Boa leitura!
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Rebeca permaneceu sentada de pernas cruzadas durante muito tempo. Um tempo incontável. Ela tinha parado de chorar, mas depois voltou. Parou de novo, e chorou de novo. Pelo menos umas cinco vezes.
Já devia ter passado da meia noite. Rebeca não queria pegar seu celular na mochila. Não queria se mexer um centímetro de onde estava, não queria perder nada.
A essa altura, Maria já estava de olhos fechados. Não estava mais com cara de assustada, o que deixava Rebeca menos temerosa.
O tempo parecia que não passava. Não tinha como ver o céu, o que dificultava ainda mais a percepção do tempo, e nenhum dos dois se mexia. Apenas respiravam tranquilamente.
Rebeca dobrou as pernas, de modo que seus joelhos ficassem na altura do queixo. Abraçou as pernas e apoiou a cabeça nos braços, fechando os olhos. Aquele silêncio só ajudava a trazer o cansaço e sono para mais perto.
Mais algumas lágrimas escaparam antes de adormecer. E acordar sobressaltada.
Olhou ao redor, mas estava tudo igual. Aloys e Maria não haviam se mexido um milímetro sequer. Ela não sabia se havia se passado muito ou pouco tempo. Só sabia que sua bunda estava doendo de ter ficado naquela posição por tanto tempo. Cruzou as pernas de novo.
Os dois não deram sinal. E se tivessem morrido?
— Não... por favor — sussurrou baixinho, chorando de novo. — Por favor, voltem logo.
— Beca...?
Automaticamente, Rebeca inclinou o corpo para a direita, onde Maria estava. — Maria? — Ela piscou várias vezes, olhando ao redor. — Você está bem?
— Beca — cochichou. A olhou, arregalando os olhos. Sentou-se. — Beca.
— O que foi?! Não me assuste mais do que eu já estou assustada! Fala logo! — Segurou os ombros dela.
— Você não tem noção — falou como se nem ela acreditasse no que dizia. — Você não tem ideia...
— Do que?
— O livro... Aloys estava lá também.
— Lá onde?
— Eu não sei explicar.
Rebeca olhou para Aloys, depois para o livro. Queria muito saber o que Aloys estava fazendo. Levantou a mão, mas Maria a pegou.
— Não. Você não pode pegar o livro.
— Por que não? — A olhou. — O que Aloys estava fazendo lá?
— Ele me salvou do... Do... Eu não sei o que era aquilo.
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Através do Tempo
FantasíaUm garoto, aparentemente bem louco, surgiu no quintal de Rebeca falando como se a conhecesse e perguntando sobre um livro. Ela o acha totalmente pirado, mas conforme Aloys conta vários detalhes da convivência entre eles, começa a acreditar e, quan...