Capítulo 65 - Uma Velha Amiga Da Família

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London Narrando - Segunda, 30 de abril.

- Mamãe, posso pegar salgadinho? - Disse uma criança de não mais que sete anos para uma mulher com cara de trinta atrás de mim.

  Abri um refrigerador e peguei uma garrafa de vodka de sabor cereja. Estava prestes a fechar a porta quando fitei as garrafas de bebida alcoólica que ali tinham e peguei uma outra igual a anterior, agora de sabor de limão. Fechei a porta.

  O pequeno mercado estava perto de fechar e, como já passava das onze da noite, não havia quase ninguém ali. Um dos caixas me deixou por as garrafas ali, voltei apenas para pegar alguns salgadinhos, um pote de sorvete de dois litros e duas barras de chocolate.

- Obrigada. - Agradeci mais uma vez ao moço quando voltei para o caixa e coloquei o resto ali para passar tudo e fazer o pagamento.

O homem de uns quase sessenta anos sorriu gentilmente para mim e começou a registrar minha compra.

- Noite difícil? - Perguntou o mesmo.

Arrumei meu boné que agora não servia mais para esconder meu cabelo e sim como parte do meu visual discreto todo voltado ao preto  e assenti com a cabeça.

- Vida difícil, isso sim. - Sussurrei indo um pouco mais adiante no caixa e empacotando o que já havia passado em sacolas.

- Você ainda é muito jovem, minha senhorita. Dias melhores virão. - Disse tentando me consolar.

"Jovem até demais", pensei.

Tirei uma nota de cem do bolso e dei a ele para pagar assim que terminou.

- Estou sem troco, vou subir e já.. - Começou.

Olhei para minhas compras já empacotadas e para o senhor no caixa. Eu só precisava sair dali logo.

- Pode ficar com o troco. Tenha uma boa noite. - E com isso, peguei as sacolas e saí as pressas.

Eu ainda o ouvi dizer algo como "tem certeza?", Mas não falei nada. Em alguns segundos eu já quase na esquina virando a rua.

Londres. Lá estava eu novamente. Minha casa. Onde nunca devia ter saído.

Na última quinta, imaginando os olhares que viriam a mim, decidi não sair do quarto o dia todo. Queria estar com alguém que me acalmasse, mas nem Marnie ou Jun estavam lá.

Lily tentou fazer algo, me mandando mensagens, perguntando sobre como eu estava. Lembro de ter lhe dito que queria refletir sobre o assunto. Era mentira. Eu queria é sumir. Ser normal.

Sexta, bem cedo, eu me arrumei escondendo o azul do cabelo uma última vez e deixei a escola.

De volta à Londres, lembrei que Liam estava fora. Tinha viajado para resolver seus negócios. Como era muito rico, o mesmo fazia acordo com muitas empresas pequenas investindo um capital nas mesmas. Boa parte dessas, com sua ajuda financeira e aconselhamento, evoluíam lhe dando retorno tempos mais tarde.

Sábado e domingo, lembro de ter passado o dia deitada assistindo filmes e séries aleatórias enquanto fazia coisas de mulher. Terminei o fim de semana com minhas duas séries em dia, dois filmes que haviam acabado de sair do cinema assistidos, unhas lixadas e pintadas de vinho, sobrancelhas feitas e uma barriga inchada de tanto tomar refrigerante enquanto comia pipoca.

Segunda havia chegado e Liam não, eu sabia que quando o mesmo aparecesse, ele me mandaria para a escola.

  Depois de fazer minhas pequenas comprinhas e chegar em casa dez minutos mais tarde, deixei as sacolas em cima do balcão e peguei alguns copos de festa guardados no armário. Eu sabia que se colocasse as bebidas dentro de copos de casa, seria bem provável o cheiro dessas permanecer ali.

Os Senhores: O Segredo De AureatusOnde histórias criam vida. Descubra agora