Ela Nasceu...

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Nono e último mês.

- Pai eu estou bem, não preciso que me carregue para todos os lugares dá casa. - Murmuro rindo enquanto vejo meu pai revirar os olhos e me deixar sentar sozinha na cadeira.

- Ela não é uma inválida, Ricardo, deixa minha garota respirar. - Minha mãe diz jogando um pano de prato em meu pai.

Dou risada enquanto assisto, eu adoro quando minhas famílias estão juntas, adoro as picuinhas dos meus pais a cada segundo, eu não sou a única, é a forma dos dois de dizer que ainda se amam, mesmo que apenas seja um amor de amigos. Meus pais sempre foram unidos, muito mesmo, mas Ricardo não sabia lidar muito bem com suas emoções quando eu era mais nova, o que levou a separação, acho que os dois se sentiam no limite, não por minha causa é claro.

- Ela é minha também!

- Eu sou dos dois. - Murmuro antes que comecem a jogar comida um no outro.

Sara, minha madrasta também dá risada ao meu lado, ela não se importa em estar na casa da ex mulher do seu marido, assim como Brian não se importa em ter meu pai aqui, acho que assim como eu eles se divertem, eles estão rindo como se estivessem assistindo um reality show, é assim todas as vezes.

- Sel, coloca mais um pedaço de pizza para mim? - Gracie pergunta estendendo seu prato cor de rosa inseparável.

Assinto e faço o que ela me pediu, a neve lá está caindo tão lentamente, minha casa inteira já está enfeitada para o natal, eu me sinto tão feliz, animada e ansiosa, ter toda a minha família aqui somente amplia ainda mais. Meu pai havia chegado a uma semana e é incrível saber que dessa vez ele passaria o final do ano conosco, ele já está sabendo que depois que minha filha nascer eu vou morar sozinha, sei que nenhum deles concorda, ou aceita que eu já estou crescida e que posso ter meu próprio lar, mas é a realidade, preciso disso.

Assim que todos nós terminamos de comer entre risadas e picuinhas, eu ajudei minha mãe com toda a louça, Sara também, até mesmo Gracie ficou mesmo que não pudesse ajudar muito, meus dois pais ficaram na sala debatendo sobre basquete, um assunto que se deixar eles passam toda a madrugada conversando sobre. Porém assim que terminarmos tudo, eu subi para o meu quarto, não aguentava mais minhas pernas e coluna, Gracie insistiu em dormir comigo, minha mãe disse que ela não pode por causa da minha barriga, embora não tenha sido o suficiente, minha irmã parece determinada e aflita, como se o mundo dependesse dela e de estar dormindo ao meu lado. Suspiro e concordo, é apenas uma noite e eu não consigo negar nada  Gracie.

- Quer que eu te ajude a subir? - Ricardo pergunta preocupado.

- Não pai, não precisa.

- Ela faz isso todos os dias, Ricardo, deixa de ser intrometido.

- Eu não sou intrometido, Amanda, eu só quero ajudar!

- Gracie, vamos antes que percebam. - Sussurro para a minha irmã que dá risada.

Eu subo com ela, troco de roupa enquanto a loirinha corre para pegar Fuffy e colocar seu pijama em seu quarto, assim que me deito, Gracie volta, fecha a porta e corre até minha cama, eu a abraço e em questão de minutos estamos dormindo profundamente.

[...]

- Selena...

Eu ouço meu nome ser pronunciado tão distante, é como se algo estivesse me puxando, porém meu corpo se recusa a aceitar e despertar, apenas me forço a afundar no meu sono.

- Sel... Lena...

Novamente eu ouço, o que me faz resmungar, é Gracie, eu reconheço sua voz infantil e sonolenta em qualquer lugar, embora eu ainda não consiga acordar completamente, meu sono é muito grande para isso.

We Don't Talk Anymore [Jelena]Onde histórias criam vida. Descubra agora