Capítulo 48 - O rei de dez mil anos atrás

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Louis Narrando - Na noite do mesmo dia.

Era mais de duas da madrugada. A noite agora era dura. Não havia uma sequer nuvem no céu, cheguei a acreditar que iria chover já que de vez enquando, pingos de chuva caíam.

Minha mente se encontrava uma bagunça com as memórias do que tinha encontrado naquele velho baú.

Em silêncio, peguei um fósforo e ao acende lo, espalhei seu fogo por entre as lamparina à óleo por ali. Como aquela torre era muito antiga, diferente do restante do castelo, não havia eletricidade naquele lugar. Eu até que gostava disso, pois gostava de encarar o fogo, admirar as pequenas chamas ali brilhando.

Ao passar alguns segundos, uma brisa forte vinda da única janela que ali possuía, quase levou o cômodo a escuridão mais uma vez. Virei me para onde eu pudesse ver a noite, pois sabia que ele tinha chegado.

Se você pudesse ver o que vi naquele momento, meu caro leitor, diria que naquela grande janela se encontrava sentado um anjo. Ele não me encarou de imediato, sua cabeça estava virada junto com seu tronco para fora daquela torre, mas a luz das velas brilhava em parte de sua pele branca e sua barba que começava a crescer novamente. As asas eram, com toda a certeza, o que mais chamaria sua atenção. Completamente negras e com pontas em alguns cantos, eram idênticas as de um morcego, se não fosse, é claro, pelo tamanho dessas.

- Parece que vai chover. - Ele sussurrou.

- E vai. - Sussurrei de volta.

Meu pai se virou para mim e me encarou com uma expressão angelical em seu rosto.

- Faz muito tempo que não o vejo.. assim.. - Falei me referindo as suas asas.

O homem deu um pequeno sorriso.

- Estou tão cansado de dançar e entreter aqueles lordes.. - E revirou os olhos. - Não tinha nem como eu subir essas escadas todas para chegar até aqui no fim da noite.

Ri de canto. Eu ainda o analisava, mas agora era por causa de suas roupas. Apesar de Auteatus em sua maioria, os povos andarem com roupas mais atuais, os reis e rainhas ainda seguiam as tradições com seus vestidos, suas botas, seus mantos, coroas.. mas agora, lá estava o rei de Lumbras com camisa de manga curta preta e calça jeans, além de descalço.

- Está tudo bem, meu filho? - Ele perguntou. - Estranhei o convite para aparecer aqui a essa hora. Você é tão.. - pareceu pensativo por um momento - tão "na sua".

Fiquei em silêncio por um momento diante de suas palavras. Logo minha mente estava repleta de perguntas.

- Quero te perguntar umas coisas.. - Sussurrei desviando os olhos dos seus para encantrar a chama no topo de uma das lamparinas.

- Pergunte. - Disse sério.

  Tenho certeza que só se passaram cinco segundos, mas eu consegui pensar desde cada um dos pergaminhos até em Miranda com nossa conversa mais cedo.

- Se tiver um segredo que acha que deve ser revelado, você o revela ou o guarda para si mesmo?

- O que é que você aprontou? - Mai pai perguntou quase de imediato.

Eu o encarei rapidamente e levantei as mãos automaticamente.

- Nada. Juro. - Respondi.

Ele ergueu uma sobrancelha.

- Então do que diabos você resolveu perguntar isso? -E lá veio a dúvida novamente se deveria continuar aquela conversa.- Você está hesitando. Deve ser alguma merda grande, mas.. respondendo sua pergunta.. não importa o que seja que tenha feito, dizer a verdade é sempre o melhor a se fazer.

Os Senhores: O Segredo De AureatusOnde histórias criam vida. Descubra agora