Capítulo 59 - A Decisão

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Narrador - No mesmo dia

O casal de namorados saiu pelos corredores de mãos dadas, mas aquele gesto não parecia um costume típico de namorados. Marnie arrastava Jun às pressas em direção a alguma sala.

Jun a encarava por todo o trajeto,  ele parecia assustado com o comportamento de sua companheira.

- Marnie... - Chamou baixo.

- Cala a boca, Kyung. - Ela disse com os olhos num par de portas perto dali. - A gente já vai conversar...

- Medo. - Ele disse.

Os dois entraram numa sala de aula vazia onde Marnie fechou as portas atrás de si e encarou o garoto.

- Era isso o que você viu que te deixou tão assustado ao ponto de sumir? - Ela perguntou séria.

- Não sei do que você está falando.

Marnie riu sem humor algum.

- Não se finja de sonso, Kyung. Eu escutei claramente você dizer que já tinha visto aquilo na sala do diretor. - Ela ainda sorria.

Jun suspirou.

- Bem, agora você já sabe o porquê de meu surto. - Disse dando de ombros.

Marnie suspirou também.

- Uau. - Disse baixo. - Então quer dizer que nossa amiga não é só uma simples luminiana...

- Pois é. - Houve silêncio por um momento. - Vai ser um choque e tanto quando ela souber.

- Posso perguntar uma coisa? - Marnie sussurrou encarando seu par de all star pretos.

- O que quiser. - Jun sussurrou em resposta.

- Por que não contou a ela assim que viu tudo isso?

Mais silêncio. Por vários segundos.

- Marnie, London já tem que lidar com a pressão de ser a primeira luminiana a se mostrar em tempos, imagina juntar isso com o peso de uma coroa e um trono? Muito cedo para ela. Deixe a lidar com a primeira parte primeiro. Depois a gente pensa em como contar a outra...

- Isso se ela não descobrir antes... - Marnie pensou alto.

- Como assim? Ela não vai descobrir se a gente não falar. E eu duvido que a professora Tassie ou minha mãe vá contar também.

-  É que eu tava aqui pensando e... - Marnie mordeu o lábio por um momento parecendo relutante de transformar o que pensava em palavras. - E se mais alguém ver o que vimos e contar a ela antes da hora?

- Só vê aquele que tem o destino ligado a ela de algum modo. Isso é mais comum com senhores que convivem com o indivíduo em questão... - Jun lembrou.

- Sendo assim, não precisamos nos preocupar muito...

Mais silêncio.

- É, mas ela deve estar desconfiada... - Jun lembrou. - Ela e o Henry ficaram lá sem saber que diabos estava acontecendo.

- Quer o saber como esses dois vão ficar depois que descobrirem que o tatara, tatara, tatara sei lá mais quanto tataravô do Henry matou o tataravô e a tataravô de dez mil anos atrás da London.

- Eu acho que isso devia morrer com a gente. - As palavras de Jun Kyung saíram quase que de imediato. Marnie o encarou com uma sobrancelha levantada.- Esses dois se gostam e essa história toda só vai prejudicar o relacionamento deles.

- Eu acho que o relacionamento deles já vai sofrer um grande impacto quando a London reclamar o trono de Luminas e Henry reclamar o de Lumbras.  

- Eles serão líderes. Poderiam casar se e manter a paz entre os dois reinos.

- Desde que essa parte do massacre fique em "off", está tudo certo. - Marnie sussurrou.

Os dois trocaram um olhar demorado. Eles sabiam do peso daquelas últimas palavras ditas ali.

  Perto dali, onde as folhas das árvores coloridas eram suavemente sopradas pelo vento, London estava sentada com as costas apoiadas num tronco com Henry ao seu lado.

- Eu ainda estou tentando entender o que diabos aconteceu agora a pouco. - Ela roia suas unhas. Estava extremamente curiosa, e não era para pouco, tantos olhares em sua direção com certeza diziam que havia algo ali, algo que a envolvia.

- Marnie deixou bem óbvio quando saiu daquele jeito com Jun que, o que quer que ela tivesse visto, era algo grande.

- Você reparou que os olhares não foram só pra mim, né? - London o lembrou. - Você também estava naquela visão compartilhada. - Curiosidade e indignação estavam claros em seu tom de voz. - Mas ninguém falou nada. Nada.

Henry desencostou se do tronco e encarou a grama baixa a sua frente.

- Seja lá o que for, não deve ser algo tão grande assim, caso contrário contariam... - Sussurrou. Mas nem ele tinha certeza dessas palavras.

- Sei lá... - Ela disse em dúvida. Bem, eu quero te mostrar uma coisa... - Disse sorrindo de repente. Era um sorriso quase malicioso, o que deixou o garoto curioso.

- O que? - Henry perguntou com um sorriso se formando em sua face.

London mordeu o canto do lábio parecendo levemente relutante em mostrar o que quer que fosse e ao mesmo tempo escondendo um sorriso travesso.

- Preparado? - Perguntou ela aproximando o rosto do dele

- Depende. - Disse ele ficando animado. - Mas mostre.

- Hm. - Ela disse com um tom brincalhão. E se aproximou um pouquinho mais.- Fecha os olhos.

- Para quê? - Perguntou ele unindo as sobrancelhas.

- Confia em mim. - Disse quase num sussurro. Os dois já estavam com seus rostos muito pertos um do outro.

Henry não pensou duas vezes e fez o que lhe foi pedido. Ele já tinha alguns pensamentos em mente sobre o que vinha e estava ansioso por isso.

Em silêncio ele esperou. Os olhos fechados. Ainda sentiu aquele calor de corpos próximos por mais um momento, mas logo se incomodou. Os segundos passaram e nada. Menos de dez segundos depois, Henry abriu os olhos. London mexia no cabelo o levantando.

- O que diabos você est... - Então ele viu. Viu o que ela queria mostrar. Foi num deslumbre, pois ainda não tinha certeza já que ela estava ajeitando seu cabelo do modo certo o levantando, deixando a parte de baixo à amostra.

Henry manteve seus olhos ali até ter certeza do que via.

- Pode ver. - Ela disse com a cabeça de costas para ele.

Henry manteve se em silêncio por mais um tempo. Seus olhos fixos naquela fina mecha azul quase perdida num mar de mechas negras.

London então se virou e o encarou com um pequeno sorriso no rosto.

- Viu? - Perguntou a ele.

Henry assentiu com a cabeça sem conseguir falar.

Seus olhos ainda olhavam em direção aonde antes se encontrava a mecha e agora tinha o nariz da garota. Finamente conseguiu encará lá nos olhos novamente.

- Você parou de tomar o... - Sua voz não passava de um sussurro falho.

Ela assentiu com a cabeça.

- Decidi parar de me esconder. Mais cedo ou mais tarde teria que me revelar. - Disse parecendo feliz.

Ele apenas assentiu mais uma vez a suas palavras.

- Fico feliz que tenha decidido isso. Você está certíssima... - Ele disse baixo.

London abriu mais o sorriso e o abraçou. Henry a abraçou de volta. Mas ele não sorria. Em momento algum. Isso, porque Henry sabia que seu maior medo havia acabado de estar mais próximo dele.

Os Senhores: O Segredo De AureatusOnde histórias criam vida. Descubra agora