A Única Herdeira - REVISADO

Capítulo 5

Eu acordei com a luz do sol batendo nos meus olhos, demorei um pouco para me acostumar. Não conhecia o lugar mas sabia que era um quarto, as paredes eram de um tom de azul marinho, uma janela mais ou menos grande, por onde o sol entrava.

Eu me sentia tonta, meus olhos ardiam e minhas mãos pareciam estar pegando fogo.

Me levantei más cai novamente na cama. Tentei me levantar de novo e dessa vez eu consegui, mas minha visão ficou turva e eu quase caí. Fui até a porta e a abri. 

Escutei vozes vindas de onde eu suponho que seja a sala, então vou até elas com passos silenciosos e para que não me vissem me escondi atrás de uma parede.

– Como você pode trazer ela para cá? – gritava um homem que eu não conhecia.

– Ela é muito poderosa e isso a torna perigosa. – disse um outro homem, um pouco mais calmo. Esse parecia ser mais novo, com quase a minha idade.

– Eu sei, mas eu não podia abandonar ela, se eu tivesse feito ela estaria morta agora. – disse outra pessoa, dessa vez eu o conhecia.

– Miguel! – eu gritei saindo de trás da parede sem me importar com as pessoas que estavam com ali e o abracei.

– Lira, você acordou. – sua voz estava como no primeiro dia de aula. – Você está bem?

– Sim, aonde eu estou? E minha mãe, ela...– eu comecei a chorar novamente enquanto ele só me abraçava sem dizer nenhuma palavra.

– Eu sinto muito pelo que você passou. – disse um, dos homens se aproximando de mim, eu recuei um passo mas Miguel me segurou. – Não tenha medo,  meu nome é Eydam, sou o irmão mais velho de Miguel. – disse ele estendendo sua mão para mim e eu a apertei.

Mais uma vez, uma sensação familiar me intrigou quando toquei sua mão.

– Um ano. Você é só um ano mais velho que eu. – os dois sorriram e eu também.

– Meus pêsames princesa. – disse o outro homem também se aproximando de mim. – Eu me chamo Rafael, sou o pai desse garoto irresponsável..

– Pare pai, ele não teve outra opção.  – disse uma menina enquanto descia as escadas, ela parecia ser mais velha que eu. – Oi você deve ser a Lira, não é?

– Sim e você é...

– Laila, a irmã do Miguel, eu sinto muito pela sua mãe, más você foi incrível . – disse ela fazendo cara triste e logo depois começou a dar pulhinhos, me fazendo rir.

– Muito bem Lai, conseguiu fazer minha melhor amiga rir, agora será que você poderia levar ela para dar uma volta? – disse Miguel com um olhar meio que suplicante para a irmã, que parecia tensa com o pedido dele me deixando mais confusa ainda.

– Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui? Que lugar é esse? E por que estou aqui? – comecei a ficar exaltada e no momento que me soltei da mão de Laila e apertei a mão de Miguel mais ainda um trovão bem alto soou lá fora, que iluminou todo o local.

– Lira, calma eu vou te contar tudo que você
precisa saber, más agora você precisa descansar, LIRA!!

Minha cabeça começou a doer muito e eu me ajoelhei no chão de tanta dor, tudo girava e imagens passavam em minha cabeça, eu via minha mãe, só que anos mais jovem. Ela lutava como na última vez que a vi, más dessa vez não era com dois homens mas somente um com os cabelos brancos e os olhos vermelhos.

No lado de fora os trovões faziam barulho tão alto que os ouvidos doíam, lá no fundo eu conseguia ouvir os gritos de Laila e Miguel, chamando o meu nome. Na medida que a batalha entre minha mãe e aquele homem, que me parecia familiar, ficava mais e mais violenta a dor aumentava.

Eu já não aguentava mais ver minha mãe lutar, e minha cabeça doía de mais, sem parar.

Nas expressões de todos via a preocupação e o medo. Não aguentando mais fechei os olhos com força, e senti uma mudança de temperatura, a cabeça foi parando de doer e eu abri os olhos, estava em uma floresta, a mesma que minha mãe me trouxe quando eu era pequena, me aproximei da cachoeira e me sentei em uma pedra, e fiquei observando a água cair.