Capítulo 62 - Pai e Filho

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(digam o que acharam da nova capa. Bjs)

  Celcio Narrando (O Senhor do Tempo que serve ao reino de Lumbras) - 22 de abril, domingo

Os domingos em Lumbras eram agraciados com a luz do dia, mas aquele tinha algo de diferente. Os ventos sopravam forte vindos do norte. Chuviscava uma vez ou outra. O tempo era sombrio.

Passei por algumas empregadas do palácio que riram e começaram a cochichar algo entre si enquanto os pares de olhos pousavam em mim. Eu adorava aquilo. Gostava de atenção e sabia que ela vinha da combinação do meu cargo alto de vidente do rei e minha boa aparência.

Passei a língua pelo lábio inferior e reprimi um sorriso travesso que insistia em aparecer no meu rosto. Eu ajeitei o sobretudo preto de couro que usava  e parei no meio de um corredor com um lado aberto para o jardim. Estava a ponto de ter uma visão. Só tive tempo de tirar uma pérola do bolso do sobretudo. Eu as carregava comigo sempre para que em momentos como esse, pudesse tê los onde registrar.

Segurei a pérola fechando a mão em punho e prendi a respiração por um momento.

O que  vi foi um garoto dos cabelos vermelhos sentado numa poltrona em frente à uma cama onde um homem de cabelos da mesma cor descansava. O príncipe de Lumbras estava diante do seu pai. Ele segurava a mão do mais velho enquanto seus olhos castanhos dourados estavam tristes, haviam olheiras naquela região, os últimos dias tinham sido difíceis para ele que não saía do lado de seu pai quase nunca. Já o rei de Lumbras passava boa parte do seu tempo em sono profundo, era um dos sintomas de sua doença agora em estado mais crítico. Eu não sabia muita coisa sobre aquela doença que afetava em sua grande maioria aos Senhores das Sombras por seus contatos bem mais frequentes com as trevas do que outras criaturas.O rei despertou diante do mais novo que se endireitou em sua poltrona por imediato.

- Pai. - Henry sussurrou.

O homem apertou sua mão antes de encará lo.

- Você ainda está aqui... - Sussurrou. - Devia estar na escola estudando, fazendo amizades, saindo com uma fila de garotas bonitas...

Henry sorriu, mas era um sorriso triste.

- Não dá, minha quase namorada pode ter um ataque de ciúmes e sair me puxando pela orelha. Não ia ser legal a Aureatus toda saber que o príncipe de Lumbras foi arrastado pela orelha por uma garota em público por ela ter tido um ataque de ciúmes. - Ele disse baixo.

O rei riu imaginando a cena.

- Ia ser bom pra descontrair. - Disse para o filho. - Você é muito comportado, dedicado aos estudos e ao povo mesmo não querendo ser rei. Devia aproveitar mais sua juventude...

- Eu aproveito. - Henry respondeu rapidamente. - Eu me divirto com meus amigos. Muito.

Um silêncio se instalou pelo cômodo de repente. Durou alguns segundos e então a atmosfera mudou.

- Talvez por ter me divertido muito, eu tenha faltado com você. - O jovem sussurrou. Havia peso em suas palavras. Remorso. - Eu devia aparecer mais em casa, independente do que eu quero ou não para o futuro, eu devia estar mais com minha família e não o fiz.

O mais velho o encarou por um momento e então negou suas palavras com a cabeça.

- Não diga isso. - E passou o polegar nas costas da mão do mais novo. As mãos ainda unidas. - Eu devia ter sido mais paciente com você. Devia ter te pressionado menos. Um trono não é uma responsabilidade que todos tenham que lidar.

Henry sorriu novamente daquele mesmo modo.

- Está tudo bem. - O mais novo disse baixo. Ele uniu as sobrancelhas logo em seguida. Tinha notado algo. - Sua mão está fria.

Houve algo como um esboço de um sorriso vindo do rei.

- Está frio. - Disse ele.

Com isso, Henry se levantou de imediato e puxou as cobertas para cobrir o homem.

- Vou acender a lareira. - Disse baixo.

Mas antes que desse um passo, o rei o seguro pelo braço.

- Pode me prometer algo? - Pediu com a voz falhando.

  Henry assentiu com a cabeça.

- Prometa me que vai cuidar de todos aqueles que se importa. Que se dedicará a eles. Assim nunca sentirá o que sinto agora.

Um segundo de silêncio.

Henry assentiu novamente com a cabeça.

- Eu prometo. - Disse baixinho. - Agora descanse.

O rei lhe deu um outro esboço de sorriso.

- Eu te amo, meu filho. - Sussurrou antes de fechar os olhos.

  As sobrancelhas grossas do garoto se uniram novamente.

- Pai? - Ele tocou a mão do rei e notou que essa estava gelada. - Pai! - Chamou novamente.

A visão terminou e logo eu levantei meu braço deixando minha mão fechada diante de meus olhos e a abri. Lá estava a pérola já com a minha memória guardada em si.

Eu suspirei e apertei a pérola que se desfez diante de mim. Não havia o que fazer. Não havia para quem entregá la porque ninguém poderia fazer nada com o que eu havia visto. Isso porque o que vi não foi uma visão do futuro, mas sim do presente.

O rei de Lumbras estava morto.

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Ficou curto porquê era o que eu pretendia escrever mesmo assim como os últimos ficaram muito grandes pq era o que eu pensei, mas enfim.
Como esses dias to em casa, livre. To tendo como escrever com mais frequência. Dando tudo certo, não vou ficar sumindo.

Gente, eu tive que manter a calma pra não chorar enquanto escrevia (eu sou emotiva ao extremo kkk).

Tão sentindo as bombas começando de verdade?

A nova capa eu fiz pra combinar com a capa do segundo. Pq as duas não tão parecendo ser da mesma história e isso não é legal

Os Senhores: O Segredo De AureatusOnde histórias criam vida. Descubra agora