6.2

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O museu ficava no começo do centro, então Rebeca e Aloys não tiveram que andar tanto como da última vez que foram até lá.

No horário combinado, encontraram Maria na entrada do museu. A rua estava bem movimentada, já que praticamente a cidade toda queria ver a novidade. Fazia alguns anos que o museu havia fechado.

— Deve estar lotado lá dentro. — Maria falou, olhando ao redor.

— Se está cheio aqui fora, imagina lá. — Rebeca falou. — Será que vamos ter que pagar para entrar?

— Sim. — Maria a olhou. — Mas não sei quanto. Não deve ser muito.

— O que estamos esperando? — Aloys perguntou.

Rebeca e Maria se olharam e em seguida andaram até a fila que estava perto da cerca do museu. Aloys as seguiu.

Antes de saírem, Rebeca avisou — ou obrigou — Aloys a não ficar chamando Maria de Margareth, ou mesmo ter algum tipo de ataque histérico quando visse o livro. Por isso, Aloys estava meio quieto, mas nunca deixando de olhar para todos os cantos possíveis.

— Ele está bem? — Maria cochichou no ouvido de Rebeca quando Aloys olhou para trás.

— Sim, ele só não está falante hoje... Maria?

— Hm? — A olhou.

— ... — Olhou para o chão, pensando se deveria perguntar ou não. — Por que você... falou comigo? — Maria a olhou como se não tivesse entendido. — Digo, desde que eu cheguei, você nunca tinha falado comigo...

Maria ajeitou os óculos no rosto, parecendo pensar no que dizer. — Para ser sincera, eu queria falar com você desde o primeiro dia que você apareceu. — Deu um pequeno sorriso, parecendo envergonhada. — Mas... meus amigos não acharam uma boa ideia.

— Por que não?

— Sabe como é gente do interior. São desconfiados de tudo. Principalmente de pessoas novas na cidade, e que vieram de cidade grande. Eles não queriam que eu me aproximasse — disse olhando para baixo, como se estivesse com vergonha de admitir.

— Talvez eles tivessem ficado com ciúmes.

— Talvez. Todos os dias eu pensava em falar com você, mas de alguma forma, algum deles me distraia... Desculpe.

— Por que está se desculpando?

— Eu deveria ser menos dependente deles. Não levar o que eles falam tão a sério... Meus pais me ensinaram a não julgar uma pessoa antes de conhecê-la, e eu me deixei levar pelo que eles falavam.

Rebeca olhou para Aloys, como se ele pudesse ajudar no que falar. Ele olhava para Maria como se a entendesse, ou como se sentisse certa compaixão.

— Olha, não se preocupe. — Rebeca colocou uma mão no ombro dela. — Você acabou falando comigo, não é? — Sorriu.

— Sim. Aloys me ajudou na minha decisão. — O olhou, sorrindo.

— Eu? — Aloys perguntou surpreso.

— Foi o que eu falei, depois daquela vez que você me chamou de... — Tentou lembrar o nome.

— Margareth. — Aloys disse.

— Isso. Depois disso eu dei boas risadas lembrando. Isso só me encorajou a falar com você. — Olhou para Rebeca.

— Obrigada então, Aloys. — Rebeca riu.

— As suas ordens.

Com a conversa, eles nem repararam que estavam quase entrando. Pouco depois, pagaram suas entradas — Rebeca pagou a de Aloys — e entraram. O museu era grande e estava lotado. Talvez não fosse tão fácil achar aquele livro.

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