Capítulo 73 - Um Doce Pedido

1.3K 232 19
                                    


London Narrando - 21 de maio. Segunda.

  Eu respirei fundo. Mais uma vez.

Era fria a noite, mas o dia tinha sido de sol forte, o céu mostrava isso com suas estrelas.

Puxei as mangas do meu casaco em direção às mãos. Minhas pernas tremiam.

- Vou desligar o ar condicionado. - Disse Lyra notando meu frio.

Sorri agradecendo em silêncio a ela por ter percebido. Eu nunca fui muito do tipo que avisa quando algo está incomodando.

- E ele? - Perguntei enquanto eu me arrumava numa poltrona de pelúcia preta.

- Disse que já estava chegando. - Avisou.

  Assenti com a cabeça e encarei a paisagem dali. Eu estava diante de uma enorme parede de vidro. Era o último andar do dormitório dos lumbrianos.

- Então príncipes ficam com a cobertura. - Sussurrei pra mim mesma.

- Eles têm esse luxo. - Disse Lyra me ouvindo.
 
  Dei um pequeno sorriso.

- Eu não me orgulho disso. - Disse Henry quando o elevador se abriu.

Não me virei para encará lo. Minha respiração ficou presa quando o ouvi se aproximar e suas mãos tocaram meus ombros.

- Desculpe deixá la esperando. - Sussurrou no meu ouvido.

Meu coração bateu mais forte depois disso. Droga.

- Eu vou deixá los a sós. - Disse Lyra saindo rapidamente do cômodo.

Henry tinha me mandado mensagens nos últimos dias me convencendo a se encontrar com ele. Aceitei depois de me convencer que tínhamos que conversar mesmo. Estávamos indo muito longe com esse desentendimento por muito pouco motivo.

Ele se sentou na poltrona ao meu lado e ali pelo canto dos olhos, eu vi quando o mesmo me encarou.

- Você... está bem? - Perguntou me.

Mordi o lábio inferior.

- Sim, e você?

- Não, pois você não está sequer me olhando nos olhos. - Disse.

- Prefiro não fazer contato. - Sussurrei encarando a parede de vidro.

- A gente não vai se resolver nunca assim. - Disse. Pelo canto dos olhos, eu vi quando ele jogou as costas no acento. Parecia exausto de toda aquela situação.

Suspirei. Odiava quando os outros tinham razão e não eu. Virei o rosto e o encarei.

- Desculpe me. - Falei quase cuspindo as palavras. Henry me encarou surpreso. - Desculpe me por não ter te dado apoio quando você mais precisou. Sei como é perder alguém que amamos.

Silêncio, constrangedor silêncio.

- Eu digo o mesmo. - Sussurrou de repente. - Desculpe me por não ter te dado apoio quando você mais precisou. Eu já não sei como é ser o único de um Império que todos achavam que não existisse mais, porém posso ao menos imaginar e chegar a conclusão de que deve ser algo pesado quando se é exposto em público, ainda mais do modo como você foi.

E mais silêncio.

Encarei o céu estrelado mais uma vez.

- É isso. - Sussurrei.

- "É isso" o que? - Perguntou.

O encarei.

- Já parou pra pensar que só vamos brigar mais a partir de agora? - Perguntei baixinho. - Todos já sabem que há uma luminiana em Aureatus e já desconfiam da existência de mais luminianos. Não sei se já percebeu, mas tem gente que acredita que os luminianos vão voltar logo a esse mundo e vão querer se vingar dos lumbrianos se baseando no boato de que vocês estavam por trás do assassinato de vários de nós há dez mil anos.

- Eu não acredito que os luminianos chegarão tão longe só por causa de boatos, mas sei que vai haver intrigas entre ambos os povos. - Disse baixo.

Suspirei novamente. Talvez Henry estivesse certo, ninguém iria tão longe sem provas.

- E quanto a nós, não temos que pensar assim. Não temos que por uma separação entre nós. - Ele disse.

- Eu não sei. - Sussurrei pensativa. - Os povos estarão meio desconfiados um do outro, receosos. Você, como rei de Lumbras não deve ser visto com uma luminiana por aí. - Fiz uma pequena pausa. - O que o seu povo menos precisa agora, é desconfiar de seu próprio rei com eles.

- Você tem razão. Mas isso não quer dizer que vou ficar sem te ver. - E pegou minha mão me surpreendendo. - Vamos tomar cuidado de agora em diante até ver o que acontece.

- Estou com medo. - Sussurrei apertando sua mão. Ele me encarou. - Nessa cerimônia, haverá reis e rainhas lá por você em sua coroação. Eles vão estar assistindo a cada um dos iniciados do mês. Saber que estarão lá quando eu for anunciada...

- Eu não serei coroado, na verdade. - Corrigiu. - Eu serei anunciado como você, só que eles estarão lá porquê eu serei anunciado não só como um lumbriano, e sim também como o futuro rei. É um modo dos outros reinos já ficarem cientes de que o filho primogênito está pronto para assumir o trono.

- Ah... - Falei compreendendo suas palavras.

- Não fique nervosa. Você deve ficar orgulhosa de quem é e mostrar isso à todos. Muitos já simpatizam com você em toda a Aureatus. Não digo nada se depois que for apresentada oficialmente à todos, seja chamada para participar de programas de TV. Ficará famosa e até com fã clubes. - Disse ele sorrindo

Eu comecei a rir.

- Isso é sério? - Perguntei rindo.

- Com certeza. Será chamada como convidada para festas das realezas, pois todos vão querer mostrar que apóiam sua coragem de se mostrar para toda a Aureatus. Pode até virar uma famosa que vai ter a imagem estampada em produtos de beleza e comida.

Ri mais ainda com suas palavras.

- Eu com minha imagem estampada por aí? - Perguntei sem acreditar. - Isso seria muito engraçado.

Henry riu.

- É por isso que digo para não se preocupar. - Disse por fim. - Logo outros luminianos vão aparecer por sua causa e Lúminas começará a tomar vida novamente. Quando eu assumir o trono, tentarei trazer a paz junto com aquele que será o líder de vocês e vamos finalmente poder namorar em paz. - Ele parecia muito confiante em suas palavras.

- Namorar? - Perguntei sentindo um rubor em minhas bochechas.

- É. A gente não está namorando? - Perguntou ele.

- Eu não sei, eu... - E lá estava eu vermelha como tomate.

- Bem, se não estávamos, podemos começar agora. - Disse me olhando nos olhos. - London, você quer namorar comigo?

- Ai, céus. - Foi só o que consegui dizer em meio ao treco que eu estava tendo ali.

Henry riu.

- Isso quer dizer que sim? - Perguntou rindo.

Só consegui assentir com a cabeça.

- Então é isso. - Disse sorrindo.

- "Isso" o quê?

- Agora começa a nossa luta para manter a paz nesse mundo. Você em Lúminas e eu em Lumbras.

- Só espero que dê certo.

- Não há provas de que os Senhores das Trevas estão por trás do que houve com o Império Luminiano, então só temos que manter as coisas calmas até conseguirmos convencer os dois reinos de que não há o que se preocupar e que podemos seguir em frente.

--------------------

Uma ser conhecida como minha irmã tocou música oito da manhã sendo que fui dormir às seis. Tive q ir para o quarto da minha mãe pra dormir. O resultado foi que eu acordei faz uma hora :)

Os Senhores: O Segredo De AureatusOnde histórias criam vida. Descubra agora