Capítulo 63 - A Figura De Preto

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London Narrando - 25 de abril, quarta feira.

A notícia da morte do rei de Lumbras chegou a escola num piscar de olhos. No refeitório, na sala de aula ou onde quer que fosse, esse era o assunto que se ouvia.

Eu mandei mais mensagens pra Henry, liguei para ele e deixei sua caixa postal cheia. Ele não respondeu.

"Ele está em luto", pensei. "Deixe o em seu tempo".

Mas eu não queria deixá lo ali, tão longe. Eu queria poder estar com ele e abraça lo. Queria ser amiga naquele momento e confortá lo, mas Henry não me permitia. Os portais que ligavam os dormitórios ao prédio principal nunca tinham sido tão usados quanto nos últimos dias. Chovia lá fora e muito. Sem cessar.

- A natureza chora pelo grande líder que se foi. - Disse Carl naquela tarde. 

Estávamos no dormitório dos Senhores da Mente. Lá tudo era muito branco, muito limpo, vidro não só nas paredes externas mas em algumas muitas das internas no salão de festas. Nem os móveis escapavam desse padrão em sua maioria. Estantes, mesas de centro, mesas de comida, a escada que levava para o segundo andar igualmente aberto como no dormitório dos Senhores do Tempo.

Lembro me de uma vez que Carl me falou sobre a analogia que havia nas construções ao qual Senhores da Mente habitavam.

- Tudo remete a mente. As paredes são o que protegem as memórias, os pensamentos, os segredos. Mas se sua mente não for forte o suficiente, as paredes se tornam vidro e assim transparentes possibilitando a exposição indesejada dela.

Nunca teria pensado daquele modo se ele não se dissesse, mas fazia sentido. Muito sentido.

O dia partia e a noite chegava. O salão começava a encher.

Jun não estava na escola. Tinha sido chamado pelos pais às pressas assim que a notícia do falecimento do pai de Henry chegou a esses. Até onde eu sabia, o pai de Jun era algo como a mão direita e a mãe uma grande amiga da rainha do Tempo, o que os tornava ainda mais importantes nas reuniões com sua majestade. Marnie foi junto com Jun, ele queria apresentá la aos pais.

Eu estava muito feliz pelos dois. Mas eu estava numa fase difícil e eles estarem até a próxima segunda fora só me deixava menos disposta a encarar as coisas.

Nosso grupo era grande, mas nos dividiamos entre nós. Marnie, Jun e eu éramos um trio, Carl, Cristian e Lily eram outro e sobrava Henry e Lyra que se mantinham como dupla por sua amizade e por Lyra ser a guardiã real de Henry.

  Fazia um tempo que eu não conversava com o restante do grupo por muito tempo pessoalmente, mas acho que um dos meus dois pombinhos do Tempo haviam entrado em contato com o trio. Carl tinha aparecido naquela manhã e não desgrudava. Não que eu me sentisse incomodada com sua presença já que minha amizade com o mesmo sempre fora muito agradável, mas eu havia notado a preocupação em seus olhos o dia todo. Ele tinha me convidado para a festa que fariam no salão da Mente e eu decidi aceitar. A aquela hora, Lily e Cristian já estavam a caminho. Cristian tinha aula de tarde e Lily eu não sei o que fazia mas iriam aparecer em greve.

Ligaram o som no alto. Era alguma música eletrônica que eu não conhecia.

Carl estava sentado numa cadeira muito elegante com detalhes em vidro e couro branco. Eu estava numa igual que foi empurrada pelo pé dele que parou numa quina do móvel ao lado do meu joelho me fazendo ir para trás alguns centímetros.

Eu mandei lhe um sorriso travesso e lhe dei um leve chute em sua calça jeans escura.

Ele sorriu. Um sorriso doce que chegava aos olhos verdes escuros brilhantes.

Os Senhores: O Segredo De AureatusOnde histórias criam vida. Descubra agora