Capítulo 30: Metamorfoses reversas

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Abril de 2013 - Lima, Ohio.

Quinn já tentara se distrair, mas a ansiedade tornava a falar mais alto do que todas as suas tentativas de não pensar sobre a dúvida em seu futuro. A sua convivência com Rachel Berry estava transformando-a em uma dramática, entretanto, a loira não conseguia mais imaginar um futuro que não envolvesse Yale e o teatro. Na realidade, era muito mais do que isso, era a necessidade de sair de Lima para se encontrar e consequentemente, de desaparecer nos campus da universidade que escolhera.

Não somente desaparecer de sua família, como também, se libertar... Ainda estaria próxima a New York City e, consequentemente, de Rachel Berry. Talvez, antecipara-se em dar o passe de metrô para Rachel... Porém, ela estava irracional demais quando o comprou, assim como estava insegura sobre o que o futuro reservava para as duas. A primeira fase para o processo de aceitação em Yale fora transposta com sucesso e Quinn achava que a segunda e última fase seria o menor de seus problemas. O mais importante era mente Rachel por perto.

Ela achava tudo isso importante até sua carta de aceitação não chegar.

Quinn sabia que o prazo de entrega das cartas já passara e era justamente essa certeza que a fazia trancar-se em seu quarto durante todo o tempo que estava em casa. Ela não conseguia olhar na cara de seus pais, não sem sentir o chão desaparecer-se de seu pé e a sensação de inutilidade apossar-se de seu corpo.

O celular na cama, ao lado da sua perna, tocara mais de três vezes naquele dia, várias mensagens recebidas também piscavam na tela. A maioria delas pertencia a Santana e a Rachel. Lembrar da morena de sorriso contagiante também fez Quinn recordar-se, de novo, que aquela noite seria a despedida dela. Rachel partiria na manhã seguinte em direção aos seus sonhos e, mesmo sendo um domingo sem cartas, Quinn esperava ter ao menos uma boa notícia para que Rachel pudesse levar consigo.

Pelo menos, a esperança de que o que tinham construído seria mantido, mesmo com a distância entre New York e New Haven... Entretanto, Quinn não tinha nem a crença, ela se esgotara conforme via Rachel ir para cada vez mais longe de si e sentia seus pés cada vez mais fincados em Lima.

O arrependimento a preenchia naquele momento, ela deveria ter tentado algumas faculdades em New York e, até mesmo, em outros lugares. Seu orgulho falara mais alto quando ela pensou que era o que Yale precisava e, naquele momento, a verdade era outra. Quinn, aparentemente, não era o material que nenhuma universidade precisava.

Batidas na porta, seguidas da tentativa de girar a maçaneta trancada, tiraram Quinn de seus devaneios. A loira olhou desconfiada para a porta e ignorou, até que novas batidas e a voz de sua mãe lhe surpreenderam:

- Querida, eu e seu pai precisamos falar contigo... Você pode descer?

Quinn revirou os olhos para a o tom carinhoso e excessivamente educado usado pela sua mãe, aquele tom não a tranquilizara e sim, amedrontava. Era o mesmo tom de voz de suas piores lembranças, como o dia em que foi expulsa e as diversas discussões que faziam parte da sua rotina desde que Russel voltara para casa. A garota suspirou e fingiu não escutar, voltou a olhar para sua janela, enxergando a rua suburbana deserta naquela tarde de domingo. Através da madeira da porta, Judy suspirou profundamente e Quinn, irritada pela insistência dela e pela a ausência de resposta de Yale, resmungou:

- Tem algo a ver com a universidade?

- Sim, a sua carta chegou. - Judy respondeu rapidamente e, logo em seguida, Quinn escutou os saltos de sua mãe estalarem no azulejo do chão e, depois, descerem as escadas. A loira demorou um pouco para processar as palavras da mãe, mas quando as fez, seu corpo se moveu impulsivamente e ela desceu as escadas, correndo.

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