Rebeca fez sua pesquisa para o trabalho, enquanto Aloys olhava todos os movimentos dela com atenção. Assim que terminou de digitalizar tudo no Word, mandou imprimir.
— Vem. — Levantou. — Vou pegar o trabalho.
Aloys seguiu ela para fora do quarto. Entraram no quarto quase de frente ao dela, que era o escritório de seu pai, onde ficava a impressora. Assim como antes, Aloys olhou tudo do escritório impressionado, e quando viu Rebeca pegando as folhas da impressora, ficou abismado.
— Isso era o que você estava escrevendo naqueles botões?
— Sim.
— Me ensina! Não me lembro de ter visto algo assim no livro.
— Desculpe, é muito complexo para te ensinar.
Os dois voltaram para o quarto, Rebeca deixou os papéis em cima da mesa, e sentou na poltrona, enquanto Aloys voltou a sentar-se na cama.
— Escuta — falou Rebeca —, onde você vai ficar? Já pensou nisso?
Aloys a olhou, pensativo. — Não. Não sei o que vou fazer. Só sei que preciso achar o livro.
— E se você não achar? O que vai fazer?
— Não quero pensar nisso.
— Mas precisa. Você nem sabe onde ele pode estar.
— Já chega! — exclamou frustrado, um pouco alto — ... — Olhou para Rebeca, arrependido. — Desculpe, não queria falar alto. Você sempre faz isso.
— Isso o quê?
— Fica falando coisas para me desanimar.
— Mas não estou dizendo isso para te desanimar. Estou querendo ser realista. Você realmente não sabe onde o livro pode estar, não pode não pensar na possibilidade de não o achar. Tem que pensar em outros planos também.
— Você não mudou, pelo menos. — Sorriu, parecendo um pouco envergonhado.
— No quê?
— Temos sempre essa mesma discussão. Eu sempre sou confiante, e você me põe no chão com uma batida na cabeça e fala que eu preciso pensar em outras coisas também.
Como ele pode falar assim? Achando que me conhece...? Mas eu realmente detesto pessoas que viajam na maionese, que acham que tudo vai dar certo mesmo sem ter um pingo de possibilidade de dar certo.
— Você realmente acha que me conhece?
— Claro que conheço.
— Desde quando?
— Desde quando você me achou na praça principal e me levou para sua casa. Eu era bem pequeno, mas me lembro de tudo como se fosse ontem. Seus pais me acolheram de braços abertos. E mesmo quando seu pai morreu, sua mãe nunca me expulsou.
Rebeca o olhava querendo acreditar em tudo aquilo. Ao mesmo tempo que parecia real, parecia um conto.
— Você tinha dezoito anos quando sua mãe morreu, e eu, dezesseis. E desde então só tínhamos nós dois cuidando um do outro. E eu não morri também porque você me salvou.
— Como? Você ia morrer?
— Sim. De peste negra. Você me salvou, e foi aí que me contou sobre os seus poderes, e começou a me ensinar sobre o que você fazia.
— Eu comecei a te ensinar? Mas como eu sabia dessas coisas?
— Você me disse que foi sua mãe. Ela também era bruxa, e te ensinou tudo às escondidas. Inclusive, deixou o livro para você.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Através do Tempo
FantasyUm garoto, aparentemente bem louco, surgiu no quintal de Rebeca falando como se a conhecesse e perguntando sobre um livro. Ela o acha totalmente pirado, mas conforme Aloys conta vários detalhes da convivência entre eles, começa a acreditar e, quan...