Capítulo 13

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Quando cheguei na sala todos estavam em silêncio.

O Miguel parecia que iria arrancar os cabelos da cabeça enquanto Laila e Jenny choravam, Rafael estava sentado no sofá com o semblante muito sério.

– O que houve? – perguntei no tom mais inocente possível, se é que era possível.

– Lira, você vai ter que ir embora. – despejou o pai dos meninos, me deixando sem reação.

– Rafael...

–Não Jenny, ela tem que ir, quase matou os meus filhos! – as lagrimas ameaçaram a vir.

Eles tinham dito que iriam me ajudar e agora estão me mandando embora?

– Pai, ela não vai a lugar algum! – o Eydam chegou gritando assustando todo mundo.

– Ela não pode ficar mais aqui, quase te matou e o Miguel também.. – o garoto respirou fundo, e disse com a voz claramente controlada:

– Se ela for eu vou junto. –  arregalei os olhos.

– Não precisa Eydam – falei enquanto me mantinha estável –Eu sei que sou perigosa e vocês não tem nenhuma obrigação de me ajudarem. – foi a única coisa que eu consegui falar.

Miguel ia se manifestar mas  lancei um olhar repreendendo o.

Respirei fundo.

– Não se preocupem, hoje mesmo eu saio daqui.

– Lira... –  os dois começaram a falar mas eu virei as costas e saí.

Assim que cheguei no quarto tranquei a porta comecei a chorar, mas fui interrompida com batidas na porta.

– Quem é? – minha voz saiu tremida, não consegui evitar.

– Sou eu minha querida, a Jenny. – ela esperou eu ir abrir mas não sai do canto do quarto que era o lugar em que eu chorava. – O Rafael não pensou muito bem nas coisas...ele só quer nos proteger.

Como eu não tinha nada meu lá, só me levantei e abri a porta dando de cara com ela.

Respirei fundo antes de falar.

– Eu sei, ele fez o melhor. Obrigado por tudo, mas eu já vou embora, não quero causar mais incômodo.

– Para onde você vai? Sua casa... Eles estão querendo te pegar e...

– Calma – disse a abraçando. – Eu sei me cuidar e eu vou voltar a entrar em contato com você, não se preocupe.

Nós nos soltamos e fomos para a sala. Todos estavam lá menos o Eydam, Miguel estava em um canto sem emitir a mínima expressão.

– Bom..obrigada e adeus. – assim que eu terminei de falar pensei no lugar da minha mãe e fechei os olhos, quando abri estava lá novamente, no lugar que me trazia tanta paz.

Me sentei no chão na beirada da cachoeira e comecei a chorar outra vez e quando me dei conta já estava soluçando.

Todos que eu amava me deixaram, minha mãe foi assassinada, meu pai nunca demonstrou um só afeto por mim, Miguel... ele disse que era meu amigo e me deixou ir, sem nem ao menos me dirigir a palavra.

O único que me protegeu foi o Eydam, mesmo ele não tendo tido muito contato comigo me defendeu.

– Por que minha vida é assim? Eu não pedi nada disso, eu não queria. A única coisa que eu pedi todo esse tempo era para ter um amigo, alguém para conversar!

– Eu Não Pedi Para Ser Assim...

Sussurrei observando minhas lágrimas se juntarem a água.

A Única Herdeira - REVISADOOnde histórias criam vida. Descubra agora