Quinn Fabray encarou o teto do seu quarto, perdida em alguma parte do caminho entre o tédio e a melancolia. Fazia quatro dias desde que Rachel saíra de seu apartamento e era um mistério como não surtara.
Lógico, era um martírio passar por ela nos corredores do McKinley e vê-la desviar os olhos, amedrontada e ferida, como se ambas tivessem regredido e voltado ao ensino médio. Também era desagradável ver todas suas tentativas de reaproximação serem respondidas com uma simples palavra: tempo, ora dita, ora escrita e ora, enviada por outras pessoas. E ainda mais difícil era adormecer naquela cama que parecia ainda maior e mais fria sem o corpo pequeno e quente de Rachel abraçado ao seu.
Rachel estava evitando-a, isso era claro. Mas Quinn não sabia qual era o motivo, quer dizer, no começo, era dor. Sabia que tinha ferido a morena ao dizer aquelas palavras rudes e trazendo os antigos pesadelos de Rachel de volta, mas agora, não sabia. Era mágoa? Raiva? Ódio? Quinn não sabia, aquela Rachel era tão mais forte que a Rachel que conhecera e igualmente misteriosa.
A porta do quarto abriu-se, derrubando Quinn de seus pensamentos bruscamente. Por ela entrou Sam, com uma enorme bandeja de café-da-manhã a tira colo e um sorriso enorme e animado nos lábios. Meio relutante, Quinn retribuiu o sorriso tristemente, o rapaz suspirou e, ao fechar a porta com um pé, disse:
- Bom dia, Q!
- Olá, Sammy... – Quinn respondeu com um leve tom de riso, motivado pela careta que Sam tinha na face devido à menção do antigo apelido. A loira esperou o amigo acomodar-se com a bandeja a sua frente, na cama. Quinn deu uma leve observada na quantia enorme de alimento que tinha ali e silvou, impressionada. – Não quer mesmo me contar o motivo desse bom humor inesgotável que te faz preparar todas as minhas refeições com notável exagero?
- Muito boa, Q. – Sam disse irônico, desviando os olhos da amiga e estendendo o prato de ovos e bacons a ela. Quinn acertou de bom grado, comendo uma tira de bacon e deliciando-se com o sabor. – Mas eu só vou contar da minha ida a Califórnia se a senhorita começar a me explicar direito o que aconteceu entre você e Rachel.
- Sem chance. – Quinn anunciou decidida e desviando sua atenção para o prato de ovos com bacon, fechando-se em seu mundinho particular que se tornara freqüente em sua vida nos últimos dias.
Sam, por sua vez, suspirou cansado e olhou preocupado para a amiga. Ele conhecia aquela expressão desolada, aqueles olhos pesados e vazios... Mas, principalmente, conhecia aquela inquietação nas mãos e aquele silêncio. Os anos passavam, a amizade deles se tornava cada vez mais forte, mas Quinn insistia em sofrer sozinha. Como sempre, Quinn preferia enfrentar seus problemas de forma solitária. Sam não sabia se aquilo era uma manobra defensiva para não demonstrar fraqueza a quem quer que fosse ou se era reflexo de tudo que ela enfrentara na adolescência.
Sam, completamente diferente da amiga, tinha uma tendência natural a exteriorizar seus problemas. Era comum que ele atingisse seus amigos quando sofria. E aquela era uma característica marcante, vide a forma como Quinn reagira a Mercedes há alguns meses. Sempre foi um garoto de família e família dividia as coisas quando elas se tornavam pesadas demais... E Sam queria que Quinn fosse assim também.
- Tudo bem, Q... Eu falo sobre a Califórnia. – Sam anunciou derrotado, com um sorriso de lado despojado, mas estranhamente nervoso. Quinn levantou os olhos do prato e parou de mastigar, arqueando a sobrancelha, desconfiada. A loira observou o melhor amigo tomar um gole de suco e disse em tom de desculpa:
- Não precisa falar sobre isso, eu não estou dando um ultimato.
- Mas você merece saber, além disso, não há nada demais. – Sam respondeu mais tranqüilo, roubando um pedaço de bacon do prato de Quinn. A loira olhou surpresa para ele, Sam parecia estranhamente tranqüilo para alguém que queria manter segredo. – Eu viajei com Mercedes até a Califórnia.
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Signal Fire [FABERRY]
FanfictionRachel Berry não sabia o que fazer. Nem em seus piores cenários, ela voltava tão cedo para Lima. Broadway se fora, assim como New York e todo o glamour que ela conquistara nos últimos sete anos. Ela poderia apostar que era a carreira mais curta na...