Capítulo 4

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Três meses já se passaram desde aquele dia, minha mãe começou a me ajudar a despertar os meus poderes e até que foi rápido com a ajuda do livro de feitiços que ela me deu, pertenceu a sua avó, sua mãe e a ela mesma e agora pertence a mim. Nós passamos a meditar meia hora por dia, as coisas na escola estão como sempre, eu e Miguel estamos mais unidos do que nunca, ele se tornou o amigo que eu sempre quis mas nunca tive.

Mais um dia de treinos e aula se iniciava. Acordei 6:30 da manhã, me arrumei e desci para tomar café, minha mãe já estava me esperando com minha caneca em suas mãos cheia de achocolatado. "o meu preferido" terminei de descer as escadas, tropecei no penúltimo degrau, quase bati meu rosto no chão se minha mãe não tivesse me segurado com um feitiço ainda com minha caneca em suas mãos. Cá entre nós, minha mãe é uma excelente feiticeira.

– Obrigada mãe. – Eu disse com a voz sonolenta e com os olhos fechados pegando minha caneca.

– Lira, você me parece exausta, não tem dormido direito?

– Eu estou bem mãe, só tenho tido alguns pesadelos. – menti, eu não dormia direito, tinha vários pesadelos desde daquele dia, eu estava exausta.

– Hoje não iremos treinar, pode tirar o dia de folga só volte antes do jantar tá.

– Ok mãe, tchau vou pra escola.

Assim que cheguei lá Miguel estava me esperando, seu olhar estava triste e preocupado.

– Bom dia Lira. – disse ele abrindo aquele sorriso que contagia até a pessoa mais amargurada do mundo.

– Bom dia Miguel. – eu disse retribuindo o sorriso. – Então, porque os portões estão fechados ainda?

– Não terá aula, a escola pegou fogo misteriosamente do lado de dentro. – ele me encarou preocupado. – O que você tem? Parece exausta, seus olhos não tem mais o mesmo brilho de antes.

– Miguel, eu estou bem só ando meio cansada.

– Entendo, você quer ir dá uma volta comigo? Tipo ir à sorveteria, ou sei lá. – ele estava claramente envergonhado coçando a cabeça.

– Topo. Eu vou com você, vamos? – eu aceitei o convite dele, pude sentir minhas bochechas esquentarem, e vi as dele ficarem vermelhas.

Depois de algumas horas nós havíamos tomado o sorvete, e estamos agora em uma praça olhando para o nada, tudo que se ouvia era o barulho das crianças, e os carros na rua, até que ele começou a falar.

– Lira, eu tenho que conversar com você. – eu apenas acenei que sim com a cabeça, e ele continuou. – Nós...Nós não podemos mais ser amigos, eu vou me mudar e nossa amizade se tornará impossível.

Eu estava parada o encarando, não conseguia dizer nenhuma palavra, e sinceramente não faço idéia do que minha expressão dizia.

Senti uma lágrima quente escorrer por meu rosto, seu olhar mudou no mesmo momento, de preocupação foi para tristeza e um pouco de algo, que me parecia revolta inundarem seu olhar. Quando consegui me recuperar comecei a falar.

– Más porque? Você não pode me deixar, eu preciso de você, é meu único amigo. – eu chorava sem parar.

– Lira, entenda eu... nós não podemos mais ser amigos, nossa amizade é proibida e eu não aguentaria te ver sofrer.

– Lira!

A última coisa que ouvi ele me dizer, antes de sair correndo para longe dele. Eu chorava sem parar uma dor de cabeça começou. Quando cheguei na rua de casa meu coração quase parou com a cena que vi, minha casa pegando fogo.

A Única Herdeira - REVISADOOnde histórias criam vida. Descubra agora