olá sumida.

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Aos poucos eu vou esclarecendo mais sobre os Senhores e seus puderes, histórias  blas.. a história é muito cheia de detalhes gente então please, tenham paciência.

Bjss

Os Senhores: O Segredo De AureatusOnde histórias criam vida. Descubra agora