Geoffrey observou o copo vazio à sua frente com um ar contemplativo. Era o terceiro? Talvez o quarto... Ele, que sempre foi bom com números, estava com dificuldades de recordar quantas doses de whiskey caubói tinha tomado desde que se sentara no balcão do Roger's, um bar acoplado a um posto, quase na saída de Sequim.
Ele escolheu aquele lugar para, literalmente, afogar suas mágoas porque aquele bar, por sua localização, era pouco frequentado pelos residentes da cidade. À sua volta, a maioria dos clientes eram motoqueiros de meia-idade, com bigodes amarelados e jaquetas de couro gastas, ou, então, caminheiros com olheiras pesadas, aproveitando os últimos minutos antes de voltar para o caminhão e concluir suas longas jornadas.
Sem sombra de dúvidas, ele se destacava na multidão. Era o único homem de aparência franzina, com roupas ordinárias e expressão tristonha. Roger's era o lugar em que homens se preparavam para novas aventuras, e não para reparar corações partidos.
Caroline tinha tentado entrar em contato com ele. No entanto, depois da terceira ligação não atendida, ele desligou o celular. Não queria falar com ela. Não queria falar com ninguém.
- Mais um, por favor – Geoffrey pediu, erguendo o copo vazio para ilustrar seu pedido.
O barman, que atendia pelo nome de Rusty, e possuía um torso largo e braços gigantescos cobertos por tatuagem, estudou-o de forma intimidadora.
- Tem certeza? Essa seria a sétima dose... você parece que já bebeu o suficiente – a voz grossa e direta do barman fez com que Geoffrey se sentisse tenso.
"Resolvido o mistério", ele pensou, "Eu já bebi seis doses... mas preciso de mais".
- Eu tenho certeza de que tenho dinheiro o suficiente para comprar por quantas doses eu quiser beber... – respondeu, a bebida lhe atribuindo um tom corajoso e petulante que Geoffrey sóbrio nunca usaria; muito menos contra alguém com os braços da grossura dos de Rusty.
- Não foi isso o que eu perguntei – Rusty respondeu, mal humorado, cruzando os braços em frente ao peitoral, os músculos se destacando como perigosas armas letais – Me parece, amigo, que você já bebeu mais do que o suficiente. Seria prudente continuar?
- Escute aqui, Rusty – Geoffrey bateu com as mãos no balcão – Não venha me dar sermões sobre ser prudente. Eu sou o Senhor Prudência. Sempre fui. A coisa mais louca que eu fiz foi engravidar minha namorada do colegial, e, ainda assim, fiz sempre o melhor que pude. Casei. Estudei. Criei meu próprio negócio. Sempre me esforcei para fazer as coisas darem certo. E... e... – ele balbuciou, percebendo que estava quase relatando sua biografia para um desconhecido, no meio de um bar; pigarreou, tentando se recompor – Hoje eu quero beber até esquecer tudo o que está errado na minha vida. Isso é algum tipo de crime, por acaso?
Rusty suspirou e balançou a cabeça, com ar compreensivo. Talvez mais homens de coração partido aparecessem no Roger's do que Geoffrey tinha imaginado.
- Está bem. Vamos fazer o seguinte – Rusty sugeriu – Você me deixa com a chave do seu carro e eu te dou a próxima dose por conta da casa.
- Mas e aí, como eu vou voltar para casa? – questionou Geoffrey, perplexo.
- Num táxi, ao invés de um caixão. Que tal? – Rusty se inclinou contra o balcão.
Geoffrey assumiu um ar pensativo por alguns segundos e, concordando com um aceno de cabeça, botou a chave do carro no balcão entre eles. Rusty guardou a chave dentro de uma gaveta, e, em seguida, serviu uma dose generosa para o cliente.
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Sunset BLVD. - A Emblem3 Fanfic
Fanfiction"She's startin' to get the best of me while she makes her mind up whether she wants me or Wesley" (Sunset BLVD. por Emblem3) Jennifer Collibre e Wesley Stromberg são melhores amigos desde a infância. No entanto, as coisas vêm mudando entre eles nos...