Misunderstanding

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Quando Jenny pisou dentro dos corredores do Sequim High naquela manhã, ela podia sentir que algo estava diferente. Ela não saberia dizer o que era, se estava no ar em volta dela, ou em seu próprio interior.
Caminhou decidida até o seu armário e abriu-o, já começando a escolher os cadernos e livros que precisaria para a aula daquela manhã, quando ele se recostou nos armários fechados ao seu lado, observando-a com aqueles brilhantes olhos acinzentados que ela conhecia tão bem.
- Bom dia, Wes – ela disse, sem desviar os olhos da sua missão de guardar o material selecionado dentro da mochila.
- Você não atendeu a minha ligação – ele respondeu, num tom de voz ofendido – E eu te liguei, tipo, oitocentas vezes! Achei que você estivesse com um problema sério!
- Você me ligou quatro vezes. E eu estava dormindo! – ela mentiu, porque não se sentia à vontade para admitir que deliberadamente ignorara as ligações do amigo – E, sim, eu estava com um problema. Mas eu resolvi ele.
- Sem a minha ajuda? – ele perguntou, parecendo pessoalmente ofendido.
- Sim, Wes, sem a sua ajuda – Jenny respondeu um pouco irritadiça, fechando a porta do armário com firmeza e travando o cadeado – Não é como se eu pudesse ficar sentada em casa esperando você arranjar um tempo para mim.
Os olhos acinzentados do rapaz ficaram levemente arregalados, perante a resposta arisca da amiga; no entanto, sua expressão passou rapidamente de surpresa para amuada.
- Eu não tenho sido o melhor dos amigos, não é? – ele perguntou, decepcionado.
Jenny fechou os olhos e respirou fundo, antes de finalmente observar o rosto do amigo. Como poderia ficar brava com ele, se ele parecia tão profundamente magoado com o fato de que ela estava ressentida com ele?
- Não é bem isso... É só que... – ela hesitou, procurando pelas palavras certas – Eu realmente precisava de você ontem.
Wes suspirou e entortou os lábios por um momento. Então, seus olhos se acenderam por um breve instante e ele deu um sorriso largo.
- Já sei! – disse, com o dedo em riste, desencostando-se dos armários – Hoje vai ser oficialmente o “Dia da Jenny”. Eu sou integralmente seu depois da aula e nós vamos fazer o que você quiser.
%Jennifer% estreitou os olhos na direção do amigo.
- O que eu quiser e  o que eu quiser? – ela verificou, desconfiada.
- Qualquer coisa – ele concordou, com um aceno enfático de cabeça – Sério, Jenny. Eu preciso me redimir com você – num gesto automático, ele esticou a mão e colocou uma mexa dos cabelos castanhos dela atrás da orelha, carinhoso – Não consigo suportar a ideia de você magoada comigo.
%Jennifer% não conseguiu conter um sorriso derretido que tomou seus lábios, nem conseguiu controlar as batidas desenfreadas do seu coração ao sentir o toque suave e gentil do amigo. E detestou-se por saber o que isso significava.
Estreitou os olhos e, com um tapa, afastou a mão dele do seu rosto e jogou a mochila na direção do amigo que, instintivamente, segurou-a.
- Ótimo. Você tem muito o que fazer para me recompensar – ela informou, gesticulando em direção ao corredor – Para começo de conversa, pode me acompanhar até a minha sala, elogiando tudo o que eu fizer até a gente chegar lá.
Wesley riu, mas fez exatamente isso durante todo o trajeto dos armários até a sala de Álgebra Avançada.

XxXxX


Jenny estava sentada em sua carteira, o caderno já devidamente aberto à sua frente; estava com um sorriso abobado brincando com seus lábios e apoiava o rosto em uma das mãos, enquanto desenhava flores distraidamente na borda da folha de papel.
- Vejo que alguém está bem humorada hoje – a voz de Alex ecoou ao seu ouvido esquerdo e Jenny deu um saltinho na cadeiras, sobressaltada.
- Ah, meu Deus, Alex! Nunca mais faça isso! – a outra ofegou, pressionando uma das mãos contra o seio, na altura do coração, sentindo-o bater com força contra suas costelas.
- Não é minha culpa se você estava no mundo da lua... – ela murmurou, com um sorriso oblíquo, enquanto se sentava na carteira ao lado e colocava a mochila no chão, ao lado da cadeira – Suponho que você e o Wesley fizeram as pazes?
Jenny sentiu as bochechas pinicando, mas pigarreou, tentando parecer indiferente àquele fato.
- Para a sua informação, nós não estávamos brigados – %Jennifer% respondeu, tentando manter um ar desinteressado – E eu não vejo como isso tem a ver com qualquer coisa. Eu só gosto de desenhar flores, qual é o problema?
Alex observou-a atentamente, mas, depois, encolheu os ombros com uma expressão cínica, e concentrou-se em retirar o seu material de dentro da mochila.
Jenny estava se decidindo se devia deixar o assunto morrer ou insistir nele até que conseguisse convencer Alex de que ela não estava apaixonada por Wesley, quando percebeu Grover balançando os braços por cima do ombro da morena, desesperado para chamar sua atenção.
Aceitando isso como um sinal do destino, a garota se levantou da sua carteira e atravessou a curta distância até a porta da sala, desviando-se dos demais alunos, até chegar ao gordinho que, instintivamente, ajeitou os óculos que escorregava pelo nariz batatudo.
- Oi, Grover! – Jenny acenou, animada.
- E aí, Jenny, tudo na paz? – o rapaz fez um sinal de surfista que pareceu completamente fora de contexto, para o qual a garota apenas franziu o cenho.
- Tudo. Na paz. E você? 
- Tudo na paaaz – ele deu um sorriso satisfeito – Escuta, passei para avisar que vamos fazer nosso primeiro encontro preparatório para o campeonato municipal de Álgebra hoje, na casa do Thomas. Por volta da uma hora da tarde tá bom para você?
Por um segundo, foi como se alguém pegasse o coração de Jenny e o enfiasse dentro de um triturador. 
- Hoje? Hoje à tarde? – ela ecoou, tentando encontrar alguma desculpa que fosse boa o suficiente para desmarcar o encontro de estudos – Mas... mas... hoje?
Grover estreitou os olhos castanhos por trás das lentes grossas do seu óculos, parecendo preocupado com as habilidades cerebrais de Jenny.
- É, Jenny. Hoje. E temos que nos dedicar, entende? – ele continuou, antes que ela pudesse prosseguir – Vamos chegar à competição mundial. Mas só vamos conseguir isso com muito esforço. E esse esforço começa hoje.
Sabia que aquela era o momento. Podia inventar um compromisso com os pais ou, quem sabe, matar uma tia-avó, mas observou a expressão determinada e ansiosa de Grover.
E, por mais que doesse admitir aquilo, era irracional desperdiçar um encontro de estudos do Math Addicts por causa do Wes, por mais tentador que parecesse, e por mais que ela estivesse sentindo falta do amigo e emaranhada em sentimentos confusos que ela ainda não tivera a coragem de verdadeiramente analisar.
Os Math Addicts poderiam garantir uma carta de aceitação de grandes universidades, como Harvard ou Yale. Já Wesley Stromberg, ultimamente, só lhe tinha garantido dores de cabeça.
- Hoje – %Jennifer% repetiu, infeliz – Okay.
Miserável, Jenny se arrastou de volta para a sua carteira, sentando-se com um suspiro pesado e se manteve calada pelo restante da aula.

Sunset BLVD. - A Emblem3 FanficOnde histórias criam vida. Descubra agora