Capítulo 30 - Hora do café

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London Narrando - 4 de Março, sábado

Aquele era o primeiro fim de semana que eu estava indo para casa depois de começar a estudar em Aureatus e tudo o que eu tinha em mente enquanto arrumava minha mochila, era a imagem de Liam. Ele tinha ficado quase o mês todo de fevereiro me perguntando quando iria voltar, mas na última semana havia sumido. Sem mensagens, sem ligações.

Olhei a tela do celular enquanto passava por um tipo de farmácia no centro. Eram sete e quarenta e oito da manhã. Senhores dos quatro Impérios passavam por ali, alguns já tinham pressa mesmo tão cedo, outros pareciam mais estarem dormindo em pé, e havia aqueles que caminhavam com graça e um belo sorriso que lhes alcançava os olhos de tanta alegria. Eu me encaixava nos que estavam dormindo em pé.

Com o sol ainda nascendo no horizonte e sua luz batendo em meus olhos, me apressei em chegar até a construção onde se localizava o portal para a saída daquela dimensão.

Suspirei ao me aproximar e lembrar daquelas escadas.

- Pelo menos não tem como chamar atenção a essa hora.. - Sussurrei para mim mesma lembrando que a construção não se iluminava de dia enquanto houvesse alguém ali.

Cerca de dez minutos, foi o tempo que levei para subir tudo aquilo. Ao chegar lá em cima, aproveitei para apreciar a paisagem ainda que por pouco tempo já que tinha pressa. Pus me ao centro, parada debaixo do 'S' ali e esperei. Liam tinha me dito uma vez, acho até que tenha sido na primeira vez que vim à Aureatus, sobre aquela enorme construção ser uma das coisas mais incríveis naquele mundo. Aquilo era capaz de gravar o último lugar que cada Senhor chegou ali ao vir do mundo humano.

Começou pelos pés e então as pernas, mal percebi quando chegou aos braços. Eu estava desaparecendo. Foram apenas cinco segundos para deixar Aureatus, um segundo no vazio e então de pé numa grande lixeira. Sim, aquela lixeira.

- Aff. - Sussurrei.

Mas o pior aconteceu mesmo enquanto eu saía dali. Havia um senhor jogando o lixo fora naquele beco em outra lixeira.

Sem graça, eu sorri. Ele me olhou como se eu fosse louca, é claro. Uma louca deixando uma grande lixeira.

Passado o mico, eu finalmente as vi, as ruas da velha Londres. Não tinha notado a falta que sentia até estar ali novamente. As pessoas passavam com pressa, estrangeiros falavam entre si em seus idiomas, carros e ônibus passavam direto..

Sorri e suspirei. Eu estava de volta ao meu lar.

Tive que pegar um ônibus que demorou uns dez minutos até o ponto onde eu descia. Apenas andei por mais três minutos sobre uma rua bonita com casas enormes, flores em suas épocas mais belas por todos os lugares, crianças brincando por ali e por aqui até finalmente parar e encara lá. Era amarela, dois andares, tão espaçosa e moderna quanto as outras, com flores, árvores e um velho balanço pendurado numa mais ao fundo. O tempo parecia não ter passado por ali depois daqueles enormes e velhos portões de ferro, mas ainda assim era estranho estar em casa novamente.

Tirando a mochila das costas e a segurando com a mão por uma alça, eu apenas empurrei um dos portões e caminhei para dentro do terreno sobre a trilha de pedras impregnadas no cimento por entre aquele majestoso jardim e parei diante daquela velha porta branca.

O cheiro de tinta foi o que me fez notar que aquilo havia sido pintado recentemente, assim como os números na porta eram novos.

Esfreguei os lábios um no outro. Meu coração insistia em dar pulos como um louco.

Levantei a tampa da fechadura eletrônica e digitei a senha esperando que Liam não a tivesse mudado. Aquele som agudo familiar me fez sorrir. Abri a porta.

Os Senhores: O Segredo De AureatusOnde histórias criam vida. Descubra agora